THE BIBLIOPHILE CLUB BOOK REVIEW \ “CALL ME BY YOUR NAME”, ANDRÉ ACIMAN – O LIVRO DE FEVEREIRO

Há obras por aí à deriva, quais ilhas por se descobrir, que apenas se pertencem e aguardam pela nossa chegada. Há por aí imensas páginas impressas com recortes daquela que poderia ter sido a nossa vida, se em algum momento dela, tivéssemos tropeçado noutras ocasiões e optado por outros caminhos. Há obras por aí que, por muito que o tempo que tiremos para pensar nelas equivale ao dobro daquele que levámos para a consumir, vai-nos transformando a rotina para uma mais complicada de levar adiante, tamanho o impacto no nosso coração. De tantas obras literárias que já me chegaram às mãos, o “Call Me By Your Name” foi das poucas que, de facto, me mudou e me permitiu presenciar essas mudanças: tanto na alma, como no coração e em redor de cada poro, ao longo de todo o meu corpo. 
 
 
Possibilitei-me metamorfosear, sem saber ao certo como descrever esse processo, de tão surreal e hermético. Exactamente por ter confrontando as duas interpretações desta história, é que me dou ao luxo de me questionar como pode uma mesma suscitar diferentes reacções num só intimo. Escrevi este desabafo com as primordiais emoções do filme à flor da pele e, embora muita coisa se tenha desenrolado desde então, reconheço cada peculiaridade daquelas palavras e do peso que eu carregava no peito.
 
Como tal, foi com imensa ternura que finalmente me lancei à versão original daquela que poderia ter sido a história de amor de qualquer um. Daí, até ao momento em que escrevo este texto, se me encolher o peito tamanha a dor, pois, me revi em imensas páginas, frases, palavras… A agonia e muitos dos traços do seu quotidiano que o Elio desabafa, poderia ter sido eu a descrevê-los, tamanha a sensibilidade que se deixou acrescer em mim, por todos os amores que já tive na vida.
 
Nenhum deles chegou ao patamar do romance descrito, mas não duvido da veracidade de qualquer um dos desejos impressos a cada par de páginas. Tenho a leve sensação de que me deveria sentar por mais uns dias e reflectir acerca de toda esta trama, mas ao mesmo tempo, isso seria arrastar o inevitável para longe de mim, à medida em que o fogo que se me assomou do corpo se afastaria dos meus dedos e me toldaria de visualizar toda a afluência de sentimentos provenientes, no que toca ao “Call Me By Your Name”.
 
Se a minha opinião acerca do filme foi bastante positiva, acerca do livro não tenho mal a dizer, muito pelo contrário. Toda eu sou um mar de opiniões bem vincadas e viradas para o positivismo da questão: se os ecrãs reflectem as partes mais bonitas da relação entre o Elio e o Oliver, o livro nos permite mergulhar de cabeça com mestria em direção aos detalhes e às idiossincrasias destas personalidades tão complexas, embora não exista um grande foco em as delinear sucintamente.
 
Vamo-las descobrindo momento por momento, à medida em que a leitura avança, tornando-se cada vez mais complicado a vontade de pousarmos o livro e descansarmos os olhos. Para dizer a verdade, nem mesmo eles clamam por descanso: o facto de poderem entregar à mente detalhes de uma aventura que muitos almejam experimentar, principalmente no verão, é um estimulante que eles claramente optam por não deixar de lado, muito menos quando o podem degustar sem pressas.
 
Não digo que seja devota dos conteúdos de romance em geral – teço esta opinião com base em todas as desilusões que já colhi na vida -, mas é exatamente por conta de registos como este, por trabalhos que reflectem uma paixão e muita transparência, que dou por mim a recuar e a repensar as minhas decisões. Sinto que todos os pedaços que julgo perdidos ou desconectados em mim, vivem incrustados nestas pequenas obras, que apenas aguardam pela minha chegada e conexão, sem pudor em as explorar.
 
Não sei se me expressei devidamente, mas a verdade é que esta história fez isto comigo: me deixou incrédula, sem chão, no entanto, com inúmeras estratégias para seguir em frente! Foi uma experiência que exalou beleza, sabedoria e até mesmo ingenuidade… E só articulando uma proximidade é que, de facto, se compreende a profundidade desta narrativa!
 
Já leram ou viram esta história? Como foi a experiência? ♥
 
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5 thoughts on “THE BIBLIOPHILE CLUB BOOK REVIEW \ “CALL ME BY YOUR NAME”, ANDRÉ ACIMAN – O LIVRO DE FEVEREIRO”

  1. Tenho imensa curiosidade! Também ainda não vi o filme, mas só vejo críticas positivas – especialmente em relação ao diálogo final, tanto na produção cinematográfica quanto no livro! 🙂

    1. Acho que gostarias bastante!! Tanto o livro quanto a adaptação são deveras elegantes e apelativos, e embora os finais sejam distintos – pessoalmente, gostei mais do final do livro! -, são ambos válidos e dignos de apreciação!!

  2. Mesmo sem conhecer a história – porque ainda não li, nem vi o filme -, já a sinto maravilhosa. Porque há tantas partilhas positivas, a realçar a sua qualidade, que a minha curiosidade aumenta sempre.
    E as tuas palavras aguçaram, ainda mais, o meu interesse *-*

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