Crescer com uma ideia desfasada do que se pretende de outras pessoas consegue arruinar todo o castelo de expectativas que vamos montando, até despertarmos dessas fantasias. Tenho por hábito afirmar que “sem expectativas não há desilusões”, por conseguinte, é com isso em mente que acordo disposta a melhorar a relação que travo comigo mesma, impondo limites e espaço de ação em nome de conexões que vou alinhavando, diariamente.
Dizer que nunca estive numa relação amorosa, que nunca tive um namorado, que percebo zero da prática do sexo, nunca me fez comichão, aliás, sempre compreendi que cada pessoa tem a sua jornada por cumprir e que para nos atirarmos a tamanhas responsabilidades, mais vale amadurecermos a nossa essência e interpretação do mundo. Contudo, não nego nunca me ter questionado das razões de, até ao momento, ainda estar solteira.
mantermo-nos fiéis à nossa essência conta muito mais…
Compreendo que uma relação não surja só porque sim, baseada em conceitos vazios e objetivos nulos – pelo menos, não é isso o que desejo para mim -, porventura, não me isento das minhas responsabilidades. Sei que a impressão que deixo depende daquilo que pretendo mostrar, apesar de nunca modificar ou omitir traços da minha personalidade, desejosa de poder enquadrar nas graças de cada um. Abomino falsidades e até me sinto indisposta de colocar a possibilidade de ser menos eu, apenas porque sim.
…mas faz parte da arte de sedução deixar a desejar
Obviamente, não dou tudo de uma só vez, mas também não ofereço uma amostra superficial do que carrego no peito. Já coloquei em causa muitas das minhas características, culpabilizando-as pelo facto de nunca ter tido um parceiro romântico. Felizmente, crescer e explorar o meu potencial não só como pessoa, mas principalmente enquanto mulher negra, afastou-me da tendência ingrata de me indagar, por duas ou mais vezes, se eu estaria a fazer algo de mal e que trouxesse, como consequência, nada mais do que mais um dia enquanto solteira.
como gravar acerca deste tema ajudou-me a lidar com ele
Já me deprimi imenso com este assunto, doravante, estou-me a tornar numa outra versão de mim, de todas as vezes em que me encaro no espelho e o meu olhar brilha por cada detalhe que enxerga de si mesmo. Acima de qualquer desejo exterior, a nossa auto-confiança tem de nos permitir sentir, desejar e lutar pelo que encaixa, verdadeiramente, connosco. Foi neste registo que se fez o décimo episódio do Congresso Botânico, um episódio no qual reflito sobre estas minhas preocupações, sobre sempre ter sido eu a correr atrás – embora, por muitas vezes, desnecessariamente! -, acerca das minhas conquistas.
5 Comments
Andreia Morais
22 de Maio, 2020 at 15:22Obrigada por esta publicação! Revi-me tanto, mas tanto ♥
Tenho que ir ouvir o episódio
Carolayne
22 de Maio, 2020 at 16:44Eu é que agradeço! ♥️ Saber que há sempre quem se identifique, inspira-me a deitar cá para fora! Eheh bom episódio, espero que gostes!
Mary
25 de Maio, 2020 at 13:47Cada pessoa tem o seu tempo, a sua essência e não temos de ir todos pelo mesmo caminho, não é?
Não sabia que tinhas um Podcast, mas vou seguir e ouvir com atenção <3
Carolayne
25 de Maio, 2020 at 15:46Ora nem mais! Temos de aceitar que casa um tem o seu tempo e que, quando for a altura, acontecerá! Dentro de nós, sabemos sempre o porquê!
Muito obrigada! 😀 Espero que gostes! ♥
A Auto Confiança da Mulher Que Se Descobre Negra | imperium blog
16 de Outubro, 2020 at 18:57[…] quisesse partilhar uma história romântica comigo. Tudo porque, sem dúvida e, tocando na ferida, nunca pensei que a minha negritude pudesse ser alvo de apreciação; jamais concebi a ideia de poder chamar alguém a atenção, quanto mais… Daí, ter-se-me […]