O medo espreitava, com intenções de me consumir. Ao longo destes últimos meses, tive muito medo de não conseguir arranjar um meio para cumprir os meus objetivos. Senti-me perdida por tanto tempo, sem fazer a menor ideia de que caminho tomar, que já se estava tornar normal eu sentir-me uma espécie de fracasso.
Chorei bastante nos últimos meses e, consoante os dias passavam, moía-me por dentro a ideia de me ver obrigada a adiar, uma vez mais, planos e sonhos… Tudo por conta de circunstâncias que eu não posso controlar. Para além dos aprendizados recentes me relembrarem de que controlar é viver sob o medo, admito que reconheço um certo cansaço por detrás destas condutas.
Cansei-me de muita coisa, de algumas pessoas, de certos padrões… Logo, ter de acrescentar mais um drenante de energias seria impensável. O planeta continuou a girar e, por consequência de certas experiencias passadas, fui brindada com oportunidades douradas. Oportunidades essas que, até ao momento, me têm alimentado a esperança.
Uma esperança que eu julguei não mais encontrar, neste emaranhado de opções e caminhos por traçar. Neste poço que, a cada dia, se tornava mais oco e profundo, embora a luz continuasse a incidir pelo topo.
Mesmo que eu não me deva apoiar exclusivamente a um só pilar da vida, a verdade é que tem sido importante para mim ver as diferenças na minha rotina… Tem sido de suma importância ser o centro de muitas mudanças que têm ocorrido no meu quotidiano, apesar de ainda me estar a adaptar. Devido à terapia, a engrenagem das mudanças internas já estava a funcionar. Contudo, faltava-me algo, algo exterior a mim e que me fizesse observar de que nada estava perdido.
Tento compreender, de modo tranquilo, que encaixes devo preformar, que priorizações devo fazer. Onde e por que aplicar certas alterações, sempre em prol do meu bem-estar. O irónico de toda esta dinâmica é o facto de ser uma para a qual jurei nunca me inclinar. A vida, portanto, trocou-me as voltas e faz-me aceitar as razões de ser tão vantajoso arriscar.
Arriscar no desconhecido. Não temer o novo. Libertar-me dos complexos, dar-me a conhecer, mesmo que isso implique apenas sorrir com os olhos.
Não digo que não tenha passado por desafios que elevaram a minha ansiedade a um patamar com o qual já não estava familiarizada. Seria deveras utópico querer relatar a vida real sem os seus contornos por inteiro. É bom viver uma fase na qual impera a possibilidade de concretizar sonhos, todavia, há sempre percalços… Há sempre um danado de um desafio que me faz revirar os olhos, soltar gritos e arregaçar ainda mais as mangas.
Em suma, tive de deixar muita coisa para trás. Vi esfumarem-se momentos de lazer, ociosidade e elaborações mentais profundas. Por outro lado, há algo de mágico nestas ocasiões em que me apercebo de que me estou a tornar numa adulta com responsabilidades. Tanto para com o mundo, como para comigo mesma. Principalmente, para comigo mesma. E eis que, tão cedo, não deixarei que este momento me escape pelas mãos! ♥
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