Sempre fui pessoa de objetivos. Afinal, nunca perdi a oportunidade de escrevinhar todas as coisas que queria ver cumpridas, numa esperança que se ia renovando anualmente. Encarava os objetivos como meio de organizar as ideias, talvez um método que me fizesse sentir útil… Útil no sentido de colocar uma determinada intenção nas palavras, repeti-las e dar a entender que teria algo pelo qual lutar, mesmo que ficassem pendentes nos ficheiros ou folhas soltas.
Fui de objetivos vagos até ter começado a tomar decisões que implicavam reestruturar o meu modo de racionalizar a vida e o que pretendia dela… Enfim, até ter começado a aprender, realmente, o que é que valeria a minha energia. Confesso que por muito que tente puxar pela cabeça, mal consigo chegar a uma conclusão. Devo-o, talvez, a 2020 e que não só nos virou as vidas do avesso, como nos tirou o tapete em diversas ocasiões.
Tinha objetivos que não consegui cumprir, devido aos imprevistos mundiais.
Outros, estou a conseguir levar avante, embora, por vezes, me desvie do que estipulei inicialmente. Tantos ainda balançam-se-me na pretensão e sussurram, às vezes, a sua existência abandonada. Aponto a preguiça como um fator. O medo do desconhecido, de igual modo. Pela calada da existência, há a desmotivação. Existem dias em que a auto motivação não chega a tanto, repelindo o foco inicial de um espírito juvenil animado.
Se me dedicar a deambular pelas páginas iniciais do BuJo de 2020, decerto não me escaparão os objetivos tecidos. Gargalharia, aliás, perante uns quantos e que parecem ter pertencido a uma outra vida. E ficaria, inegavelmente, de semblante franzido, a questionar-me das razões por detrás daqueles objetivos em concreto… Mal sabia eu que grande parte deixaria de me pertencer…
Nunca fui de me refugiar nos objetivos que aponto, como meio de os ir relembrando. Assim sendo, sem dúvida que essa é uma outra razão para, por vezes, os esquecer.
Deveria aprender com as falhas e, com efeito, apontar tudo numa folha. Anexá-la algures, ao resguardo de vistas alheias, contudo, ao alcance das minhas necessidades. Quem sabe, tirar umas horas e desenhar um mood board com os pequenos detalhes que quererei incluir no meu quotidiano e mantê-lo por perto. Não sei. Trata-se de um assunto no qual nunca tinha cogitado tão profundamente, até me ter lembrado de alguns planos que ficaram em suspenso.
Não obstante os desabafos, não tenho muito do que me queixar do ano que está prestes a terminar. Sim, foi péssimo em muitos aspetos, por outro lado, permitiu-me prestar atenção a outras facetas da minha vida e que jamais teriam sido resolvidas, se não tivesse sido pela paragem obrigatória nas nossas rotinas. Terminá-lo-ei, portanto, com uma postura completamente diferente da de quando o comecei…
Para além de que manterei acesos os planos que, efetivamente, se adequarão mim. Desconheço por completo a sua natureza… Seja como for, estarei de peito aberto para receber as aventuras que a vida me trouxer, sobretudo por reconhecer que, dali, tirarei sempre uma lição. Ao final do dia, também isso importa: abraçar as falhas e seguir adiante!
3 Comments
Tim
13 de Dezembro, 2020 at 17:30Não tinha grandes objectivos mas os que tinha consegui concretizar tendo em conta a pandemia, excepto a corrida sempre mulher. Mas não coloco a pressão de ter de cumprir e isso só nos faz mal, é ir fazendo.
Carolayne
17 de Dezembro, 2020 at 13:54Tens razão no que dizes: quanto mais pressão, pior! Trata-se, até, de uma condicionante que estabelecemos sem saber e que nos inibe de viver cada etapa! Apesar de tudo, essa é uma das lições que tenho aprendido: a levar a vida com calma, fazendo com que consiga sentir todas as sensações a que tenho direito! 😀
Folgo em saber que, apesar da pandemia, conseguiste cumprir com os teus objetivos! *-*
Coisas que Tenho Descoberto Sobre Mim | imperium blog
12 de Maio, 2021 at 9:09[…] essas que me aproximam cada vez mais da realização dos meus objetivos. Sinto-me mais leve das preocupações, sabendo que tenho maneira de as contornar… […]