A criança interior

a criança interior”, originalmente escrito a 22 de junho de 2023
sessão fotográfica por @millesphotos

O que tenho feito de mais interessante, ultimamente, tem sido desenhar. Pintar, conectar-me com o meu lado artístico. Hoje, por acaso, não preparei nem avancei com nenhum esboço. Acordei relativamente cedo em comparação com as últimas semanas – o que é uma vitória para mim! -.

Fiz uma caminhada de 1h e tal, parando no dentista para uma avaliação. Felizmente, está tudo bem. As minhas dúvidas foram respondidas, o que me traz bastante descanso! Acho apenas curioso como para termos acesso a algo gratuito, é necessário pagarmos por, pelo menos, um dos serviços.

O que, no fundo, leva a que o gratuito não seja assim tão gratuito.

Comecei a questioná-lo aquando de uma campanha do Lidl. Achei piada ao facto de, para ganharmos 5€ de desconto, teríamos de gastar uns 100€… Desde então, que tenho prestado mais atenção a estes detalhes. A vida de adulta é mesmo assim. Enfim. Além do desenho, o meu ritmo de leituras está a melhorar consideravelmente. Entretanto, também já alojei vinte e um episódios do podcast no youtube.

Uma das minhas missões para 2023 é o de o migrar para esta plataforma, não só por chegar a todos os que não consomem as que são exclusivamente de áudio, como também por remunerarem a longo prazo, consoante a nossa performance…. E eu estou mesmo focada em crescer com as minhas plataformas! Há muito tempo que não sentia este entusiasmo para criar.

Esta transição da adolescência para a vida jovem-adulta está a ser bem conturbada. Entre seguir as expectativas dos demais e dar-me conta de que não são as minhas, foi um longo processo de desconstrução. Está a ser um grande processo de desconstrução! Mas sabe tão bem compreender o que me foi incutido e/ou o que é verdadeiramente meu.

Há dias em que a brisa tem um odor característico que me relembra a infância.

Por norma, essa sensibilidade coincide com os momentos em que mergulho em crises existenciais que me inspiram a chorar. Pois, após a morte, o que mais haverá? Não digo que não a receie, contudo, só penso nela de vez em quando. E, quando assim o é, fico com medo de não ser capaz de viver grande parte dos meus planos. Seja por falta de tempo, dinheiro ou carência de coragem. Sobretudo por este último. Daí que estes últimos dias me têm sabido bem.

Sinto-me conectada com o que o meu coração me diz, muito em parte pela cabeça estar limpa. Limpa e conformada com o curso da minha vida. Então, por que não aproveitar simplesmente para a viver? Porquê esperar pelo momento perfeito, se ele não existe? Por que não agora? O que tenho feito de mais interessante ultimamente tem sido desenhar. Estava com algum receio de não ter o que explorar, mas isso é uma falácia que contamos a nós mesmos. O de não termos conteúdo para expor.

Quanto mais rabisco o papel ou a tela do tablet, quantos mais artistas conheço, melhor percebo o quão poderosa pode ser a minha arte.

E que, sem dúvida alguma, a minha intenção fica ali expressa. Se o fizer com os olhos postos num estatuto, talvez não me aguente a longo prazo. Por outro lado, se souber equilibrá-lo com o bem-estar que sinto de todas as vezes em que nem dou pelo tempo passar, se calhar até chegue lá.

Ainda há dias, li uma marketeer a desafiar-nos a criar algo sem olharmos para o lado. Sem nos compararmos, nem tão pouco questionar se o do lado fez semelhante e que resultados colheu. Aconselhou-nos, portanto, a fazermos do nosso jeito e ver os resultados de perto.

Assim, sempre que me começo a questionar se fulano já ou como o fez, respiro fundo e recordo-me deste conselho… Pois, não há nada mais poderoso do que experimentar. Não há nada mais poderoso do que brincar. E eu tenho brincado imenso com as formas, as cores, as possibilidades. Sinto-me tão criança de tão alegre!

Claro que tenho preocupações…

Ainda para mais, depois do desfecho de um dos meus trabalhos mais recentes! Tinha planos traçados que entraram automaticamente em suspenso, embora me sinta confiante de que as soluções aparecerão. Basta que esteja atenta. Mesmo com estas questões da vida adulta, é exatamente isto que procurava. Redescobrir o lugar interno onde sempre senti paz em gerar arte só pelo prazer de o fazer.

Porque esta é a casa da minha criança interior e da qual tinha perdido o endereço.
Agora que a reencontrei, quero que ela me ensine a ser uma adulta (muito mais) feliz.

Entretanto, conta-me: como é que te conectas com a tua criança interior? ♥

O que pensas sobre o assunto? Gostaria de ler a tua opinião! ♥

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