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20 ANOS DE APRENDIZAGENS | UMA PSEUDO LISTA

12 de Julho, 2018
Vou aproveitar o facto de ter feito anos há um mês e dias, para escrever a tão famosa publicação acerca das nossas aprendizagens em determinado ano. Para além de não achar incoerente trazê-la após este tempo todo, sou da opinião de que desta vez, faz mais do que sentido ter tido um mês inteiro para dormir sobre as minhas aprendizagens. Desde as mais pequenas circunstâncias, às rasteiras que a própria faculdade teve o prazer de me fazer – obrigada, Vida -, esta publicação tanto poderá contar com cinco pontos, tal como com vinte. Tudo dependerá do meu humor ao longo da escrita!
E começo logo por isso.
#1 Vinte anos no planeta Terra e só muito recentemente é que ando a aprender a controlar o meu humor. Grande parte da alteração tem-se manifestado devido às minhas mudanças de hábitos – tanto alimentares quanto do quotidiano em geral -, o que me tem valido bastante. Para além de sair da cama na maior parte dos dias com vontade de dar bons dias a toda a gente – sim, sou daquelas que precisa de duas horas para despertar e conseguir dialogar em condições! -, os que me rodeiam também beneficiam do meu bom-humor para tudo. Posso ser uma teimosa de primeira, porventura, não posso descurar da quantidade de vantagens que isto me trouxe;
#2 Valorizar todos os momentos, a toda a hora, pois, nunca se sabe quando é que podemos receber a notícia de que alguém faleceu, adoeceu, mudou de país;
#3 Aprendi a fazer o meu luto. Não dei uso a roupas pretas, não fiquei em silêncio, simplesmente digeri a informação, chorei e segui em frente. Até hoje, sinto-me a corroer pelas coisas das quais me arrependo de não ter feito, todavia, faço por extrair coisas boas desse sentimento, não me deixando abalar por completo;
#4 A gestão de conflitos externos, mesmo já tendo os nossos para viver, é tão importante quanto os ignorarmos. Por vezes, os problemas correm até nós, ofegantes e sedentos de água e a única solução saudável é dar-lhes a água – tanto quanto eles realmente precisarem! – e mandá-los embora. Neste ano, mais do que o normal, vi-me embrenhada em situações que não eram minhas – e as quais, estupidamente, fiz questão de carregar como se fossem -… Felizmente, as coisas acabaram por se resolver e, tão cedo, não me meto em mais acontecimentos do género!;
#5 Este ponto deveria ter sido o primeiro, mas aqui está: aprendi a amar em condições e, com esse amor, dissequei imensa informação do meu ser e que eu tão bem gostava de esconder da luz da verdade. Está dito!;
#6 Aprendi a aproveitar o silêncio da minha casa, consciente de que mais ninguém estaria por aqui para conversar comigo às nove ou dez da noite. Ainda não vos cheguei a contar como foi o meu mês de maio devido à ausência da minha mãe, mas só devido a isso, eu poderia montar uma lista enorme de experiências que arrecadei, porém, temos imenso tempo para isso;
#7 Por muito indecisa que eu me possa encontrar, pensar nas boas pessoas que fui recebendo na vida, alegra-me o espírito e fá-lo beber de uma certa quietude. Já passei por tanto, já desejei tanto, já me desiludi tanto, que me ver onde me vejo é quase que absurdo de tão bom. As minhas pessoas, os meus amigos, alguns dos meus familiares, todos eles contribuem para a construção da minha personalidade e que se está a tornar cada vez mais forte e determinada! Deixei de ter medo de me expressar em frente de alguns deles, os tabus já nem são considerados e, nos picos de maior ansiedade, quem é que normalmente está aqui? Exatamente!;
#8 Sempre partilhei de um lado procrastinador danado, contudo, nos últimos meses, faço por perceber a razão pela qual lhe dou tanto espaço no meu espetáculo. Forçadamente, tive de aprender a não deixar nada para a última, não obstante a minha aptidão para cumprir com prazos e responsabilidades. Estar na faculdade traz o seu quê de desafiante para as nossas vidas e por muito tentador que seja deitarmo-nos na cama nos dias de maior cansaço, quanto mais depressa e bem adiantarmos um trabalho, mais saudável para a nossa sanidade. Profiro pela faculdade, no entanto, isto se aplica a tudo!
#9 Comida de casa é sempre boa. Hoje e sempre, digam o que disserem. Passei o último mês de aulas praticamente a comprar almoço no refeitório e, só pelo dinheiro que gastei, arrependo-me de o ter feito. Compreendo que devido ao cansaço, confeccionar almoço se tornasse demasiado exaustivo, mas ainda assim… Se eu já valorizava os temperos caseiros, nesse mês, elevei a fasquia e prometi não repetir tal ousadia tão cedo!;
#10 Sabem aquelas vezes em que nos tornamos claustrofóbicos em relação a nós mesmos e todas as paredes que nos rodeiam se vão aproximando cada vez mais de nós, fechando-nos e nos sufocando, ao ponto de não termos por onde fugir? Apesar disso, bem pelo canto do olho, avistamos uma fresta por onde percorre a luz e ganhamos forças para arrancarmos as paredes e fugirmos dali?
A mal, tive de aprender a me refugiar nas épocas altas da ansiedade, mesmo que tal implicasse abandonar as minhas tarefas imprescindíveis e me aconchegar na janela da cozinha, onde o panorama natural se estende de um lado ao outro. Um facto que por vezes me salva é a certeza de que elaborar os meus hobbies é tão significativo como seguir as regras. Ser eu mesma noutras ocasiões é saudável e necessário, para além de me acordar para a realidade: eu não sou apenas a faculdade. Eu posso ser tudo o que eu me permitir a ser!;
#11 Deixei-me de tretas e passei a ser pessoa de agir e não somente me ficar pelas conceções dos meus projetos – e vamos colocar a arquitetura de lado! -. Ao passar os olhos pelas páginas antigas dos diários, captei uma certa repetição em relação aos meus queixumes e as origens para tal. Numa fração de segundos, eu sei-me capaz de alterar os rumos que adoto, tendo apenas de escolher aqueles que são realmente os mais acertados.
Por muito que erre, por muito que bata com a cabeça nas paredes, por mais desatinada que eu por vezes seja, nada justifica continuar a carregar as mágoas do passado, as repetições em forma de erro e a dinastia ingrata que me dá as voltas ao estômago. Vinte anos e agora sei por onde me virar, de maneira a obter resultados positivos em tudo. Vinte anos e eu só me faço de estúpida se assim o quiser… Vinte anos e se eu me conservar nesta espiral maníaca, então não haverá mais nada que eu poderei fazer!
#12 A família é aquela que escolhermos manter ao nosso lado. Esqueçam os laços de sangue e os discursos que apelam a que tal seja a única respeitada. Há medida em que o tempo vai passando, começamos por distinguir as origens das maiores e mais dolorosas facadas, o que obviamente nos obriga a recuar em certas circunstâncias, optando por outros trilhos. Tenho vinte, sempre fantasiei como seria ter amigos com esta idade e posso vos garantir, com as mãos no fogo, que eles são mais do que família… Mas é que muito mais mesmo! À parte dos incidentes que me levam a pensar assim, tenho a certeza de que esta minha ideia se tornará cada vez mais forte, ao ponto de eu jamais colocar outras questões na mesa.;
#13 Dormir com os estores abertos sabendo que estás protegida dos insetos é uma das melhores sensações de verão! Quem inventou as redes protectoras está de parabéns! Para além da brisa fresca que nos saúda, a oportunidade que nos é concedida de observar a vida noturna, a variação de movimentos, o nascer e o morrer do dia… Sem preocupações… Nem sei que mais dizer!;
#14 A minha vida, sem os meus pais, não seria nada! Sempre o soube, sempre o reconheci, contudo, nem sempre valorizei com consciência. Atualmente, dou graças pelos meus progenitores e aproveito todos os momentos para estar com eles. Sei que na eventualidade, terei de me mudar, criar a minha própria família, mas até lá, há muito que partilhar com eles. Quero dizer, hoje e sempre! (obviamente, tendo noção de que nada dura para sempre!);…
#15 … Daí a dor ser passageira, tal como as desilusões e as expectativas. Uma estratégia magnífica para não colher desilusões? Desfazermo-nos das expectativas, em que situação for. Ora antes de um café, apresentações, etc…. Sempre que nos der na gana arquitetar todo o tipo de sonhos, sabendo nós que a probabilidade de acontecer é quase nula – o que não nos deve impedir de sonhar, atenção! -. Recentemente, receei encontrar-me com uma pessoa por não me ver em condições de elaborar as minhas típicas questões filosóficas e que me presenteiam com respostas magníficas… No segundo em que me comprometi em respirar fundo e aguardar pelo acontecimento, regressei a casa entusiasmada e feliz por tudo ter corrido melhor do que esperava!
A ansiedade consegue ser fodida, no entanto, é possível a manipularmos a nosso bel-prazer. Sou ansiosa desde miúda e quando me reconheci como tal, avaliei cada fragmento das inúmeras consequências que viver de tal me causaria, até encontrar as respostas que tanto sondei… A partir daí, tornou-se muito mais fácil de conviver com ela, mesmo nas alturas em que não a consigo controlar. Pensar em coisas positivas, recuar com os pensamentos maus e não rebolar no pessimismo feito porco na lama, são cenas pontuais e que, querendo ou não, surtem o seu efeito calmante!
#16 Já não me obrigo a nada. Aprendi que em casos raros, ir contra as minhas vontades e natureza tem o que seu quê de vantajoso. Nas outras vezes em que não penso assim, não há nada que me demova de desistir das minhas convicções. Se não quero e se me faz mal, não sou obrigada. Ponto.;
#17 Sei que confio imenso em alguém quando canto à sua frente. E a minha vergonha não é por não o saber fazer…;
#18 Não há mal algum em chorarmos em transportes públicos, se essa é a vontade que nos comanda o corpo em determinada ocasião. Já me ocorreu passar por isto duas vezes, e nessas vezes, tive de deitar fora. Nem desconfio se alguém me viu naquela situação, todavia, a verdade é que tive de me aguentar sozinha até chegar a casa e apenas numa dessas vezes, é que liguei a um amigo a pedir ajuda. Verdade seja dita, e se eu soubesse na altura, teria vindo direta para casa.;
#19 Um abraço bem dado e recebido, resolve 2/3 dos nossos problemas. E uma simples mensagem sentida, independentemente das fronteiras geográficas que nos separem de alguém, podem determinar se esse alguém escolhe ficar por cá, ou tomar decisões não tão felizes…;
#20 É possível que o coração e a mente funcionem em conjunto, basta que o nosso corpo faça para que tal seja possível. Quando aprendemos a medir os conflitos internos, os assuntos que nos apoquentam de maneira bizarra, convertem-se em pó e voltam para a terra, não mais nos tirando o sono. Não é assim tão linear, porventura, acaba por acontecer.

E por aí, partilhamos de alguma aprendizagem? ♥

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