SÉRIES | “mine” (2021)

Comecei a ver esta série sem quaisquer pretensões. Assim que começaram a partilhar a Netflix comigo, um dos meus objetivos era o de consumir mais conteúdo sul-coreano e espanhol. Além de serem os que mais bombam no cartaz, gosto de cinema além-americano, muito por sair fora daquilo que conheço. Acho curioso encontrar parecenças no que aparenta ser diferente da minha realidade. No fundo, cada um se guia pelo que conhece da própria cultura. Sei que estava focada em tratar de burocracias. Enquanto esperava, dei play no primeiro episódio de “Mine”.

fonte de imagem: imdb

O que começou por ser uma exploração inocente tornou-se num pequeno vício.

Pelo caminho, até a minha mãe se juntou a mim. O plot que conduz a série é do mais simples que existe: temos uma família rica cheia de problemas, dramas, imenso poder envolvido e que começa a desmoronar quando pequenos acontecimentos tomam conta do leme. Acontece que por muito batida que esta ideia seja, ela é muito bem desenvolvida. A cada episódio, o drama torna-se mais intenso, as personagens que pareciam ser uma coisa revelam-se e certos papéis se invertem.

Está tudo tão bem emaranhado e construído que até o óbvio se transforma em algo inusitado. Uma coisa que adoro neste género é o facto de haver sempre uma revelação, independentemente de quantas estão para trás! Como tal, é surreal quando uma série, filme ou livro me surpreende constantemente, sem que eu me canse do que estou a explorar.

“Mine” não fala somente do poder que uma família rica tem numa sociedade, embora explorem este detalhe de maneira crua.

Fiquei de boca aberta, irritada e triste por perceber que metade dos acontecimentos mundiais assim o são porque alguém detém um poder que ninguém lhe consagrou. Ele só existe, portanto, como consequência da quantidade de zeros na conta bancária. Desde homicídios, imposição de limites nas vidas dos demais, controlo dos media…tudo parece ser possível para quem vive vinculado a um alto estatuto social.

Por outro lado, de que nos vale tamanha fortuna se nos faltar o essencial para a nossa formação enquanto seres humanos e que, no caso, é sempre o amor parental? Chega a ser assustador aperceber-me de que esta falta é o que dá vazão a imensas catástrofes sociais, como uma espécie de efeito dominó baseada numa vingança mal direcionada, ou mesmo um rancor disfarçado…

Esta série conta com dezasseis longos episódios nos quais a treta não demora muito para acontecer. Não obstante as suas características más, gostei de todas as personagens por cada uma, à sua maneira, refletir diversos cenários de solidão, adição, sofrimento, negligência e carência. Independentemente dos nossos bens materiais, não há nada mais poderoso do que um colo, um silêncio partilhado e a compreensão de que ninguém pode controlar a nossa vida além de nós.

Entretanto, conta-me: já conhecias esta série? Ficaste com curiosidade? ♥

O que pensas sobre o assunto? Gostaria de ler a tua opinião! ♥

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