Dei voltas à cabeça, em busca de um tema para abordar, quando a resposta era mais do que óbvia: por que não te contar acerca da minha jornada com o journaling? Certamente, até já me ouviste a falar do assunto pelo podcast… Contudo, creio que mencionar esta prática, vezes sem conta, nunca será demasiado… Visto que até lhe reconheço as vantagens! Recordo-me de me apoiar em diários, desde muito cedo. O que tenho há mais tempo foi-me oferecido aos seis. Apesar de, só muito recentemente, usar e abusar da prática do journaling, nunca lhe fui indiferente. Tanto que, com o decorrer dos anos, até lhe deram um nome chique!
MAS, AFINAL, O QUE É ISSO DO JOURNALING? EXISTEM REGRAS?
O journaling nada mais é do que pegares num caderno, numa caneta, sentares-te onde te sentires confortável, e apontares todas as ocorrências da tua mente, coração e alma, sem usares filtros. A única regra – aliás, até lhe chamaria de segredo -, é transcreveres tudo o que te estiver entalado, sem receio de tropeçares em problemas, medos, receios, traumas, pois, para além de ti, mais ninguém lerá o que estás a esrever. Isto, naturalmente, se for o teu desejo. Caso contrário, aqueles pensamentos continuarão a pertencer-te a ti.
Embora sempre tenha apontado o meu dia-a-dia, comecei a levar esta prática muito mais a sério, quando me comprometi a fazer o desafio da Filipa Maia, os 21 dias de journaling. Não os cumpri a todos, mas os que levei avante serviram de inspiração para que eu nunca mais construísse empecilhos em torno dos meus desabafos. Como alternativa aos diálogos que, por vezes, não acontecem, recorro imenso ao papel pelos mais diversos motivos:
- Falar do meu dia;
- Apontar como me senti e que soluções arranjei;
- Que ideias foram surgindo e como as levar adiante;
- Trabalhar os traumas e que já pareciam resolvidos;
- Como pretendo melhorar o meu modo de comunicação;
- Mantras e afirmações;
- Entre infinitos outros tópicos.
QUANDO DAR USO AO JOURNAL?
Depende, essencialmente, da tua rotina e necessidades. Eu costumo usar o diário como complemento à meditação, e vice-versa. Sendo que medito à noite, gosto da sensação de dormir de cabeça vazia. No entanto, ultimamente, a urgência tornou-se outra: dou por mim de caderno ao colo e caneta empunhada, sentada no sofá pela manhã, a registar toda a vaga de pensamentos e emoções que, naquele momento, são premonientes.
Dou por mim a preencher cerca de sete ou oito páginas A5, num período de 30/60 minutos – ou mais, gosto do estilo livre! -, contrariamente ao período da noite, no qual estando mais cansada, reservo-me a um máximo de duas/três páginas. Isto se não for o caso de estar MESMO a necessitar de arquivar as ideias intermitentes. É, portanto, relativo. Podes, também, andar com o caderninho atrás e, ao longo do dia, apontar o que te for surgindo, para que a mente não empaque numa determinada crença limitante.
O QUE TENHO APRENDIDO…
Acredita, torna-se numa mais-valia quando admitimos existir um incómodo e nos livramos dele de imediato. Por questões de ego e orgulho, creio, genuinamente, existir alguma dificuldade em encararmos de frente as nossas idiossincrasias. Afinal, também eu vivo isso. Todavia, torna-se estupidamente compensador revisitar certos registos, sobretudo por reconhecer a evolução. Nunca me senti tão minha amiga, como nos últimos tempos.
Na falta de abraços, palavras doces, conselhos para a vida, tenho usado estes momentos de reflexão para trabalhar na minha amizade, no meu companheirismo, na minha presença e intuição. Quando necessito de chorar, não me coíbo de o fazer. Ouvi, há uns dias neste vídeo, que “A lágrima vem como uma abertura”. Por conseguinte, é um modo de gerarmos espaço no nosso íntimo, para que possamos abraçar novos amores, novos desafios, para que estejamos aptos a criar novas narrativas!
A minha mente, não obstante a velocidade a que corre, tem descoberto métodos de se acalmar. E, o facto de eu admitir ser uma pessoa ansiosa e sofrer na pele e no peito as consequências, ajuda-me a compreender as suas origens, tal como a buscar soluções para ela. Se acordo com dores no peito, faço por apontar. Se, enquanto estiver a escrever, o compasso do coração aumentar e, consequentemente, sentir dores, vou saber que aquele tópico em específico me incomoda de alguma maneira.
A partir do momento em que escutei que a ansiedade é nossa amiga por denunciar uma causa, que algo em mim se tranquilizou.
O facto é que a ansiedade apenas sussurra que algo não está bem e, felizmente, a minha é daquelas que posso explorar primeiramente sozinha, para só depois a partilhar com alguém de confiança e que me possa auxiliar. O journal é um veículo de suma importância para mim por me permitir olhar para o meu íntimo com uma determinada intenção, esta sendo a de me melhorar, e escavar até onde me for possível, naquele momento.
É um amigo que me escuta, que atura as minhas birras, que gargalha com os meus relatos mais mirabolantes. Faz-me tão bem que, de 31 de julho de 2019 até hoje, já preenchi cerca de cinco cadernos A5… Sim, cinco e estou a caminhar para o sexto! Sei que existem métodos que funcionam melhor para uns do que para outros. Inegavelmente, pois, somos todos diferentes.
Contudo, este é daqueles que gosto de aconselhar, por questões que eu sozinha não conseguiria enumerar. É uma alternativa de organização mental e com a qual todos poderão beneficiar. Incluindo tu, se nunca experimentaste. Adapta-lo à tua personalidade, tenta criar um hábito sobre ele… Contando que funcione, será um máximo. Caso contrário, conceitos do género não faltarão!
4 Comments
Tim
8 de Novembro, 2020 at 16:05Não sei se ter um diário conta, mas a escrita para mim ajuda-me a acalmar e a desabafar comigo mesma 🙂
Carolayne
9 de Novembro, 2020 at 20:40Sim, conta na perfeição!! *-*
Escrever ajuda em tanta coisa… É incrível!
FOLHAS SOLTAS | 19 de novembro de 2020 | imperium blog
20 de Novembro, 2020 at 20:41[…] Decidir sem nunca abandonar os planos da entidade que fui; escolher sem nunca construir armadilhas para a versão que pretendo moldar e encaminhar para o sucesso. Não propriamente de idiossincrasias financeiras, mas antes emocionais, psicológicas, de saúde mental, espiritual e física. Conforme os dedos passeiam pelo teclado do computador, a esfera da ansiedade que se me palpitava na introdução tem diminuído. Afinal, a nova Carolayne apenas pretendia dar voz aos seus monólogos e que, felizmente, são impressos no seu journal. […]
Um Domingo como os Outros, mas Diferente dos Demais | imperium blog
21 de Abril, 2021 at 9:11[…] a nada mais do que registos do meu quotidiano. Como se estivesse a estender a função do meu caderno de reflexões para […]