DICAS PARA SE COMEÇAR A MEDITAR

Sem dúvida, certas decisões impactam positivamente na nossa rotina. A 5 de outubro, vai fazer dois anos que comecei a meditar pela primeira vez. Desde então, posso garantir que muitos aspetos da minha estadia na terra se têm dividido por trilhos íntimos que eu jamais julguei possíveis. A cada dia, em sessões compreendidas entre os 10 e os 15 minutos, comprometo-me a praticar a desconstrução de filtros e que em nada me beneficiam no quotidiano.

Há quase 731 dias, bati nas portas do meu coração, da minha mente e espírito, iniciando um processo de auto-descoberta inexplicável. Jamais serei capaz de, numa só publicação/episódio/convívio, enumerar as conquistas feitas desde então, sobretudo pela complexidade inerente à nossa existência. A maior de todas tem sido aprender a respirar, conciliando-a com as tarefas do dia-a-dia. Saber respirar, meus caros, é a resposta universal que, em diversas ocasiões, poderá solucionar problemas de carácter impossível.

Se, outrora, o sentimento de atribulação era o que eu encarava como o meu estado normal, atualmente, é quando me sinto desequilibrada que reconheço que algo não está bem. Esta serenidade que me preenche e se transpõe no olhar, nos gestos, no sorriso, isto sim é o que invoca camadas de uma intuição que desconhecia, de uma amizade pessoal que me permite aceitar o amor dos demais. Queria eu, genuinamente, que todos em redor do mundo pudessem sentir o gosto, mesmo que de rasgão, do que é carregar no peito tamanha sensação de amor pela vida.

De aceitação. De confiança, não obstante os desafios! Não me tornei ingénua, apenas aceito a minha vulnerabilidade perante as ofertas e recolhas das minhas ações, utilizando-a como uma oportunidade para recolher do desconhecido um conjunto de aprendizados.

Tudo o que eu puder fazer, efetivamente, para contribuir para isso, farei. Daí, aqui vos apresentar uma pequena lista de dicas que compilei e que nada mais são do que alguns dos meus aprendizados. Nada é certo e nem tudo se adequa, na mesma medida, aos demais. Portanto, o segredo será sempre o de saber adequar qualquer dica à nossa intenção.

Não exijas mais do que consegues fazer, inicialmente.

Há uma tendência para nos comprometermos a realizar certas atividades nos mesmos parâmetros do que os outros, contudo, isso é perigoso. Nunca nos devemos esquecer de que a prática conduz ao aperfeiçoamento das nossas destrezas, daí a importância de sermos humildes e enxergar, inicialmente, o nosso patamar atual. A meditação é como qualquer outro exercício direcionado ao corpo, isto é, conforme as sessões, a nossa mente vai-se expandindo e aceitando cada vez melhor as sessões mais longas. Muita calma e paciência!

Estabelece objetivos concretos e num prazo adequado às tuas rotinas.

Por que desejas começar a meditar? Para amenizar o stress, para entender a origem da ansiedade? Para te conheceres melhor? Preferirias meditar em que momento do dia? Assim que acordas? Antes ou depois do pequeno-almoço? Nos transportes, a caminho da escola/trabalho/casa? Ou o melhor horário seria antes de dormir? Existem infinitas possibilidades, desde que se moldem às tuas rotinas atuais! Se, por acaso, acontecer teres de reestruturar a tua agenda para melhor, porque não?

Experimenta meditar em vários sítios da casa, em horas diferentes, até encontrares o teu spot!

O meu lugar de eleição é o meu quarto. Inicialmente, meditava sentada na cama. Depois, tentei fazê-lo no chão. Contudo, atualmente, medito deitada na esteira do yoga, com as luzes apagadas, uma velinha e incensos. Começo por alongar na postura da montanha (tadasana) até alcançar o shavasana (a postura do morto/relaxamento), permanecendo aí nos restantes minutos da sessão. Há dias em que cumpro com os 15 minutos, outros em que fico um pouco mais, dependendo do que o meu corpo pedir. Outro aspeto da meditação é que, com o tempo, aprendemos a respeitar e a escutar as vozes interiores!

Complementa as meditações com o journaling!

Eis uma dica de ouro e que tem revolucionado as vozes da minha mente. Desde miúda que faço uso de diários, mas só muito recentemente é que lhes comecei a dedicar mais tempo e palavras. Se aponto pensamentos antes ou depois da meditação, depende do quão eletrizantes estiverem. Se eu me vir capaz de meditar com a cabeça preenchida, permito-me à limpeza da mesma. Caso contrário, escrevinho as preocupações, os detalhes do dia, os meus desejos, terminando deitada e relaxada.

É particularmente interessante quando começo por registar certas emoções, medito e teço comparações com o que conquisto após avaliar o que realmente se estava a passar naquele momento. Existem dias em que ocupo páginas com desabafos, e outros em que nem metade da folha ocupo. O importante, também, tem sido registar afirmações e que ressoam positivamente na minha auto-estima, no sono e no dia seguinte!

Informa-te junto de pessoas que já tenham este hábito enraizado e trabalhado.

Não somos nada sem os que nos rodeiam, essa é que é a verdade. Não me refiro ao sentimento de dependência, mas sim ao de trabalho em equipa. Estamos onde estamos porque alguém teve uma ideia que exerceu um efeito dominó nas demais, estimulando o progresso. É tão importante quando reconhecemos não perceber peva de um determinado assunto e nos manifestamos junto dos que nos poderão auxiliar!

Não tivesse sido pelos conteúdos que por norma consumo, e eu jamais me teria sentido instigada a investir na meditação! Não tenho muitas pessoas próximas que a pratiquem diariamente como eu, mas deixa-me imensamente feliz quando me pedem conselhos e dicas sobre a atividade. E eu sei que fazê-lo, seja em que área for, também os deixa realizados. Praticar a curiosidade não tira pedaço!

Pôr do sol à beira rio, com dois barcos a flutuar. Na linha do horizonte, árvores em silhueta e que dividem a paisagem entre o céu em degradé e o seu reflexo na água. Remete a um estado de meditação e serenidade.

Não tenhas receio de errar. Não há um modo correto de meditar. Cada pessoa com o seu estilo.

A meditação não se deixa conduzir por regras. A meditação não se resume ao ato de nos sentarmos, cruzarmos as pernas, fecharmos os olhos e aguardar alcançar um estado de nirvana automático. Não. A prática da meditação encontra-se em todas as coisas: nos momentos de leitura, nos momentos de dança, no banho, nas sessões de música. Nos passeios no jardim, praia e arredores. Na partilha do silêncio, na solitude conjugada. Meditar nada mais é do que praticar o estado consciente, perante um determinado gesto.

E o melhor modo de medirmos essa consciência é com a respiração. Quantas vezes por dia é que sentes o teu diafragma a funcionar? Os sons em teu redor? Os odores, os detalhes das cortinas? Estar consciente é abstrairmo-nos do que vive em nós, sem o negligenciarmos. É aceitar a sua existência, influência e desejos, sem que nos atrapalhe. Estar consciente é coexistir com tudo o que nos pertence intimamente, exercendo um certo poder sobre as suas trocas. Se cada qual é diferente pelas suas características, naturalmente, as suas meditações corresponderão com a sua personalidade!

Não te fiques pelos 5 ou 10 minutos diários. Tenta aplicar os aprendizados da meditação ao longo do teu quotidiano!

No seguimento do ponto anterior, após as primeiras sessões, tenta compreender em que outros momentos dos teus dias é que te sentes mais tens@, desconectad@, uma necessidade imensa em te refugiares. Assim sendo, tenta conciliar minutos de respiração consciente com as tuas frustrações e prometo que ficarás mais relaxad@!

Sê cordial e compreensiva(o) contigo mesma(o)

Nem sempre correrá bem. Nem sempre te apetecerá. E está tudo bem! Estes exercícios ajudar-te-ão a compreender as etapas das tuas necessidades e emoções, tal como a importância da disciplina e cordialidade individual. É exatamente nos dias em que te parecer impensável, que te deves sentar e avaliar as razões por detrás daquela cortina de preguiça/negatividade/pessimismo/etc. Se pretendes evoluir diariamente, faz parte do processo teres de confrontar os teus demónios!

Não te aflijas com as reações do teu corpo. Se te apanhares a chorar, a ter sono, a gargalhar, deixa-te embalar e apreende o que é que o teu corpo e mente te querem comunicar.

Somos uma construção de todos os aspetos com os quais nos vamos cruzando ao longo da vida. Inevitavelmente, recolhemos lições, traumas, espasmos de felicidade, gratidão, leveza, etc. Na correria do dia-a-dia, nem sempre é possível ambientarmo-nos ao que habita em nós, muitas das vezes negligenciando a nossa verdadeira essência. Deixamo-nos conduzir pelo orgulho, pela teimosia, pelos objetivos que, muitas das vezes, nem nos pertencem, permitimos que o nosso ego dialogue por nós.

Assim que nos dedicamos à meditação, tudo o que fomos reprimindo vem ao de cima, logo, estamos propícios a sofrer uma descarga de estímulos invulgar. É natural que dês por ti numa zona de perigo eminente no teu inconsciente, mas nunca te esqueças que estás perante a oportunidade de entender a razão de aquela zona ser proibida para o teu consciente.

Vais-te cruzar com memórias há muito arquivadas. Respostas surgirão rastejando, outras a uma velocidade indescritível. Mas és tu quem controla o compasso da tua viagem. Acabarás por curar inseguranças, rancores, ofensas pessoais. Tornar-te-ás na/o tua/teu melhor amig@! Leve o tempo que levar, é com bastante persistência e resiliência que, quiçá, estas palavras te farão sentido!

Para os que nunca meditaram, espero que estas dicas vos ajude! Para os que já a praticam, contem-nos as vossas dicas! ♥

2 thoughts on “DICAS PARA SE COMEÇAR A MEDITAR”

  1. Adorei os teus conselhos, comecei a meditação para me acalmar e tem-me ajudado imenso. Tenho um diário de emoções que me ajuda a compreender mt coisa.

O que pensas sobre o assunto? Gostaria de ler a tua opinião! ♥

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