Os dias têm ficado cada vez mais frios e tem anoitecido cada vez mais cedo. A brisa que se cruza no interior do corredor já não carrega aquele odor adocicado, mas antes um aglomerado de sensações místicas e que facilmente associamos à chegada do outono. Seja pela antecipação de um dia de chuva, à limpeza ou frescura do ar. As velas acendem-se, no fundo escuta-se lo-fi jazz e, nas mãos, uma chávena aquece-nos o espírito.
De certo modo, os livros que ficaram por explorar no verão aconchegam-se aos nossos pés e damos, assim, início a uma etapa de introspeção, auto-reflexão e cuidado. Redobramo-la, digamos assim. Despertei não só com a diferença de temperatura à qual estou habituada pela manhã, como com a cabeça organizada e o foco em chamas. Mal tomei consciência de onde estava, soube que choveria. Dito e feito.
Confesso-me mais adepta da produtividade e criação artística quando o tempo convida a estar em casa.
Caso contrário, a minha cabeça viaja para os passeios à beira-rio, aos cafés e bebidas frescas na esplanada, aos raios de sol e que me colocam a pele mais torrada. Por outro lado, reclusa aos meus pensamentos e desejos, palpita-se-me, então, um outro modo de praticar a solitude. Estou, desde que a vida se transfigurou para todos nós, a exercitar diversos modos de estar comigo mesma.
Já não me consigo ver a deixar o tempo correr, sem que faça proveito dele e beberique de algumas lições. Não gosto de estar parada. Faz-me espécie. E aludo à inércia como sendo algo generalizado. Já vos tinha confessado isso, inclusive, neste artigo. Crónica. Publicação. Nunca sei que nome dar aos textos que escrevo. E com o lençol de conforto que se estende sobre as nossas rotinas, como ficar indiferente à potencialidade de uma nova rotina, num ano completamente atípico?
SUDOKU, SOPA DE LETRAS OU QUALQUER OUTRO EXERCÍCIO MENTAL FORA DO DIGITAL
No verão do ano passado, tomei a decisão de comprar dois livros de sudoku, para assim o começar a fazer com mais frequência. Associo-os aos momentos em que a DICA DA SEMANA ainda existia e dedicava umas páginas aos jogos criativos e de lógica. Para além do mais, torna-se prazeroso desligar-me de tudo e concentrar-me na minha evolução, enquanto teço ene maneiras de resolver cada tabela de números. Para além de me obrigar a estar mais off, ajuda-me a organizar as ideias.
DANÇAR
Nem precisaria de cá vir desenvolver este ponto. A atividade, por si só, é esclarecedora. No entanto, não quero deixar de pontuar a importância que ela desempenha no meu quotidiano, acreditando no seu potencial, na tua rotina. Já estão mais do que comprovados os benefícios da dança, não só pelas questões químicas inerentes ao corpo, quanto pelo facto de ser um dos exercícios físicos mais completos.
Para além do mais, trata-se de um veículo de auto-descoberta, por nos convidar a explorar outros meios de comunicar o modo como nos sentimos perante um estímulos musical. E não só! Descobrimo-nos capazes de produzir um movimento novo todos os dias, assim como a nossa sensualidade e que em nada tem de estar vinculada à sexualidade! Convido-te, então, em fazer da dança uma atividade para praticar a solitude!
APRENDER UMA RECEITA NOVA. OU DESENVOLVER UM NOVO SKILL.
E quem é que não gosta de se divertir com novas receitas? Eu, pelo menos, adoro meter-me na cozinha, com a perspetiva de aperfeiçoar os meus skills culinários. Seja para a ementa semanal, ou para uma ocasião pontual, energia para cozinhar nunca me falta. Conjuntamente, não fico indiferente às oportunidades de explorar novas capacidades, seja a criar velas, coser cadernos, ou a pintar com café. Gosto de me oferecer a oportunidade de, na minha agenda, ter um bloco no qual abandono a minha zona de conforto!
LER POR LONGAS HORAS
Eis algo que não pratico há imenso tempo, e nem imaginas na dor de cabeça que se torna de todas as vezes em que me relembro disto. Há imenso que não me dedico, exclusivamente, à leitura e creio que se deva ao facto de estar tão habituada a fazer mil coisas – e que, por vezes, constituem num grandessíssimo nada! -, e não querer perder o fio à meada. Não sei de onde é que se me surgiu este pensamento erróneo, mas estou disposta a mudá-lo. Quem sabe, ainda hoje, dedicar-me-ei a longas horas de leitura!
PREENCHER UMA TELA, ENQUANTO SE ESCUTA MÚSICAS OU PODCASTS
Pinto quando qualquer outro veículo de expressão ao qual estou habituada não me consegue remover todos os resíduos de ideias, pensamentos ou sentimentos. Pinto quando estou a transbordar, nas ocasiões mais aleatórias, mas que ainda assim, dão lugar a um canto mais colorido e enfeitado. Trata-se de uma conexão que não me cabe a mim decifrar por completo, pois, correria o risco de arruinar a película ilídica que associo às tintas, às telas, ao desconhecido e que me reflete nas minhas pinturas. É belo e aconselho!
MEDITAR
Hás de te cansar de me ler/ouvir referir a meditação, mas não quero, de modo algum, que a deixes passar para o fundo da lista – contradizendo, então, o que fiz nesta publicação! -. Por ora, não há muito mais que eu possa acrescentar, para além do que já tinha expressado tanto no podcast, quanto pelo blogue. Convido-te, sem dúvida, a explorar os meus conselhos e dicas. Quiçá, converter-te-ei sem te dares conta! Todavia, se preferes uma alternativa à “usual” meditação, sempre podes reservar mais tempo aos pores do sol, ou no apontamento de pensamentos mais profundos, sem aludir aos filtros do quotidiano.
2 Comments
Andreia Morais
17 de Setembro, 2020 at 18:48Dançar e ler são duas das atividades que mais adoro nos meus tempos de solitude. Além disso, escrever, fotografar e ver séries são outros exemplos. Este ano, tenho-me aventurado um pouquinho mais na cozinha, mas mais direcionada para a doçaria :p
Carolayne
17 de Setembro, 2020 at 23:41Viva à dança! ??
Também tenho descoberto umas receitas geniais e deixa-me mesmo contente quando saem bem eheh