TBC JUN | “A LARANJA MECÂNICA” (*)

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Um dos favoritos de uma das das minhas pessoas favoritas. Por ela me foi oferecido e aconselhado. Se primeiro vi o filme e, só muitos anos depois, é que o li? Sim, contudo, isso não lhe retira o mérito do impacto e das reflexões às quais deu origem. Recordo-me de ter ficado imensamente chocada com a adaptação de “A Laranja Mecânica” e não foi para menos: agora que o explorei no campo literário, consigo relacionar e compreender a necessidade de ter sido um filme extremamente gráfico.

O objetivo, como em qualquer outra distopia, foi e continua a ser a de nos abalar as estruturas, a de nos incitar a cogitar de um modo profundo e consciente na conduta da sociedade para a qual vamos contribuindo diariamente. Integramo-la e conduzimo-la conforme as limitações e desejos da nossa índole, chegando a ser hipócritas as críticas que tecemos. Colhemos o que em grupo plantamos, refletindo no espelho individual um conjunto de consequências e de ideias de como lidarem connosco.

obra de anthony burgess, a laranja mecânica. livro pousado sobre a cama, ladeado por uma pano de praia colorido.

Não existem duas sem três:

Num cenário degradante, no qual os jovens agem como bem lhes dá na gana, temos Alex como protagonista de uma experiência inumana, comandada pelo Governo e com um único objetivo: reverter a maldade que o inspira a ser tão… Problemático. A questão que se me palpitava, com o decorrer da trama, era: numa sociedade estruturada, a quem é que se isenta das consequências dos nossos atos?

Até que ponto é que se justifica reeducar um grupo de criminosos com as suas próprias armas, e não com uma alternativa? Se administrada pelo Estado, por que é que não se coloca em causa esse modo de lidar com as pessoas? Porque, no fundo, não passamos disso: de pessoas guiadas por pessoas! De onde vem essa bondade que há imenso pregam, almejam de nós, e utilizam como carta para nos aplicar uma rasteira psicológica?

Estarão a bondade e a maldade vinculadas às nossas escolhas, ou somente integram nos traços das nossas personalidadeS?

Que nome se dá a esta complexidade que nos molda, beneficia e prejudica? Em que ocasião é que se concedeu o direito de limitarem o nosso livre-arbítrio, por muito contraproducente que seja para com os que nos rodeiam? Mesmo que para praticar o dito mal, não deveríamos estar conscientes dos efeitos dominó ali inerentes, para que pudéssemos optar e, genuinamente, aprender com os nossos atos?

“- Eu, eu, eu. Então e eu? Onde é que eu entro nesta história? Serei eu semelhante a um animal, um cão vadio? (…) Deverei eu limitar-me a ser como uma laranja mecânica?

– Não tens do que te queixar, rapaz. Fizeste a tua escolha e isto é apenas uma consequência dessa escolha. O que quer que venha a seguir será o que tu próprio escolheste.”

pág. 181


A ironia vagueia pelos lugares mais sinuosos da nossa identidade. Tendemos a levar uma existência quase que isenta de preocupações morais, kármicas, o que se enquadrar melhor com cada crença, e apenas nos tocamos quando o que andámos a praticar nos bate à porta. E, se nos recusarmos a entender, ela encara-nos pelas janelas, até que acabamos por ceder. Praguejamos, culpamos os demais, esperneamos, mas raros são os que realmente assumem as suas responsabilidades.

Nenhum ato que nos prejudique se justifica, mas com “A Laranja Mecânica” não fiquei indiferente a este jogo frenético de ação e receção, e dos seus consequentes impactos. Sobretudo, após já ter lido alguns livros que abordam imenso toda esta questão do livre-arbítrio, artigos reais e considerando os tempos que correm. Abandona-se-me sempre aquela dúvida: afinal, inspiramo-nos na realidade para construir um mundo fictício, ou será esse mundo a fonte de todas as nossas frustrações?

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