Já me disseram que amar é das melhores coisas e que, por vezes, também sofremos por ele. No entanto, nunca me alertaram para não o fazer, para não amar. Já me disseram que se eu colocar o dedo no bico do fogão acesso, que eu me queimaria, porém, não me avisaram de que confiar em certas pessoas poderia dar em tamanha merda e ferir ainda mais susceptibilidades. Já me confessaram de que certas experiências não foram assim tão fantásticas, contudo, também nunca me impediram de as realizar. No meio de tantos “não alertas” ou “alertas com uma conotação de incentivo”, também já me tentaram abrir os olhos para muita coisa e eu, feita estúpida, não acatei.
Só oiço dizer em mim a quantidade de situações que eu gostaria de ter evitado, ou mesmo eliminado das minhas recordações. Quantas e quantas vezes é que o meu interior não se me palpitou para ser cautelosa, para adotar outros caminhos, para abortar a missão que estava prestes a cair por terra… De tantos avisos, houve muitos que eu preferi não escutar e, hoje, é-me mais fácil dizer que nunca mos disseram. Tal como muitas outras expedições da vida, é sempre mais fácil fingir que nada aconteceu, afinal, é fingindo que acabamos por envergar a postura que tanto desejamos… Porventura, deixar de lado e fazer ouvidos moucos não ajuda de igual forma, pois, de que vale alimentar uma memória que só nos polui?
Já me aconselharam a escolher outros caminhos, na tentativa de me desviarem dos meus, mas nunca me disseram que eu teria a eventual força para arcar pelas minhas decisões. Já tentaram fazer de tudo para me derrubar, todavia, sou dura de roer e difícil de vergar. Já me chamaram de teimosa, antipática, fria, distante, porém, nunca me aplaudiram pelo facto de estas arestas que compõem a minha personalidade me terem salvo de tantas mais desilusões. Jamais me disseram com sinceridade o quão doloroso era deixar ir, quando em nós lateja a esperança de colher algum rebento utilizável, não obstante, tive de ser eu a dizer a mim mesma de que escolher despojar de tais sentimentos seria bem mais vantajoso do que vincar as famosas palavras do “Eu te avisei”. Porque, se acontecer eu ter de escutar essas mesmíssimas palavras, quer dizer então que eu errei imenso e não soube como lidar com isso.
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