Olhei para o céu e, inscrito nas nuvens, circulavam palavras de um lado para o outro e que pararam para mim. Como há muito não acontecia, olhei para o céu e vislumbrei o que, durante dias, ignorei. A beleza da natureza, apesar de a sentir, constantemente, em mim. Já se faz tarde, mas a vontade de escrever nunca cessa.
Pende, algures no Notion, uma página à qual queria destinar um texto sobre ter ideias, mas… Tal como as reticências denunciam, guardo em mim uma porção bastante generosa de coisas sobre as quais gostaria de falar, contudo, isto de estar a trabalhar e reaprender a ajustar rotinas tem o que se lhe diga.
Já não faz sentido para mim manter este facto em segredo, ainda para mais depois de ter gravado com o Carlos Nuno, um dos meus conterrâneos e que também tem um podcast. No “A vida tem recurso?” poderás encontrar a primeira parte do nosso episódio crossover. A experiência foi tão boa, que havemos de a repetir!
Nele, mencionei o facto de estar a trabalhar; falámos sobre racismo, preconceitos e tantas coisas mais que, eventualmente, eu hei de publicar pelo Congresso Botânico!
Escalou-se-me agora uma memória que quero partilhar. Recordei-me, portanto, dos pequenos gestos de amor que tenho espalhado pelo meu quotidiano, seja para comigo, com os desconhecidos e que ajudo sem medir a sua real necessidade… Ou no seio dos que me são queridos, independentemente da duração das nossas ligações.
Por longos anos, destinei a minha bondade a algumas pessoas que jamais a valorizaram. Por conseguinte, formatei-me a pensar que ser bondosa, que me abrir à possibilidade de ajudar, seria pura burrice e ingenuidade. Entregar o meu coração, mesmo que nos pequenos detalhes, seria meio caminho andado para me magoar.
No entanto, cada vez mais longe destas ideologias e sim entregue à curiosidade de conhecer os meus limites, dou por mim a fazer investimentos de tempo e dinheiro que, outrora, não encaixavam… Não só com o que fui absorvendo da perceção dos demais, como também pela minha incompreensão do meu Eu. Tenho-me despido, então, da ideia que alimentava de mim mesma, e dedico-me a reestruturar o que sempre quis, de verdade, para mim.
E, tal, resume-se a ser esta alma carinhosa, sorridente e que, embora ansiosa, respira fundo, escuta o seu coração e vai, mesmo temendo.
É crucial que eu mencione constantemente o medo. Não para enjoar, mas sim por ser a resposta para muita coisa que nunca aconteceu e que, aos poucos, se vai desenvolvendo… Parecendo que não, por outrora se ter tornado maior do que eu, impedi-me de ser espontânea, de agir quando o ímpeto se movimentava para esses quadrantes. Visto que lhe vou diminuindo a crista, conquistando o seu sentido conselheiro e não de imperador.
Nem tudo está solucionado. Seria ganancioso da minha parte dizer que sim. Contudo, sinto-me bem melhor em relação ao desfecho que destino a certas feridas e demónios, cortando os nossos vínculos. Deixá-los partir é muito melhor do que os aprisionar em nome da familiaridade. Posso até sentir-me estranha e vazia conforme as novas circunstâncias… Todavia, a liberdade que se segue em dar vida ao que melhor habita em mim compensa o triplo! ♥
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