Em suma, 5 meses e 117H depois…

Seria pedir demais, descrever os últimos tempos como preciosos. Não que não o tivessem sido nos detalhes, porém, o saldo pende para o negativo quando ouso reclamar pelas novas marcas que colecionei. Dizem que devemos ser gratos, mesmo quando o mar nos promete engolir. Não discordo, afinal, existem dois pesos e duas medidas para tudo… Conheci gente maravilhosa e que guardo no coração. Diverti-me imenso em vários momentos. A cena é que, olhando para trás, não acho justo eu ter abdicado de mim, do que me apaixona, dos que me são próximos, em prol de um objetivo que jamais deveria ser tão caro.

Claro que aceitei estas condições, afinal, a partir do momento em que decidi que tornaria a estudar, o trabalho surgiu, o meio de transporte pessoal não foi um problema por algum tempo, recebi mais do que a média, guardei o que me comprometi a guardar… Mas e o restante? A minha criatividade teve de mudar de residência, transformando-se em métodos de arrumação no trabalho, ao modo como carregava as bandejas, nas abordagens aos clientes (sobretudo nas respostas mais afiadas).

Só perto de terminar esta viagem, é que me dei conta que a minha vida social era aquela, com aquelas pessoas, embora não os tenha oferecido o meu eu na íntegra.

Meses se passaram e elas mal sabem coisas sobre mim. E eu sobre elas. O podcast não me ouviu sussurrar. As telas não sentiram a minha carícia. Os meus amigos raramente me meteram a vista em cima. A minha escrita ficou suspensa. Como é que se faz isso de escrever, após um tempo sem querer saber das palavras? Eis uma questão que me percorre o corpo todos os dias, de todas as vezes em que considero sentar-me para expandir as ideias.

Dói-me não ter querido saber delas, de tão cansada que estou. Embora de férias, a transitar para uma nova fase, o cansaço permanece. O meu corpo deseja livrar-se dele por completo. A minha mente, idem. Tive muito medo de não encontrar a saída do meu labirinto, pois, negar que me tenha perdido seria mentir com todas as unhas que tenho nos dedos! Perdi-me, chorei de cansaço, tive uma crise de ansiedade muito chata…

Apesar de manter a esperança de que o último dia chegaria, o desgaste não me permitiu ir além do que, até então, me era impossível e que foi excedido.

A minha resiliência. A minha resistência. Sem dúvida que partiram de uma individualidade fragilizada, ansiosa, que preferia esconder-se por detrás das suas máscaras. Mesmo assim, em nome do orgulho, do ego, do desejo de regressar à faculdade, da necessidade de provar a mim mesma que me cansei de deixar muita coisa pendente, engoli em seco e prossegui.

Aqui estou, sentada à secretária, no meu robe de verão, cabelo natural solto, um chá fumegante e uma velinha acesa, a descrever o que consigo refletir de emoções que ainda não assentaram. Não me quero enganar com promessas que poderei não cumprir. Coragem para mudar, é o que mais precisarei daqui adiante. Todavia, sei que não quero que isto se repita. Este excesso dos outros e uma ínfima aparição de mim.

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