SER LIVRE DE MIM MESMA

folha A4, uma única página iluminada pelo espetáculo no decorrer do pôr-do-sol // 18:50 e poucos
Não querendo denegrir todas as palavras que já partilhei em relação às mudanças, é-me mais do que evidente o pânico que tenho delas. Exatamente por reconhecer o trabalho que implicam. Trata-se de uma relação ambígua, pautada de momentos que, há uns tempos, eu preferia enterrar junto ao inconsciente. Ando-me a dedicar às reflexões que me gelam o espírito, desintoxicando-me dos receios e dos obstáculos, dando por mim a ser cabeça de cartaz de um teatro mal organizado e que passa despercebido pela radical penumbra das cortinas deixadas a meio. Reconheço-me a vilã de toda a história à qual me dediquei na hora de produzir um perfeito guião mal planeado à luz das velas, confundindo a presença de espírito com as sombras das palavras que deixei por escrever, na pressa de disfarçar a ansiedade de não as ver, na realidade. Mais do que nunca, quero-me resolver. Quero poder ser capaz de preencher as lacunas do meu ser, podendo sê-lo. Quero apaziguar as más memórias, reverter os maus pensamentos e arquitetar novos planos, a partir de outras esquinas. Quero libertar-me dos limites que, inconscientemente, desenho sobre mim mesma, sussurrando caminhos que se vão afunilando à minha chegada. Quero expandir o horizonte para lá desse inexistente espaço e erguer, por fim, a cortina que me abraça, sofregamente. Desejo ser como as nuvens que se fundem aleatoriamente com a partida do sol que, assim que aterra do novo destino, lhes concede a opção de continuar a sua jornada, experimentando novas maneiras de ser. É exatamente isso o que eu quero. Ser livre de mim mesma.

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