Não há de ser a primeira nem a última vez que mencionarei o trabalho do Raphael Montes. Aliás, neste meio tempo, comecei e terminei outro livro seu, um dos que mais me irritou da sua bibliografia. Mas lá chegaremos.
Um grupo de jovens decide mudar de cidade, iniciando um ciclo na faculdade.
A casa em que escolhem ficar é perfeita, digna de um cenário de cinema. Contudo, consoante o tempo passa, uma crise económica assoma o país, a inflação não vê meios de parar e, como seria de esperar, a estadia na casa perfeita começa a tornar-se insustentável.
Até que Dante, o protagonista, descobre que a renda não tem sido paga, sendo o despejo a consequência. Como, então, é que pagarão o valor em atraso? É aqui que a nossa história começa, com um enigma sobre carne de gaivota que dá lugar a uma das soluções mais bizarras para se obter dinheiro e acertar contas.
De longe, este é o meu livro favorito do Raphael
Não só pela escrita, como pela hipnose que me causou. Não só o li em 2 dias, como me arrepiei a cada descrição, com o afunilar da narrativa e as mudanças pelas quais as personagens passaram.
Jantar Secreto é, sem dúvida, uma história bizarra, com contornos que me levaram a questionar a sanidade do escritor e a minha. Tenho muita curiosidade em torno destes livros por também eu já ter escrito uma história de terror psicológico/policial.
O Rapahel é um mestre em horror psicológico, com uma capacidade linguística gráfica que, facilmente, nos transporta para o cenário narrado. Ainda que nos faça sentir desconforto, é com ele às costas que prosseguimos viagem, intensificando-o a cada página.
Não há maneira de o deixar pendente.
Além do nojo em relação a várias questões, Raphael também nos planta uma curiosidade mortífera para descobrirmos como raio o livro termina. Foi por isso que ia sendo atropelada por duas trotinetes no mesmo intervalo de tempo, escorreguei e tropecei na rua, abdiquei de horas de sono….
Porque queria desvendar o mistério da carne de gaivota ao longo da leitura. Até ao momento, não consigo apontar aspetos negativos, creio que cada personagem, momentos, palavra foram colocados com a intenção de nos despertar algo, sem um nome em concreto, resultando nesta obra prima dos policiais brasileiros.
Se não chegaste a ler “O vilarejo” como aconselhei aqui, também podes começar a explorar este autor através do Jantar Secreto. Sentirás arrepios na espinha de qualquer forma!