Não sei bem o que é que me levou à aquisição desta aplicação, mas no dia cinco de outubro, fez-se-me o clique e instalei o “‘Headspace’“, uma app de meditação guiada e que, naquele dia, muito provavelmente me prometeu imenso. Lancei-me ao desafio sem quaisquer expectativas, afinal, há imenso que andava a tentar desconstruir esse meu lado e que em vez de me trazer coisas boas, só me entregou desilusões para as mãos.
No dia cinco de outubro, à noite, coloquei os fones, concentrei-me na voz do guia e, por três minutos, permiti-me a respirar, a dilatar a imaginação e a focar-me no necessário. Quando regressei a mim, jamais poderia ter acreditado de que eu estava sentada na cama, as luzes fracas e a provocarem uma ambiência confortável, o silêncio e a serenidade a me saudarem pelos quatros cantos do quarto.
Naqueles três minutos, eu viajei para um sítio qualquer e sobre o qual ainda não sei como explicar as sensações que deixa para trás.
Um mês e catorze dias se passaram e ainda pratico meditação guiada. Passei de sessões duplas num dia com a duração de três minutos cada, para um de dez à noite, antes de dormir. Na maior parte das vezes, é-me comum fazer uma pequena sessão durante o dia e outra maior à noite, mas o facto é: mais do que viciante, esta prática apresentou-me um conceito de desconexão e reencontro que, sem papas na língua, tento levar a todos aqueles com quem me dou. Mais do que isso, foco-me em não perder isso de mim.
Antes de sequer saber como é que a meditação funcionava, eu fazia parte do grupo de pessoas que entendia esta prática como um simples fechar de olhos, um controlo da respiração e o aguardar por uns minutos para regressar ao mundo real. Bom, para além destes passo-a-passo, meditar é muito mais do que estarmos ali concentrados de olhos fechados: meditar é auto-conhecimento, é resiliência, é auto perdoarmo-nos, é auto-controlo e tanto mais que não servem somente para aqueles minutos.
Após dias a dedicar-me, dei por mim a identificar mudanças no meu humor, na minha disposição, na minha empatia e, acima de tudo, na minha conexão com o mundo exterior partindo do princípio que o vivo com aquilo que vai dentro de mim. Houve dias em que a meditação me impactou tanto, que não pude deixar de chorar e admitir as situações que estavam erradas e que necessitavam de um conserto urgente.
Noutros casos, a sensação de me descobrir no meu canto, afinal, continua a ser uma surpresa e acredito que assim o será sempre… Estar capacitada em reconhecer que as coisas não estão bem e, ainda assim, descortinar-lhes o lado positivo é uma prenda que a meditação nos oferece de cada vez que optamos por não entrar num mar de stress, ansiedade ou depressão nos seus níveis mais extremos – isto, obviamente, quando ainda conseguimos controlar aquilo que existe no nosso íntimo! -.
Saber abrir a alma sem receios permite-nos receber todas as notícias do mundo e, ainda assim, acenar, refletir e procurar por soluções viáveis e vantajosas para todos.
Admitirmos de que não há mal algum em deixar passar ou, pelo contrário, continuar a guardar uma emoção, um sentimento, uma vontade ou certeza, tudo isto são portas que decidimos abrir ou fechar conforme as necessidades, confiantes de que aquela foi a decisão mais acertada. Após quarenta e cinco dias, identifiquei aquilo que procurava e que não estava diante dos meus olhos.
Aquilo que eu tanto tentava escavar algures habita em mim, na minha mente, no meu coração, nos meus anseios, nas minhas características, nos meus erros e nas minhas vitórias. Toda eu sou o ser que eu ansiava esbarrar nesta viagem. Não é narcisismo, egoísmo, egocentrismos… É o perdão que eu me concedi a mim mesma quando, numa das sessões, me apercebi fechada num recinto sem entrada nem saída, num invólucro que apenas serviu para me defender do mundo e não aproveitá-lo devidamente!
Há ainda muito para resolver nesta personalidade que me é tão minha, nestes sonhos que por vezes falam mais alto, mas é persistindo que lá chego. Não foi, não é e espero que não seja a primeira vez que tento algo e me proponho à progressão dessa atividade, principalmente quando reconheço que me faz tão bem e representa uma grande vitória!… E também não deixará de ser a primeira vez que vos trago estes relatos e vos proponho a tentarem pelas vossas próprias mãos!
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DICAS PARA COMEÇAR A MEDITAR | imperium blog
7 de Setembro, 2020 at 18:34[…] dúvida, certas decisões impactam a nossa rotina para melhor. A 5 de outubro, vai fazer dois anos que comecei a meditar pela primeira vez. Desde então, posso garantir que muitos aspetos da minha estadia na terra se têm dividido por […]