Será que conseguirei escrever a retrospetiva de 2023 até ao final da semana? Só vou saber fazendo. 2023 foi um ano bagunçado, rico em experiências diversas, muitas aventuras, mudanças e conquistas. Se em 2022 excedi os limites da minha ansiedade, sentindo sintomas absurdos que me conduziram diversas vezes ao hospital, 2023 foi mais gentil comigo.
Apesar de ter vivido ao rubro tudo o que a minha dismorfia corporal me poderia ter oferecido, sinto que me permiti descansar, de modo inconsciente, devido aos sucedidos que mencionei. Deixei-me dormir imensas vezes até mais tarde, aderi a atividades que não só saíam da minha rotina, como se tornaram em favoritos – mencionar a descoberta das jam sessions de jazz nas noites de quinta-feira -, apaixonei-me mesmo quando prometi, numa terça à tarde de chuva, que não voltaria a fazê-lo…
Por consequência, tratei de muitas feridas do coração, enquanto me abria a um universo totalmente novo no foro do amor.
Ainda que não tenha sido totalmente mútuo, mais não seja pelos objetivos de cada um, foi uma história que pincelou de cor o que, para mim, era um assunto enterrado…. Viajei para lugares novos, destinos não planeados e que, talvez por isso, tenham sabido ainda melhor. Confesso que não repetiria uma das viagens, sobretudo nas condições em que foram….contudo, continuo grata pela experiência a que fui exposta.
Conheci muitas pessoas, dei uma pausa no meu processo terapêutico, troquei de ramo profissional, fui despedida sem que ainda perceba os porquês… Quem sabe se o melhor não será não compreendê-lo de todo! Fui à praia como me apeteceu, menos do que as que poderiam ter sido, mas ainda assim consegui passar bons momentos por lá. Aliás, foi numa dessas idas que decidi voltar a estudar, num mestrado e faculdade completamente novos, dentro dos temas que sempre me interessaram.
Hoje, pese embora a quantidade de textos que estou a consumir e a elaborar para entrega, faço-o com a tranquilidade de quem está completamente enamorada pelo curso que frequenta….pelos professores que tem….pelos colegas com quem tenho a oportunidade de trocar ideias absurdas de tão boas!…. De facto, faz toda a diferença escolher caminhos que sejam compatíveis com os nossos corações, mesmo que isso implique uma ampla consciência de que felicidade não é sinónimo de facilidade.
Muito pelo contrário.
Os caminhos mais difíceis, tenho chegado a essa conclusão, são os que não vêm com um mapa pré-feito, com as indicações dos demais, atrelados a críticas, questionamentos, estranhamento…. Fatores que se vão acumulando, levando a que nos afastemos do que, outrora, significava casa para nós. Seja lá que forma tiver! Em 2023, voltei a pintar, consegui um atelier onde posso operar sem limites, dei workshops, rasurei alguns projetos e parcerias, ganhei dois sorteios ligados às artes….
Sem querer, cruzei-me com a minha criança interior numa das minhas esquinas, que me chamou com um sorriso no rosto, curiosidade em explorar as tintas e telas com a minha maturidade e experiência, resultando numa parceria que tem gerado os seus frutos. Tornar-me freelancer, digamos assim, trouxe os seus desafios, sobretudo de foro financeiro. No entanto, sou uma sortuda por dispor de pais que acreditam nas minhas loucuras, mesmo preocupados com os seus desfechos.
Quando todos começámos a observar as primeiras colheitas, demos mais ênfase aos meus investimentos que, de um modo geral, têm-me aberto portas inimagináveis. Às vezes, compensa ser delulu! De igual modo, participei de uma exposição coletiva na residência artística onde tenho o meu atelier, recebi algumas encomendas, vendi peças que não estavam nos planos….
Saboreei o poder de me focar essecialmente nas minhas vontades.
Nos meus sonhos, nas minhas ambições, sem pesar o impacto que teriam nas minhas utopias românticas. Foquei-me em mim por mim, pelo prazer de chegar ao final do dia satisfeita com o meu crescimento, as minhas descobertas e ousadias perante uma tela, uma folha de papel, um ecrã. Também em 2023, criei uma newsletter chamada Notas Soltas, atualizei a minha galeria online e fui mais consistente com o Congresso Botânico, alcançando os 94 episódios!
Criei a “Rubrica do Sexo”, que já conta com três convidados, e planeio dar-lhe continuidade em 2024. Adotei o meu carro como estúdio ambulante, admiro-lhe a acústica e conforto, não posso negar. Por outro lado, debrucei-me pouco no parapeito da janela para ver o pôr-do-sol, sentir o odor do ar, sem pensar em nada. Desafio-me a fazê-los mais vezes daqui adiante!
Sem dúvida que preciso de mencionar as pessoas que revi, numa lufada mais forte da amizade que julguei perdida. Soube bem ressignificar o conceito de casa nos seus braços, enquanto juntava cacos das quais elas não fazem ideia. Mal posso esperar para as juntar em redor da minha mesa novamente!
Há tanto mais que poderia pôr por escrito, só que isso implicaria quebrar um pouco da magia dos acontecimentos. De qualquer forma, não sei se seria capaz de traduzir em palavras a essência de tudo o que senti em 2023. Venho um pouco assoberbada pela intensidade das mudanças, dos apertos do peito, das dúvidas e medos, que se iam amenizando consoante alguns desfechos.
Acredito piamente que 2024 promete muito mais, embora não saiba descrever como.
Uma garantia tenho: enquanto aceitar a responsabilidade do que posso controlar, farei o que estiver ao meu alcance de modo a concretizar os meus objetivos. O resto virá por acrescento. Para conheceres os meus favoritos e percurso ao longo de 2023, lê as retrospetivas mensais!
JAN | FEV | MAR | ABR | MAIO | JUN | JUL | AGO | SET | OUT | NOV
Entretanto, conta-me: como foi o teu 2023? 🩷
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