LIVROS | “Tales from the coffee”

Ter viajado pelas páginas do “Tales from the coffee” (*) foi como que revisitar uma memória de infância. Digo-o pela quantidade de vezes em que o autor se repete com a descrição do interior do café, sob o ponto de vista de novas personagens e cujo contacto é noviço naquela cápsula do tempo. Penso que retirando essas recorrências, que se tornam um tanto excessivas, conectei-me muito mais às quatro histórias desenvolvidas.

Primeiramente, se a repetição é uma forma de nos ligar ao aborrecimento das personagens que, também elas, reviram os olhos de todas as vezes em que as regras são citadas, fica a nota de que o autor conseguiu o que queria. Por outro lado, empatizei muito mais com elas pelas emoções que são colocadas em cima da mesa.

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Toshikazu explora o luto, a perda, os amores suspensos e a apatia com muita delicadeza, transparecendo-o na simplicidade narrativa.

Contudo, que não nos deixemos enganar. Tal como disse na review do primeiro livro, sinto que a mesma tem sido muito negligenciada nesta fusão com o digital. Daí que, agregado às sensações de leveza e alienação que a leitura, por si só, proporciona, livros deste carácter aprofundam ainda mais esse sentido de conexão com a história.

A simplicidade, característica da cultura japonesa, foi o que me apaixonou nesta proposta. Além do cenário ser sempre o mesmo, tendo-se o autor poupado na imaginação, o que o sustém são os fluxos de pessoas. Todas elas, como vamos a descobrir, percorrem os seus caminhos em busca de uma só coisa e que apenas o Funiculi Funicula oferece. Uma viagem no tempo, mesmo que lhes seja assegurado de que não poderão alterar o presente.

Então, porque o fazem?

Foi com isto em mente que saltitei de capítulo em capítulo, numa ânsia de compreender as intenções de cada viajante do tempo. Todos eles são filhos, amantes, irmãos, amigos, pais, vizinhos. E todos, de uma maneira ou de outra, habitam em cada um de nós. Assim, quando me cruzei com as suas motivações, revi-me em todas as palavras. Se antes não me imaginaria a viajar no tempo, agora confirmo-o, ciente de que nada mudaria. Exeto, obviamente, o que carregaria no coração.

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