Eis uma questão sobre a qual me debrucei, há dias: as minhas qualidades. Confesso que estou a passar por uma fase que me faz questionar, de maneira séria e confusa, a pessoa que sou, aquilo que tenho e a pessoa que quero ser. Há imenso tempo que luto contra esta mania de me auto-depreciar, elevando ao pódio todas as porcarias que faço, todos os erros que cometo, definindo-me como tal. Contudo, e desde que me apercebi de que sou humana como todos, tem-me sido mais fácil equilibrar os ditos defeitos e as qualidades. Desta vez, a Carolina arranjou uma forma de nos colocar a refletir de maneira positiva, e eu não poderia estar mais alegre pela oportunidade de escrever isto para mim. Acima de tudo, acredito que este tema servirá como uma carta from self to self, para cada um dos participantes.
Assim que li que era suposto enumerarmos treze das nossas muitas qualidades, senti um orgulho a florescer no meu íntimo, tamanha a lista que se me formou na minha mente. Posso dar primazia aos meus defeitos, no entanto, nunca o faço sem antes pensar nas qualidades, e isso é muito importante. Faço sempre por achar um equilíbrio entre as partes, pois, detesto assuntos desarrumados e por categorizar. Foi no autocarro, a caminho da faculdade, quando esta lista se formou e a vontade é a de acrescentar ainda mais itens!
Paciente Na maior parte das vezes, embora não pareça. Mais do que possam julgar, eu sou uma pessoa que se consegue conter mediante as situações, tendo vindo a aprender a esperar por elas, sem me alimentar da ansiedade. Posso abanar a perna quando quero que algo aconteça, posso andar de um lado para o outro quando não sei o que fazer, mas se querem alguém ao vosso lado que saiba aguardar, de respiração pausada e uma calma de desconfiar, essa pessoa sou eu!
Artística e criativa Como penso já dar a entender, há algum tempo. Foi uma descoberta que fiz no início do secundário, e desde aí que faço por nunca perder a luz que me guia pelas Artes. Reconheço que poderia consumir e fazer muito mais enquanto artista, porém, tenho-me vindo a esforçar, sendo ao criar projetos, participar de outros, lendo, escrevendo e dançando na rua, quando me dá na cabeça. Quando não dialogo pela boca, isso não é sinónimo de ter a mente parada, muito pelo contrário. Quanto mais silenciosa, mais histórias magico, mais publicações concebo, mais edifícios imagino, mais receitas preparo… A minha mente não tem limites, mesmo quando cansada e ansiosa por um descanso merecido.
Focada em grande parte das ocasiões Porque não é de hoje que os meus esforços são recompensados devido ao meu foco. Não digo que acerto sempre nas fórmulas, contudo, nunca paro de trabalhar até me sentir satisfeita com as tarefas que elaboro. Com a mesma rapidez com que me concentro em algo, sou bem capaz de dispersar e arranjar vontade de me focar noutra, e assim sucessivamente. Apesar de tudo, quando tenho de cumprir com algo, não há nada que me demova de o fazer e eu adoro isso em mim!
Força de vontade Mais quando conversamos acerca de alimentação e exercício físico. Sei que existem milhares de pessoas que madrugam para exercitar o corpo, outras que destinam a hora de almoço para tal e ainda quem tire sempre uma hora depois do jantar para a caminhada… Todavia, sinto que é só de mim quando sou eu a fazê-lo, principalmente quando 90% da motivação, do esforço, dos gritos de guerra para continuar surgem de dentro de mim.
É difícil manipular os horários para treinarmos, é difícil dedicarmos duas horas para preparar ementas e refeições, é difícil observarmos os outros a comerem certas coisas que nos apetecem na altura mas que não podemos, contudo, não é impossível. E conhecendo os dois lados da moeda, sei bem do que falo! Ter força de vontade é uma qualidade que, com o passar do tempo, se tem vindo a tornar mais forte e que só não vence por completo porque eu me auto-saboto e depois faço porcaria. Mas eu não pretendo desistir e é importante que nenhum de vós também!
Gosto de cumprir horários Não sei com quem é que aprendi a ser assim, mas se for para aparecer meia hora antes do combinado, só pelo prazer de derrotar a ansiedade, então eu sou a candidata #1 no que toca a cumprir horários. Honestamente, em relação aos horários da faculdade, sou sincera quando digo que, por vezes, me desleixo, mas fora disso, não há saída em que eu não chegue cedo, só para garantir que tenho margem de manobra para qualquer imprevisto. Detesto atrasos – principalmente os meus! – pois, acho desgostoso perder tempo com assuntos que não têm assim tanta importância, quando o poderia dedicar a algo que realmente gosto!
Nunca deixo ninguém na mão Detesto, detesto, detesto quando me contam que, outrora, alguém os abandonou e não os ajudaram, quando mais precisaram. Tendo em conta a experiência, sei bem como é quando nos deixam nas mãos do destino, sozinhos e sem rumo, somente porque desistiram ou nunca se dignaram em ajudar. Como tal, faço sempre por estar lá para os meus, independentemente da gravidade da situação. Gosto de estar presente, gosto de ouvir, gosto de aconselhar e de sentir que fiz algo por alguém, mudando-lhe o desfecho do dia… Existem coisas dolorosas, mas nada é tão triste quanto deixar alguém a chorar sozinho, quando poderiam ter um ombro que lhes amparasse. E, receando que tal me volte a acontecer, faço questão de nunca permitir que se suceda com os outros!
Sentido de humor Eu rio-me de tudo! Não das coisas más e trágicas, mas sim das que merecem mesmo uma boa risada. Raramente levo as coisas que dizem a mal, mesmo quando a intenção é de me magoarem, por uma simples razão: não estou para me chatear quando o objetivo dos demais é o de ver os outros na merda. Bem assim. Se me quiserem ofender, juntem-me à festa porque duvido, daqui até à lua, que saibam tantas coisas más acerca de mim quanto eu sei de mim mesma.
Se julgam que me podem atirar piadas racistas ou machistas à cara, eu simplesmente vos encaro, sorrio e desejo toda a sorte do mundo para a vossa estupidez. De verdade. Por outro lado, estou sempre a fazer piadas e a construir boas vibes num espaço, pois, é algo que sinto faltar nos grupos em geral: motivos genuínos para sorrir. Sou uma autêntica palhaça, e embora também encare muitas situações de postura hirta, usualmente é tudo na ‘descontra, sem stress e de solução em construção!
Organizada Adoro ter tudo no sítio: desde o mais pequeno pin, aos meus trabalhos da faculdade. Sofro um bocado de OCD sempre que algo me falha na percepção de arrumação, indo automaticamente dispor conforme o meu estilo, se tal me for possível. É claro que não me coloco a entrar em todos os domicílios feita uma doida, mas confesso que, por vezes, vontade não me falta! Para além de fronteiras físicas, no que toca a escrevinhar listas, pautar horários e organizar eventos, faço sempre por ter tudo em dia, pelas mesmas razões de gostar de cumprir horários!
Os meus abraços Sou mais de abraços do que de beijinhos. Quem convive comigo sabe bem disso. Valorizo muito mais este tipo de contacto do que qualquer outro, apesar de respeitar quando preferem um aperto de mãos ou um aceno de cabeças. Abraçar, para mim, é uma alternativa ao ato de respirar, trocar ideias e dar consolo. Quantas e quantas vezes é que um abraço já não me salvou? Quantas e quantas vezes é que já não me disseram que os seus dias estavam ainda melhores, por terem recebido um abraço meu?
Quantas e quantas pessoas é que já não me pediram por um abraço, acrescentando de que passaram a noite inteira a desejar por um? Só quem aqui esteve é que sabe: não há cá meios-termos; gosto de apertar até não sentir mais o corpo, depositando por vezes um beijo na testa e uma palavra de conforto, porque não deixa de ser importante. Durante anos, desejei travar amizades com pessoas que soubessem como dar abraços como eu. Passados anos, reconheci nos deles os meus abraços e sei agora que é a melhor coisa deste mundo!
Orgulhosa “Espera, como assim?” – O orgulho serve para os dois lados: tanto como defeito, mas de igual modo como qualidade. Para hoje, temo-lo como qualidade. O orgulho é visto por muitos como uma coisa má e que nos transforma em pessoas egoístas, todavia, não tem de ser sempre assim. Ser orgulhoso é, também, defender as nossas ideias até vencermos por elas, quando achamos que é o melhor para nós. Ser orgulhoso é bater com o pé no chão quando sentimos que nos estão a desvalorizar, acabando por sair daquele ambiente tóxico e que não nos faz crescer. Estar orgulhoso é, na maior parte das vezes, reconhecer o nosso mérito e celebrar por ele. Como podem observar, não é assim tão mau!
Boa cozinheira Se um dia se disponibilizarem para procurar o meu amor, certamente encontrá-lo-ão nos meus cozinhados. Não o digo com uma conotação de conquista, mas sim de forma geral. Quando cozinho, deposito a minha alma naquilo que estou a fazer, obtendo sempre bons resultados. Daí eu ficar extremamente ofendida quando recusam comida das minhas mãos. Adoro cozinhar para os meus, organizar almoçaradas e jantaradas onde o anfitrião é a minha comida, sou apologista de que a comida une as pessoas e, até agora, nunca testemunhei o contrário. Considero-me uma polivalente pelas diversas tarefas que executo com prontidão, mas saber cozinhar – e muito bem! -, nunca perdendo elogios de todas as partes, é o que me deixa sem palavras!
Inteligente Sempre o fui e não tenho como negar. Inicialmente, acreditava nisto pelas notas e prémios que recebia, mas com a idade, fui-me apercebendo de que ser inteligente implica não só sabermos aplicar o nosso conhecimento, quanto saber gostar, saber escolher, saber o saber. Gosto de pensar, sei que o faço bem – embora de maneira hermética, por vezes! -, e junto de tantas outras questões, isso é o que me torna inteligente… Saber olhar para um conflito e descomplicá-lo de tal modo, que o soluciono em questão de segundos… Ou então, saber negociar sem me dar conta, trazendo benefícios para todos. Ou mesmo respeitar os outros por aquilo que são. E por aí vai!…
Persistente Esta característica tem o que se lhe diga, e por muito que não devamos insistir com certos assuntos, pessoas, situações, é fulcral nunca desistirmos de dar um check ao vizinho do lado. Por muito que ele negue, por muito que nos garantam de que está tudo bem, muitas das vezes não está e faz toda e qualquer diferença garantirmos de que todos dormirão descansados por aquela noite. Falo de ser persistente com os outros, mas também nunca me esqueço de o ser por mim. Deixar um banho-maria, o que quer que seja, é um meio de solucionarmos o que de mais nos importuna. Não obstante, não o é desprezando que chegamos a um consenso, e é aqui que entra a persistência. Nunca desisti devido a isso e, espero, que nunca me falte desta qualidade!
À Carolina, muito obrigada por este tema! ♥
Publicação inserida no desafio “1+3”, criado pela Carolina Nelas. Podem saber mais sobre o projeto AQUI.
1 Comment
Ângela
21 de Junho, 2018 at 17:17adoro a iniciativa. tenho de ver se ainda vou a tempo de participar nela também.http://arrblogs.blogspot.com/