LIVROS | “O assobiador”, Ondjaki (*)

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A minha estreia com Ondjaki deu-se no verão passado. Cruzei-me com muitas menções suas pelos blogues que acompanho, além de que quando terminei Mia Couto, havia metido na cabeça que o exploraria. Aconteceu num dia em que fui à praia. “Os da minha rua” foi uma das minhas companhias desta atividade que tanto amo fazer sozinha, preenchendo cada esquina do meu coração.

Assim que o tempo começou a aquecer em 2023, segui o mesmo raciocínio do ano passado. Afinal, como é que a fórmula poderia falhar? Escolhi “O assobiador” para me acompanhar num dia em que me tinha esquecido da leitura daquele momento em casa. Até o adaptei como o meu “back up book” por não ter saído do carro desde então.

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Ondjaki tem uma escrita deliciosa, apetrechada de poesia e nostalgia.

Quando o leio, sinto-me em casa, mesmo que só tenha visitado os meus familiares em São Tomé uma vez, aos oito anos. As gírias de Angola não me são totalmente desconhecidas, afinal, que família seria a minha se não tivesse tanta cultura à mistura? E, mesmo que eu não tenha sangue angolano, é a componente africana que nos une.

Em “O assobiador”, revi-me na alegria dos ajuntamentos em torno das festividades importantes, das danças como meio de celebração, da proximidade dos que se encaram como família. Pese embora estas características positivas, este livro não me encantou tanto quanto “Os da minha rua”. Aqui, apesar de haver uma história que também une as personagens, há um buraco que não compreendi bem.

Ou, talvez, o buraco que precise de compreender seja o meu e não propriamente o da narrativa exposta.

“O assobiador” é um indivíduo que encontrou no assobio um meio de extravasar as suas angústias existenciais, impactando os demais num misto de maravilhamento, incompreensão e descontentamento das suas próprias mazelas. As personagens são reconhecíveis entre elas e nós, leitores, somos apenas observadores daquela dinâmica, muitas delas irrepreensíveis.

Há cenas explícitas de sexo, zoofilia, morte, e se calhar foi um deles que me fez contorcer o nariz de tão desconfortável. Ondjaki, até ao que já consegui apurar, é mestre em contar histórias do dia-a-dia com a simplicidade que tentamos dificultar. Ainda assim, não se tornou num favorito. Acredito que outros conseguirão colmatar esta desilusão, porém, merece tanto destaque como qualquer outra obra por, sem dúvida, conter lições que conversarão com alguém. Comigo, contudo, não foi o que se sucedeu!

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