Questionar decisões

sobre o EP61 – questionar decisões

Movida por inseguranças, sempre questionei as minhas decisões. Não me recordo de, em algum momento, ter vivido plena com as que tomei ao longo da vida, longe de uma sombra que me aterrorizasse os pensamentos. Sempre questionei as minhas decisões. Muitas vezes, inclusive, por medo de não ter escolhido o melhor para mim. Reconheço, agora, que todas as minhas pesquisas desenfreadas funcionavam não só como procrastinação, mas também como método de garantia.

A garantia de que estava apetrechada o suficiente para seguir adiante, protegendo-me das minhas dúvidas e das dos demais.

questionar-decisoes_Carolayne-ramos_imperium-blog_congresso-botanico
fotografia da minha autoria. não usar sem aviso prévio

Nunca gostei de ser questionada pelos outros exatamente por nunca ter tido a certeza de estar onde queria estar. Chegou a altura de escolher a minha área de formação, inclinando-me para artes visuais. O objetivo era o de prosseguir arquitetura e jamais a abandonar. Só que…o meu coração nunca se fechou para a escrita. Escrevo desde os tempos em que:

  • nos incentivavam a redigir composições livre e/ou temáticas na escola;
  • desde que percebi o que era viver pequenas paixões, refletindo-as em poesia;
  • desde que aprendi que a escrita é um ótimo meio de auto-descoberta, distração e divertimento.

Escrevo, então, desde que me lembro. Como tal, o tempo foi esboçando uma dor que senti anos depois, ao não ter escolhido humanidades, rumando ao mundo das letras e da comunicação. Agregado ao medo de parecer indecisa, embora tenha sido essa a imagem que entreguei muitas vezes ao mundo, obriguei-me a acreditar que não haveria maneira de, agora, mudar de rumo académico.

Por consequência, vivi os últimos quatro anos num estado mental infernal, apegada a uma decisão que tomei aos quinze, longe de imaginar que mudar é o ingrediente da vida.

Se não mudarmos, não crescemos. Não amadurecemos. Não colorimos os nossos sonhos. Pois, sonhar é uma componente real, necessária e que torna a nossa existência suportável. Assim, quando me vi parada nos últimos meses, numa corda bamba rebelde e que, eventualmente, me atirou para o chão, comecei a decidir com certezas. Além de me ter questionado com seriedade, deixei de ignorar o que me faz brilhar o olhar.

Saltei fora de um barco, nadando para outro. Já sei para onde quero ir e mais ou menos como lá chegar. O mapa que tenho em mãos já não expressa ruas, destinos, lotes sobrepostos. Nasceu, de uma maturidade que tem vindo a brotar, uma clareza com a qual concluí de que o mapa, por si só, nunca esteve deturpado. Era eu, com ele em mãos, que o rejeitei ver pelo que era.

Portanto, devemos, ou não, questionar as decisões que tomamos?

Como é que “voltar atrás” na palavra nos molda enquanto pessoas? Vivemos, plenamente, segundo os nossos sonhos e desejos….ou somos, inconscientemente, aliciados a escolher os caminhos que parecem ser melhores? Quem somos, verdadeiramente, quando escolhemos viver as nossas vidas? O episódio da sexta passada foi sobre isto. Ainda que este texto resuma bem o que partilhei, fica o meu convite para o escutarem na mesma. Esta reflexão serve, somente, como complemento.

Entretanto, conta-me: costumas questionar as tuas decisões? Como é a experiência?♥

O que pensas sobre o assunto? Gostaria de ler a tua opinião! ♥

Scroll to Top