E assim foi 2021…

Não existe uma única palavra da qual me consiga apropriar para resumir 2021. Para mim, foi um ano totalmente inusitado, muito diferente do que tinha concebido em finais de 2020. Aliás, não me recordo de o ter planeado assim tanto. Os acontecimentos foram-se apenas desenrolando, chegando ao ponto de eu desistir de ter controlo do que quer que fosse.

Iniciei o ano com o coração pendente numa situação que julguei que durasse para sempre… Claro que dentro dos limites do tempo. Senti-me abandonada, sentimento que só consegui intitular muito mais tarde com outro grau de maturidade numa das sessões da terapia.

Em fevereiro, vi-me impelida a procurar ajuda terapêutica, pois já não conseguia compreender a minha dificuldade em me relacionar com as pessoas no geral.

Entre este e o mês de abril, vivi numa espécie de limbo no qual adormecia e acordava a chorar, perdida dentro de mim mesma, incerta acerca de que caminho tomar, a mente entorpecida com as dúvidas, o olhar sobre o futuro bastante enevoado… Diria que o que me resgatou um pouco da alegria foi ter começado a trabalhar em Abril, ocupação que perdurou até setembro.

O que começou por ser uma experiência assustadora transformou-se numa de autodescoberta, resiliência, paciência e entrega. Desgastei-me imenso, guardei coisas que poderia ter dito, entreguei-me a pequenas demonstrações de carinho, aprendi a aceitar diversos tipos de apreciação… Saí dali com uma visão do mundo muito mais amadurecida, diria até que enrijecida pois vi, disse, ouvi e senti coisas que só lá estando é que se compreende…

Sempre me considerei alguém capaz de dizer o que tem de ser dito no momento adequado, contudo, nesse período de cinco meses, fui igualmente exposta às minhas fragilidades e a um conjunto de problemas que preciso de resolver comigo mesma. Na terapia. Com quem me rodeia.

Anterior a esse tempo, eu vivia num mundo cor-de-rosa, onde tudo era perfeito e possível.

Nada se tornou impossível, atenção… somente deixou de ser tão fantasioso. Aprendi a importância de batalhar pelos meus sonhos, objetivos. Descobri como é ser ambiciosa, reservada, criar planos adicionais. Voltei a sentir como julguei nunca mais vir a sentir… Os sonhos passaram de sombrios a inspiradores. Ali pelo meio, deu-se-me uma fome de tornar a estudar.

Fiz a candidatura para o reingresso em Maio, recebendo os resultados em Julho. Quando dei por mim, estava sentada numa sala que não me era desconhecida, rodeada de pessoas às quais nunca tinha posto a vista em cima. Realizei uma viagem em turma para o sul do país, sendo agraciada pelo calor, a areia, o mar que converti nas férias que não tive. Estou a fazer amigos novos, cujas personalidades casam bem com as minha, o que é simultaneamente assustador e apaixonante.

Nos tempos que já lá vão, nunca me ocorreria começar a explorar as diversas facetas do amor sem que isso significasse dor, perda, ansiedade. Pelo contrário, estar a renovar-me, ainda que num compasso medido, lento, permite-me amar de diversas maneiras noutros registos e com outras qualidades. Já não dou o que não tenho, dado que prefiro buscar o que estiver em falta para mim.

O que outrora sentia como loucura, agora intitulo como muito trabalho interno ao qual me dedicar.

Comecei um trabalho novo, ganhei uma nova rotina que quero remexer até me enquadrar verdadeiramente… Entretanto, terminei um livro e publiquei-o. Sim, publiquei um livro no qual me entreguei, não só pelo tempo que lhe dediquei, como pelo conteúdo que refleti. Já escrevi muitos textos soltos, algumas narrativas… Todavia, nada se compara ao volume de sentimentos que expus no “Diálogos que Nunca Tive“.

 

 

Uma manifestação de todos os romances que concebi na minha imaginação e dos quais fui protagonista. Ao teu lado, de outros, sempre esquecendo-me de que eu poderia ter sido a minha companheira.

“Escrevo, apago. Escrevo, apago, esqueço-me. Dou uma volta ao quarto, exploro novamente a casa, torno a sentar-me e encaro, de semblante sério, o cursor a piscar enquanto aguarda pelas minhas coordenadas. Não sei o que dizer, mesmo que escute, bem lá no fundo, um conjunto de sibilares. Não sei o que dizer ou tenho medo? Que quero eu dizer, afinal?
Que estou disposta a escutar o que tens para partilhar?
Que te quero esquecer e jamais tornar a pensar no que aconteceu? Que não te pretendo dar uma segunda oportunidade?
Que quero eu dizer, afinal?”

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Fui vulnerável, medi pouco as palavras e consegui cumprir com o objetivo primordial que era ajudar-me a ultrapassar sucessivos corações partidos. Se me perguntasses para me descrever, não te conseguiria dar uma resposta. Não obstante sentir o que sou, ainda não encontrei as palavras adequadas. Quem sabe este ano chegue a algumas conclusões, consolidando o que há muito aguarda pela minha atenção… pois, estou certa de que 2022 será ainda melhor do que a minha imaginação consegue conceber!

O que pensas sobre o assunto? Gostaria de ler a tua opinião! ♥

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