Escrevo desde que me recordo. Escrevo para organizar as ideias, sobretudo quando não faço ideia do que quero dizer. Faço-o pela sanidade que promete aparições, quando bem lhe apetece. Remonto esta prática aos tempos da primária, sempre que nos eram requisitadas composições acerca dos fins-de-semana ou cumprindo com os temas livres. Divertia-me imenso nessas ocasiões, e sei-o pelas releituras que andei a fazer dos cadernos da altura.
A necessidade, porém, foi escalando para as composições do amor…
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Para os poemas que fui escrevendo de todas as vezes em que gostava de alguém, que vou rasurando sempre que dou por mim apaixonada… Apercebi-me, no entanto, que os versos só se aconchegam a mim nos períodos em que, no fundo, se revelam drásticos. Ando, como tal, a esforçar-me para reverter a situação e utilizá-la a meu favor. No lugar de poemas de um coração vergastado, tenho tentado descortinar o potencial das rimas aleatórias e conectadas com emoções mais profundas, bonitas e positivas.
“Não tens de escrever só poemas de amor” – não foi por estas palavras, mas disse-me um amigo, uma vez. E ele tem toda a razão! Embora seja mais fácil para mim relatar sentimentos através da poesia, expus-me à brincadeira e, no seio de ritmos que me inspirem, arrisco-me a escrever “músicas”, a seguir a linha de pensamento dos dadaístas, a poetizar só porque sim… A liberdade ao praticá-lo é surreal!
Para além de poesia, escrevo prosa e textos soltos numa tentativa de exteriorizar partes de mim que pertencem ao mundo, de modo a criar conexões. Sei que não estou sozinha em muitas ocasiões, e tornou-se crucial fazer as pazes com isso. Afinal, recolho um certo consolo nas manchas abstratas do pensamento e que, muitas vezes, só atrapalham o modo como pretendo levar a vida.
Consigo ser e fazer imenso!…
E devo-o à escrita que me permite, assim, expandir os horizontes, dado que a escrita está vinculada à leitura que, por conseguinte, trata mais feridas do que possamos julgar. Escrevo porque, através das palavras, reencontro-me e sinto-me eu mesma. Até o partilhar, não passa de um monólogo que, conforme o estado de espírito, poderá envergar uma conotação mais, ou menos, positiva. As palavras são poderosas e há que ter cuidado com elas.
É necessário um certo engenho, partindo do princípio que todas reverberam de um certo modo. Digo-o por já experienciar esse poder. Nada acontece se não fizermos por isso, há que existir uma intenção, um confronto contra a inércia… Contudo, palavras não deixam de ser gestos da comunicação e que nos afetam diariamente! Assim sendo, escrevo por reconhecer que dentro de mim, habitam diversos modos de fazer acontecer e a chave mestra são as palavras.
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