Oba, oba, oba. Daqui a uns dias faço anos e confesso que não estou em mim. Quando escutava que a partir dos 20 o tempo passaria a correr, julguei que fosse a brincar. No entanto, aqui estou eu para corroborar com estes relatos e afirmar que, sim, o tempo ganha outra dimensão conforme vamos crescendo. Acredito que pelo volume de tarefas que se tornam responsabilidades e uma certa pressão que nos incutem… Mas que pode ser contornada, conforme a nossa predisposição para tal.
A caminho dos 23, tenho-me dado conta das diferenças entre o que idealizei e o que, de facto, se tem sucedido na minha vida.
Obviamente que nem tudo corresponde. Se eu vivesse o que parte das minhas fantasias modelou, a minha casa não seria esta, nem tão pouco conheceria os meus amigos. As condições seriam outras e, acima de tudo, eu seria diferente. Não obstante, sinto que a minha realidade está melhor do que alguma vez concebi, embora possa ser aprimorada em alguns aspetos. Nada de muito extraordinário, são apenas detalhes que a mim, ao espectro interno, dizem respeito.
Aliás, ser brindada com esta percepção tranquiliza-me de dia para dia. Esta de que as mudanças externas dependem, e de que maneira, das mudanças internas… E que estas últimas dependem da minha consciência e vontade de fazer acontecer. A criança que em mim habita saltita de alegria. Saltita, pois, eu já não sinto o que costumava sentir. Um peso enorme no peito, como se de uma rocha se tratasse.
Eu maltratei-me imenso. Eu costumava ser muito mázinha comigo, cobrando-me por coisas que eu jamais poderia contornar, dado que não dependiam de mim.
Movida pela ideia de sucesso, felicidade e realização que nos incapacita de sonhar, confesso que as minhas armaduras levaram a melhor de mim. Felizmente, houve um momento da minha existência em que a transformação deu o ar da sua graça e eu fui convidada a integrá-la. Inicialmente, fazia-o por causa dos outros. Devido ao que eles poderiam ou não pensar de mim.
As minhas motivações habitavam no ambiente externo… Até que um cadeado se desbloqueou dentro de mim, a minha visão expandiu e eu compreendi que o principal impulsionador das minhas mudanças devo ser eu. Que eu devo mudar se assim o desejar e consoante as minhas regras. Aí sim o processo se intensificou e ganhou novos contornos. Novos significados.
Essa tal liberdade da qual me gabo, que traz consigo uma bagagem sincera de traumas, medos, inseguranças, vulnerabilidades, capacidades, amor e um fogo ardente… Essa tal liberdade apresentou-se-me e abraçou-me, entranhando-se-me pelo espírito e pelo coração, tornando-se num guia. Tudo o que faço, digo, penso, desejo, é inspirado nessa liberdade de ser. De estar e de amar.
Pelo modo como o descrevo, deixa-me que te diga que também não é assim tão linear. Fantástico, sim… Mágico, de igual modo.
Contudo, para me inteirar desse estado totalmente livre, eu questiono e quebro pré-conceitos que guardo de mim mesma e do mundo. Eu estou disposta a bater de frente com os meus demónios, a questioná-los. Abraço, com alguma reticência e, depois, com muita sensibilidade, a minha vulnerabilidade, os meus momentos de choro, as minhas explosões de felicidade. Tenho reaprendido a sonhar, a fantasiar e a acreditar.
Conforme o tempo passa, estou a redescobrir o amor, o meu jeito de amar e de o expressar. Eu costumava depositar na transição dos anos novos toda a responsabilidade da novidade. Da mudança. Para mim, no entanto, essa transição passou a acontecer assim que apago as velas. Sinto que no meu dia de anos, eu renasço e me reencontro.
Ao longo de cada primavera, os 365 dias existem para que eu me conheça mais e melhor, para que eu me unifique cada vez mais. E ao terminar esta jornada dos 22, percebo como é tão surreal a simplicidade da vida, assim que me vou entregando. Tudo o que necessito de saber rodeia-me e a descoberta acontece quando, dentro de mim, as peças encaixam. As respostas pairam por aí e eu vou captando-as à medida em que vou despertando.
Uma das melhores coisas que me aconteceu foi ter descoberto o mundo espiritual e esotérico.
Ao contrário do que eu defendia no passado, esta vertente da vida é muito mais ampla e interessante do que os céticos dão a entender… (E atenção que eu já fui uma delas!). Tal como mencionei num destes artigos, os conhecimentos da humanidade baseiam-se em diversas áreas de interesse e saber, sendo uma delas o místico, o espiritual. Não é à toa que nos apaixonamos por estes aspetos nos filmes, pois, gostaríamos de ter a facilidade de estalar os dedos e de concretizar desejos.
E eu tenho descoberto que tudo isso é possível, quando o manifesto. A magia, esta arte da transformação da realidade, é possível. Não estalando os dedos, mas entrando em comunhão com a Natureza, com as forças cósmicas e da criação. Criando condições e trilhando pelo desconhecido, crente de que tudo dará certo, mesmo que aquele determinado capitulo seja desafiante.
Estamos interligados por uma só matéria. E eu sempre quis compreender isto, apenas procurei nos sítios que não encaixavam comigo. Há quem o descubra ao ler sobre física quântica, ao ver documentários e séries como “Dark”… Pela parte que me toca, cheguei lá também pela física, mas, sobretudo, pelo esotérico. Nunca estive no caminho errado, eu só não tinha noção do que me estava a acontecer e com os demais.
Por muito que me queira especificar, tornar-se-ia um tanto impossível, pois, são conhecimentos que levam o seu tempo a ser processados, a enraizar.
E eu sei que levarei anos até os estreitar, visto que esta jornada não tem meio de terminar. Espero eu, então, que não termine nunca! Não sei bem como será o meu dia de anos, contando que estarei metade do dia a trabalhar e a conviver com pessoas que surgiram de modo inesperado. Também sei que a parte da manhã será dedicada aos meus pais. Ademais, algo se me palpita que estive em modo de preparação ao longo destes anos para finalmente colher um lado meu que esteve submerso…
Como tal, ele trará ocasiões recheadas de alegria, surpresas, desânimos e superações. Ou seja, uma balança bastante equilibrada e enriquecedora. Pela primeira vez, vou soprar velas com o ânimo redobrado, de peito aberto e segura do fluxo pelo qual mergulho e boio, aquando da ociosidade existencial. Para os dias que se seguem, abordarei mais do que aprendi, desejo e pretendo que aconteça daqui adiante.
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