A CRISE DOS VINTE, É REAL?

2019 não começou como eu pretendia. Assim que o primeiro de Janeiro seguiu as passadas das doze badaladas, uma estranha sensação se apoderou do meu corpo, dando-me pistas para muitas dúvidas, muitos acontecimentos, muitas mudanças que requereriam a minha atenção. Se, naqueles primeiros dias, toda eu me questionava acerca do rumo que eu andava a tomar na minha vida, hoje, a seis de julho de dois mil e dezanove, já me sinto pronta para me auto conceder as respostas de que estava a precisar. 
Uma das minhas questões internas estava relacionada com a crise dos vinte. Rascunhei, por diversas ocasiões, fragmentos daquilo que eu tomava por essa crise. Algures, escrevi “que, de alguma maneira, eu me incuto à comparação com a vida dos demais” e que “sair dessa espiral implica muita auto reflexão e conhecimento”. No mesmo desabafo, escrevi que se trata de “uma crise despoletada não só pela nossa cabeça, mas principalmente pelas informações que a sociedade nos obriga a ingerir, sem questionamentos”
Há dois dias, ao me preparar para um acontecimento importante que estava prestes a suceder na minha vida, cheguei à conclusão de que a crise dos vinte existe e que tem muitas conexões com o facto de nos apercebermos enclausurados num sonho que não é nosso, a lutar por objetivos que não são nossos, com uma vontade diferente a se nos palpitar no peito, mas acerca da qual nutrimos receios e dúvidas. A crise dos vinte existe e, para mim, foi ter estado perdida e a me sentir obrigada a perseguir uma ambição com a qual já não me identificava, visto que grande parte da pressão que existe sobre mim – ou até mesmo toda a pressão existente -, sou eu que a moldo e utilizo contra mim mesma. 
 
 Esta crise constituiu, nada mais, nada menos, do que uma motivação para me deixar de frescuras e tentar compreender o que é que tanto guardo no peito e deixá-lo fluir. A tarefa de enfrentar todo o percurso até chegar ao dia de hoje fez com que eu me debatesse imenso, obrigou-me a chorar por muitas noites antes de adormecer, afixou no meu peito um peso e uma dor imensuráveis e indescritíveis, uma luta interna que estive a adiar e a adiar, desconfiando sempre da importância de a fazer acontecer… 
A crise dos vinte, para mim, foi saber reconhecer o quão tóxico é utilizar as redes sociais. O quão tóxico é me cobrar pelas conexões pessoais que eu tive de abandonar, em prol da minha saúde mental. O quão tóxico é deixar, à beira da estrada, todo o conjunto de atividades que nos aquecem o coração e nos inspiram a viver todos os dias que, na nossa percepção, são até certo ponto infinitos… Senti-me, nestes meses, incapaz de ultrapassar estas questões, mas agora basta!…
Basta, porque ainda sou jovem; basta, porque tenho imensas ideias e ambições que merecem o seu tempo de antena; basta, porque sou apenas uma e não tenho a obrigação de carregar tudo sozinha. Basta, porque embora existam dias cinzentos, o céu permanece lá e é imprevisível… Tal e qual, eu deveria saber me sentir eu, plena, segura, confiante, pese embora as tempestades e as suas consequências em mim. Por cada dia de dúvidas, espero ser capaz de me esclarecer para o triplo, sem nunca cessar na viagem. A crise dos vinte existe e eu não poderei permitir que ela leve o melhor de mim!

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