sobre o EP57 – o problema de querer saber tudo
Tenho cada vez menos energia para dispensar em rodeios. Os últimos episódios têm refletido um pouco disso. Pelo menos é uma das minhas intenções. Ao decidir pausar a terapia, não quero que toda a nossa dedicação seja em vão. Não me quero voltar a fechar em copas, numa ilusão de que está tudo perfeito só por ter feito terapia e descoberto uma catrefada de informações relevantes sobre mim. Recuso-me, aliás, a fingir que está tudo bem.
Quando me confrontei com o conceito de “extroversão para fugir aos problemas”, não o quis associar a mim de imediato.
Sempre tive muita dificuldade em aceitar os meus desafios. Dedicava muito tempo a tentar mascarar essa faceta, longe de compreender que essa atitude denuncia mais do que ajuda. Ser sabichona, no meio disto tudo, não passava de um mecanismo de defesa. Muito interessante, certo? No passado, seria inconcebível relacionar estas características numa sociedade em que o intelecto é condecorado com medalhas de ouro.
Concedi-lhe o meu corpo não só para mascarar o medo, inseguranças e falta de confiança, como para garantir que não era vista como a “preta burra” sem escolaridade ou interesse pelas atualidades sociais. Engraçado como tudo isto, agregado à minha educação familiar, escolar e entre amigos, me moldou em alguém super desconfortável na própria pele e mente, duvidando das suas capacidades e lugares na sociedade.
O que sei não deveria ser posto em causa, e o que não sei menos ainda.
Saber coisas e querer demonstrá-lo, muitas vezes funcionou como mecanismo de defesa Uma afirmação da minha inteligência e que, a cada dia, faço por compreender e moldar em diversas áreas, sobretudo se forem do meu interesse genuíno.
Nunca tinha parado para pensar no gasto energético que implicava devorar informações maioritariamente desnecessárias… Só para engordar uma gaveta no cérebro que pudesse vir a ser necessária num convívio ou questionário (aleatório) qualquer.
O tempo que dediquei a essas “inutilidades” teria sido melhor aproveitado se o tivesse canalizado no que me apaixona e no qual, por esta esperteza, já me afoguei, frustrei e quis desistir…. Por usá-lo como ferramenta de afirmação do que domino ou deixo de dominar.
Invés disso, criei personas que me esgotaram a energia vital. Cansei-me nesta correria e, nos tempos atuais, não tenho feito mais do que me redescobrir em aspetos que tomei por garantidos. Nos tempos atuais, percebi que só interessa saber, verdadeiramente, de uma coisa para, só depois, mergulhar por aí. De mim, quem sou e o que faço como expressão passada, presente e futura.
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