Os momentos de convívio trazem-me paz. Não uma de carácter momentâneo, mas uma paz que colho, posteriormente, no cantinho da minha casa, no aconchego da minha existência, na minha própria companhia. Todos enfrentamos um processo de crescimento, de evolução. Uns apercebem-se disso, a outros ainda falta despertar e reconhecer as nuances da sua jornada e todos os desafios que lhes são inerentes. Porventura, é natural haver alguma resistência, afinal, integra a nossa natureza ativar o muro de proteção contra energias fora do nosso comum.
A isto pode-se denominar de “preconceito”.
Tem sido inevitável praticar a reclusão. Anormal seria se desafiássemos a nossa consciência e prejudicássemos todos os esforços dos últimos tempos. No entanto, quando é possível encaixar uma tarde com um número restrito de pessoas do meu coração, torna-se crucial relembrar a importância de eu ali estar, aplicar todos os cuidados possíveis, e nunca esquecer de aprender. Aprender quais os meus limites, aprender quais os limites dos demais, estudar como aplicar esses aprendizados no quotidiano e proteger o que me é de mais genuíno.
Desacelerar.
Exatamente a palavra que se adequa.
A expressão com a qual tenho vindo a pincelar todas as decisões que tomo, todos os sonhos que alimento, em todas as ocasiões nas quais pratico a gratidão. Tive um vislumbre de um cenário no qual, jamais, gostaria de estar… Embora, algures, e sem saber ao certo o que me esperaria, eu tivesse almejado ser a protagonista daquela peça de teatro. Felizmente, não o sou e penso nunca me ter sentido tão feliz e plena por um não que me foi estampado em jeito de selo, nas inúmeras declarações que fiz.
Cada vez mais, tem surtido efeito contemplar de mente aberta, a positividade dos “nãos” que me acompanham na minha jornada. No momento dói. Corrói e até destrói. Mas as sementes, também elas para se transformarem em bonitas plantas, passam pelo processo de destruição. E essa mesma destruição não tem, necessariamente, de carregar em si uma conotação aterradora, de sofrimento. O progresso implica a substituição e melhoramento de certos aspetos, por muito incomodativo que seja.
E aceitar, questionando, torna o processo mais leve e claro.
Sei-me capaz de abraçar a vida, por já ter feito as pazes com tudo o que ela me trouxe. E estas pequenas lembranças das ocasiões em que tudo eram dúvidas, são como que uma breve carícia no meu rosto, a reconfortar-me pela força que fui capaz de conquistar intimamente. Digo-o e faz sentido, para mim, que o repita: eu estou onde tenho de estar, de modo a que me seja possível progredir!
E por muito que eu dê a sensação de carregar uma mente de ideias instáveis, cuja dificuldade de assentar pareça impossível, a verdade é que isto sou eu a experimentar a pessoa que sou, a compreender o que é que me faz sentido, a fazer testes de cor, textura, odor, sabor. Isto sou eu a escavar todo o potencial que eu preservo, que eu acredito possuir e que merece, sem dúvida alguma, florescer. Os momentos de convívio trazem-me paz…
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Quando é Chegado o Momento de Dizer Adeus | imperium blog
8 de Dezembro, 2020 at 17:14[…] importam, vivem dentro de nós. Precisamos, somente, de as estimular, seja através da solitude, de convívios, de passeios pelo jardim ou à beira-mar. Consequentemente, o nosso corpo passa a vibrar perante […]