No meu íntimo, seria impensável terminar as publicações acerca de Paris e de São Miguel da maneira que as terminei, sem qualquer tipo de reflexão mais profunda. Não que fosse necessário, mas achei por bem parar um pouco e refletir, após semanas, acerca dos aspetos que me mudaram com estas viagens. O que não passa despercebido a ninguém, mas principalmente a mim, é o facto de eu ter regressado de ambas as viagens com uma postura mais calma e um tanto reservada, na medida em que me obrigo a avaliar tudo ao meu redor, sem dar espaço para as atribulações com as quais normalmente tenho de confraternizar no dia-a-dia.
Quando digo atribulações refiro-me às minhas ansiedades, ao meu stress precoce, à quantidade de coisas e momentos que deito de mão beijada para a fogueira, sem sequer valorizá-los. Tanto numa como na outra, ganhei um novo espírito de aventura, empatia e superação. Por muito curto que seja o tempo que eu disponho para determinada atividade, aprendi de que vale sempre a pena aproveitá-lo e retirar da experiência novas lembranças e lições. O futuro é uma coisa incerta, porém, o presente não tem de o ser também.
Estar longe da minha zona de conforto ajudou-me a abdicar de certos pensamentos tóxicos que eu alimentava, deu-me a mão para me erguer dos buracos que fui abrindo aos meus pés. Raros passaram a ser os momentos em que matei os minutos com afazeres “desnecessários”. De certa forma, recuperei aquela minha ânsia de ter as coisas no lugar, bem feitas e preparadas caso surja algum imprevisto. Aquele mês em viagens não me permitiu ficar aborrecida, pelo contrário, todos os dias tinha o que fazer e que me ocupassem a cabeça, afastando as energias negativas que me perseguiam e me atacavam sem eu permitir.
Dentro de tantas lições internas, o melhor de tudo foi o regresso a casa. Aprendi a descansar, a valorizar os meus hobbies e muito ando eu a repensar acerca daquilo que quero com eles… A minha afeição para com as pessoas se transfigurou, na medida em que soube realmente o que era sentir falta de alguém e estar viciada nela. Deixei-me de vícios, aprofundei a minha capacidade de dizer “não” e de me defender, seja através de palavras ou do olhar em conjunto com o silêncio desconfortável que muitos não gostam de receber enquanto resposta. Embora ainda exista tanto para partilhar, seja através de textos, fotografias, conversações, tive de me consciencializar de que o difícil é fazer… E eis-me aqui, fazendo!
No Comments