100 factos sobre mim sob o ponto de vista dos 24 anos

Em 2013/2014, peguei num dos cadernos que mais usava, depositando ali uma lista de 100 factos aleatórios sobre mim. Aos 15, julgava que sabia como seria a minha vida, o que estaria a fazer a caminho dos 25, que cursos estudaria, que namorados teria, que inseguranças já teria ultrapassado… Tenho 24 anos e, para ser sincera, há aspetos sonhados que estão longe de ser realidade. Não como início de uma desilusão, antes pelo contrário. Sinto-me grata por metade dos meus desejos não se ter concretizado, pois compreendo agora o quão prejudicial teria sido para mim, cuja consciência ainda está em modo de otimização.

fotografia da minha autoria. não usar sem consentimento.

Apesar de já se terem passado praticamente 10 anos, ainda não tenho maturidade para viver certas experiências.

Longe de mim evitar vivê-las, uma vez que já entendo que a maturidade é resultado de viver. Estão inerentemente ligadas uma à outra. Inevitavelmente, terei de as viver… E se refletir profundamente sobre o assunto, já as vivo só que com contornos distintos do que imaginei. Não sei dizer de quanto em quanto tempo é que me disponho a arrumar a caixa da cama. Metade dos meus pertences, seja cadernos e manuais antigos, desenhos, maquetes e plantas, estão todos lá em baixo.

Logo, estão longe da minha vista o que me afasta de ter o hábito de a arrumar mensalmente. A última vez em que agarrei no caderno para me relembrar do que tinha escrito foi em 2018… Portanto, estás bem a ver o tempo que já passou. É muito engraçado redescobrir-me sob o olhar dos meus 15 anos. Muitos dos factos são repetitivos, ligados a aspetos relacionados com os outros.

Em 100, diria que 10 ou 15 têm estas características. Após dois anos de psicoterapia, é-me fácil apurar, então, que eu sempre vivi dependente de comparações, muito esbatida por um complexo de inferioridade acerca do qual já sei falar um pouco mais, com uma carência que me fez – e ainda faz! – desejar conhecer um par romântico e amizade dignos de uma cena de cinema.

Não digo que não possa acontecer… A realidade, contudo, tem recorrido a muitos exemplos para me mostrar que as minhas vozes, os ditos factos, só se conseguem transformar se eu me movimentar com essa intenção.

fotografia da minha autoria. não usar sem consentimento.

A minha maior transformação foi ter assumido a responsabilidade pela minha vida. Ainda há uns dias, num monólogo que poderia ter sido destrutivo, dei por mim a saber separar as águas no campo das comparações. Penso que pela primeira ou segunda vez, não me senti superior ou inferior a ninguém, antes realista: à sua maneira, somos todos bonitos, atraentes, capacitados para algo. Cresci submersa em inseguranças em redor do meu corpo. Atualmente, trabalho para que me sinta cada vez mais segura.

Um dos factos, assim de memória, diz que eu detesto o meu corpo. E eu, com alguma compaixão pelas confusões daquela adolescente que não a viveu devidamente, escrevi que já não é bem assim. Como posso detestar o meu corpo se tenho feito o melhor que sei para o alimentar devidamente, treinar todas as semanas, jejuar como método de repouso, educar-me, reorganizar o sono? Acima de tudo o que me ensinaram, isto é uma demonstração de amor, de auto-cuidado.
E lamento, sinceramente, por nunca o ter visto como tal.

Como pude, então, esperar que alguém surgisse na minha vida e fizesse isto por mim?

Perante esta longa lista, fico sempre chocada com o meu modo de pensar. Não só por partir de uma miúda de 15 anos que mal sabia o que a esperava – e continuo sempre sem saber -, como por ainda me identificar com algumas coisas. Fiquei “parada no tempo”, como se costuma dizer, tudo porque resisti sentir o que habitava em mim… Porque ouvi e, por consequência, acreditei que era muito forte para “ter problemas”. Ter problemas é para os outros – pensei eu até há dois anos…

Era uma loucura viver na minha cabeça, sobretudo por nunca ter feito sentido assumir-me como uma pessoa ansiosa. Atualmente, não só já a sei mirar, como me relacionar com ela. Admito que muitas vezes escolho continuar ansiosa quando a miro ao longe. Talvez por já ser familiar, por preguiça, por medo do que possa ser diferente dentro daquele cenário. No entanto, sabe sempre muito melhor quando me escolho a mim em detrimento do que me faz sentir mal. É uma questão de prática, diria. E de foco.

fotografia da minha autoria. não usar sem consentimento.

Por muito que me choque reler esta lista, é também com muita alegria que o faço.

Gosto de reconhecer as conquistas, por muito pequenas que possam ser. Dá-me um gozo imenso perceber que certas experiências não foram tão dolorosas quanto eu imaginei… E o facto de não me revisitar por obrigação torna tudo mais divertido! É um desafio que te deixo. Pega numa folha, anota cem factos que aches relevantes sobre ti. Guarda-a e deixa-a num sítio que arrumes sazonalmente. Acredita que te fará bem relembrar certas transformações!

O que pensas sobre o assunto? Gostaria de ler a tua opinião! ♥

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