E ASSIM FOI 2019…

A vida por si só representará sempre um enigma. Mas 2019 conseguiu intensificar esse facto, com uma força como nenhum outra. Confesso que jamais me passaria pela cabeça ter vivido as aventuras que vivi, ter-me submetido a situações nunca antes planeadas. Sei que toda a nossa existência se baseia nisso, na probabilidade de nenhum dos nossos planos sair, efetivamente, com o rosto que pretendemos, no entanto, um dos grandes ensinamentos de 2019 foi de que quando nos abrimos a um considerável leque de oportunidades desconhecidas, tudo se poderá suceder… Talvez não como desejado, mas muitas das vezes com melhor aspeto!

2019 ensinou-me a resguardar-me e a confiar, quando necessário. Aprendi que acima de qualquer outra pessoa, estamos nós, não de modo narcisista, mas antes como auto-respeito. Trata-se de um ciclo que não nos ensinam por meio de gestos e palavras, somente quando damos o corpo à situação: nós cuidamos dos que estão à nossa volta quando resolvidos connosco mesmos, pois, é-nos certo e sabido que assim será muito mais fácil e agradável para todos. Nós somos espelhos que absorvem e refletem todo o meio circundante, logo, acabamos por receber aquilo que damos… E a vida é perita em entregar-nos aquilo que pedimos, mesmo quando não nos apercebemos disso!

PH: @MILLESPHOTOS

2019 foi um ano em que tive de ser resiliente, humilde, estratega, indiferente, confiante… Em que tive de abdicar de imensa coisa para me poder entregar a tantas mais, no entanto, não me arrependo de nada! Julgo ser a primeira vez, em 21 anos, em que me sinto confortável pelas minhas ações e atitudes, confiante das minhas decisões, serena pelo que aí se aproxima, sem qualquer pingo de ansiedade. Não me arrependo das lágrimas, das risadas em plena rua, dos sabores aos quais me entreguei sem questionar, das viagens que realizei, dos abraços que partilhei, das declarações e dedicatórias que escrevi, de absolutamente nada! E sabem porquê? Porque eu sei o quão crucial foi cada momento para o meu desenvolvimento pessoal, para o meu crescimento enquanto ser humano, para o meu aprendizado…

Aprendi a valorizar ainda mais os momentos e não os objetos que obtemos, mesmo que por mérito ou oferta. Aprendi a não esconder nada de mim e a dispensar os filtros, na hora de me resolver. Aprendi a ter paciência e a compreender que, exterior a mim e do meu controlo, cada pessoa tem a sua vida, a sua rotina e que isso, implicitamente, afetará a nossa relação, no entanto, sem que isso a prejudique. Aprendi a lidar com a minha carência, estou a aprender a exigir cada vez menos dos aspetos que eu jamais poderei alterar, sem subjugar o valor que carrego em mim e que admiro nos demais. Aprendi que os amigos são as melhores pessoas com quem contar, mesmo que pelos detalhes mais insignificantes.

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Acima de tudo, aprendi a ser minha parceira, companheira, defensora e conselheira. Aprendi a ouvir o que a minha intuição tem para oferecer, a chorar à frente do mundo, a explodir sem ofender ninguém e a pedir ajuda. Cada vez mais, “paciência” tem sido a palavra de ordem e um mote pelo qual me guio, de curiosidade aguçada e o espírito aberto. A vida sabe o que faz. Ela sabe o que faz e eu, por muito tempo, duvidei que isso fosse verdade. A vida sabe de tal modo o que faz que nos leva a compreender as suas intenções com o apoio moral do tempo, esse que nos guia e nos capacita a criar planos e a lutar por eles. Passei a compreender as intenções da vida, a partir do momento em que me abri à possibilidade de existir uma ambiguidade no que toca à interpretação da minha e das diversas vivências que me rodeiam, diariamente.

Temos variadas opções nas quais nos apoiarmos e chamarmos de crenças; há quem goste de acreditar – ou desgoste, dependendo do ponto de vista – que a vida acontece só porque sim, o pragmatismo sendo o seu mote. Por outro lado, uns preferem crer de que existe sempre uma razão para os acontecimentos se despoletarem e sucederem, havendo ainda quem confie cegamente no destino e no facto de esse já estar previamente traçado e que, independentemente dos caminhos pelos quais optarmos, haveremos de chegar ao mesmo lugar. Já fui um misto de todas elas, de todas essas pessoas que divergem pelas suas crenças, pela sua opinião, pela sua singularidade. Continuo a destacar-me pela minha singular pluralidade, ainda acredito em coisas, no entanto, não se tratam das mesmas coisas, daquelas que me trouxeram até aqui.

PH:@ MILLESPHOTOS

Algures, foi-me alterada a realidade e nada mais soa ao mesmo. A maior mudança, sem sombra de dúvidas, foi passar a confiar cegamente em mim e na capacidade que eu tenho de influenciar o mundo pela positiva. A maior conquista foi ter criado uma oportunidade em mim para que a vida atuasse. A maior revelação foi ter admitido que o agnosticismo é a filosofia pela qual me guio, pois, tudo é demasiado amplo ao ponto de não significar nada, daí, ter passado a cogitar mais na significância de todos os aspetos que compõem a minha existência. Nas razões que nos motivam a querer evoluir um pouco mais, sabendo nós que, eventualmente, nada disto terá significado numa cova.

Chega a ser bonito a nossa dedicação em harmonizar tamanha fatalidade com a vontade de lhe trazer significado e valor, ao ponto de nunca desistirmos de lutar por um lugar na mente e no coração dos mais. Chega a ser trágico o desgaste que se vai incrustando pelos cantos da nossa alma e até um tanto poético esse salto a um abismo sem fim. Mas valem sempre a pena os atos de fé, sejam quais forem as inspirações por detrás e, neste ano em específico, retive uma lição que, tão cedo – e espero que nunca -, poderão arrancar de mim: eu tenho o poder de controlar a minha vida e de decidir por mim, conforme os meus desejos, as minhas necessidades e as minhas capacidades.

PH: @MILLESPHOTOS

Mesmo que me custe tempo, espaço e uma grande capacidade de raciocínio nunca antes trabalhada, surpreendi-me pelo facto de, ainda assim, eu me mostrar disponível para ultrapassar os limites que imponho a mim mesma, abolindo-os de vez! Há aspetos na nossa mente que se tratam de autênticas ilusões e quando passamos a compreender a simplicidade de todo o processo de auto perdão pelo qual devemos passar, se desejamos, enfim, ganhar mão do que carregamos no nosso íntimo, é como se tudo em nosso redor ganhasse uma leveza diferente e pontual, permitindo-nos vaguear para qualquer canto, sem obstáculos. Claro que grande parte destas alusões são apenas anologias àquilo que tenho vindo a sentir, mas o auto perdão tem mais importância do que aquela que lhe dedicamos.

Para 2020 e aos anos que lhe sucedem, guardo uma infinita lista de desejos para os quais trabalharei e espero ver realizados, tendo-os já apontado no meu diário de pensamentos. Quero apenas vincar o facto de eu acreditar que grande parte deles se realizarão e que será com imenso agrado que eu darei uma vista de olhos a este texto e sorrirei, grata por não me ter deixado abalar pelos receios do passado e pelo pânico de não saber ao certo por onde começar a maratona.  Um segredo que me ensinaram, em 2019: simplesmente começar a correr e ir apanhando o ritmo das decisões e das experiências. Tudo o resto vai-se improvisando. Obrigada, 2019, por tudo o que me deste, mesmo quando me tiraste imenso. Não obstante as perdas, fizeste por cuidar de mim e por me apresentar a infinitos universos com os quais me fundi, melhorando a pessoa que sou. Que, em 2020, estas aventuras nunca cessem! ♥

O que pensas sobre o assunto? Gostaria de ler a tua opinião! ♥

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