8 anos de blogosfera

Nos primeiros dois anos, esta data era celebrada a 31 de agosto. Depois, por um motivo que não sei explicar, transitei o aniversário do blogue para o primeiro de setembro. Provavelmente, atrasei-me com a publicação, mas a verdade é que colou desde então. São tantos anos, mas há sempre algo para ser dito. Se esta reflexão será miudinha ou extensa, é algo que foge do meu controlo, pois, não a planeei. Vamos descobrir em conjunto.

Quando congeminei a criação do blogue, o meu objetivo exclusivo era o de falar sobre livros.

Curioso como com o passar do tempo, tenho falado cada vez menos deles, por muito que o volume de leituras permaneça quase o mesmo. A minha paixão era tão arrebatadora na altura que não me via a falar de outras coisas… Até que comecei a explorar a blogosfera e dei-me conta, pela primeira vez, de como poderia falar de outras coisas. Criar um blogue foi uma das portas que abri para o autoconhecimento, na medida em que ganhei consciência da minha polaridade, sem que isso fosse sinónimo de incoerência.

Passaram-se um, dois, três anos. De repente, já ia nos cinco, penso que não celebrei o sexto e, hoje, conto com oito anos de blogosfera. Como o tempo tem voado! Fiz novas amizades, escrevi sobre tudo e sobre nada, vivi crises criativas, entreguei-me e desapeguei-me da escrita, vi neste espaço um potencial profissional, cresci e amadureci.

Partilhei relatos de um amadurecimento que nem nos meus sonhos de escritora julguei ser capaz de fazer, como que um aquecimento para possíveis autobiografias. Nestes anos todos, e sem qualquer rasgo de consciência quanto ao assunto, estreitei uma relação com a escrita como nenhuma outra. Esta relação tem altos e baixos. Sem dúvida que me traz imensas alegrias paralelas a tristezas incontornáveis e características de qualquer ambiente equilibrado.

Ao manter uma rotina de escrita, ainda que fora dos padrões que almejo, tenho aprendido muito sobre compromisso, dedicação e verdade….

Verdade quanto ao que me dou e, por consequência, entrego ao mundo. A minha escrita já se transformou em muita coisa. Aliás, desde o diálogos que nunca tive, que tenho sentido falta de escrever com tamanha liberdade e poesia, sem ter de me preocupar com as boas práticas de marketing de conteúdo, uma vez que quero profissionalizar as minhas plataformas digitais.

Assim, o meu desafio atual tem sido o de equilibrar a poesia com a técnica, numa coreografia que me falta aparar, mesmo que de momento não saiba como. Oito anos é uma vida tão válida como a de algo que dure há séculos. Este blogue presenciou:

• a minha reta final no secundário;
• a entrada, peripécias, saída, regresso e reavaliação da minha experiência na faculdade;
• saudou novos projetos, nomeadamente o congresso botânico, o verde de flora, a galeria LyneNoyr, o notas soltas, entre outros colaborativos;
• ficou na memória e esquecimento de muitas pessoas, num fluxo para ao qual contribuí pela simples decisão de ter deixado as plataformas sapo, blogger e nowo.

Não obstante o que, por anos, senti ser uma perda, atualmente sinto-me feliz no wordpress! Adoro as funcionalidades que ele oferece, além da estabilidade que não só me prometeu mas que também se tem cumprido. Apesar de ter vivido grande parte do tempo atormentada pelos meus arrependimentos, hoje sou capaz de afirmar que valeram a pena as mudanças, alguns dos projetos que nunca foram concluídos, as amizades que perduram até hoje, as aprendizagens técnicas e da experiência.

Não faço a mínima ideia da minha postura para com o blogue daqui em diante.

Encerrá-lo está fora de questão, no entanto, estar constantemente por aqui será de igual modo uma sobrecarga. Diria que optarei por um recomeço. Escolho recomeçar como se fosse a minha primeira vez perante um blogue, no sentido de abordar com maior leveza e curiosidade as palavras que almejarem ser partilhadas por aqui. Mais ou menos como tem acontecido com a newsletter, porém com maior amadurecimento e foco.

De qualquer maneira, esta é das relações que pretendo perpetuar por mais anos, afinal, aqueles versos à beira da janela da Carol de 12 anos não podem ficar em vão. Não só continuam a valer a pena, como se de um talismã de génese de uma grande aventura se tratassem, como me sinto grata por me ter permitido acreditar, mesmo que com uma mente insegura, que seria possível fazer poesia diariamente.

Parabéns ao eterno a vida de Lyne! ♥

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