Sem categoria

2017 em fotografias e as reflexões que traz consigo

31 de Dezembro, 2017
Não há maneira de começar, organizar ou terminar esta publicação. Semelhante ao ano passado, decidi trazer-vos como foi o meu ano em termos de fotografia, para além daquelas que já partilho através do Instagram, em alguma publicações e afins. Enquanto as creditava, dei por mim a cogitar nas palavras certas que viria a empregar e concluí de que existe tanto a ser dito que, muito provavelmente, esta publicação refletirá muito mais do que registos fotográficos. Ficou então decidido de que esta seria a última publicação do ano, mas com o bónus de vos relaxar com os recortes que pretendo descrever, da forma menos exaustiva possível! Elas não terão uma ordem em específico, apenas me basearei nas minhas emoções!

Já nem me recordo de como é que o ano começou, porém, tenho a leve sensação de que ele não poderia ter terminado da melhor maneira. Escrevo isto a 26 de Dezembro e, embora muita coisa possa decorrer até ao dia de hoje, 31 de Dezembro, quero manter a postura e continuar a acreditar na mesmíssima coisa. Jamais me atravessaria a mente o aglomerado de situações de que fui protagonista, noutras uma mera espectadora, contudo, todas elas foram capazes de me conceder a liberdade e capacidade de olhar para dentro de mim mesma, da maneira mais pura e sincera que me foi possível, descortinando uma personalidade que eu jamais encararia, principalmente por causa de sentimentos. Sempre fui muito retesada no que toca a expressar-me, todavia, neste ano, aprendi que não tem de ser sempre assim. Descobri que tenho sentimentos, descobri que sei amar incondicionalmente, descobri de que é possível fazer os outros sorrir, apenas com um abraço ou um sorriso. Eu já tinha noção disso, mas tratando-se de uma mais plena e translúcida, a questão se transforma, tal como as suas resoluções.
Crescer implica que estejamos decididos a tal, conscientes de que muitas circunstâncias se moldarão connosco, encaminhando-nos por uma estrada por nós desconhecida. Crescer implica que sejamos capazes de aceitar as derrotas como um velho amigo, as conquistas como um objeto não garantido, os sentimentos como algo inovador e necessário. Já os sentimentos, implicam que sejamos maturos o suficiente para que os aceitemos, sem stresses, chatices, ataques de ciúmes, fantasias e tanto mais. 
Amar é sinónimo de deixar ir; ouvir o que outrora não nos passaria pela cabeça escutar; aconselhar outros caminhos, quando o que mais queremos é que a pessoa nos encare, a nós, como o possível pretendente. Estas atitudes são o resultado do respeito que sentimos pelos outros, mas principalmente, por nós mesmos. Romper o casulo pode dar imenso trabalho, pode causar dor, porventura, depois de conhecido o ar puro, as matizes que outrora soavam a preto e branco, não há mais nada que desejemos para além daquela liberdade espiritual. Amolecer não é assim tão doloroso, nem tão pouco distribuir abraços, elogios, comida, momentos e conversas.

Guardei muito mais do que rostos, partes de refeições e movimentos oceânicos, no entanto, não encontrei veículo mais adaptável do que este, que me permite dar-vos a conhecer o que é que me marcou mais neste ano: as pessoas, os cafés partilhados, a auto-superação, a auto-aceitação, o calor que o nosso corpo absorve numa tarde de verão, a chuva que os nossos olhos observam numa manhã de inverno, a esculturas que parecem ter sido esculpidas para nós, para aquele momento… Posso não saber o que é ter um amor correspondido, mas pelo menos sei o que é ter um no peito, pela primeira vez de cabeça consciente, em dezanove anos. 
Posso não saber qual a sensação de ter os meus lábios junto de outros, mas sei como é levitar com a ajuda do mar, num dia de praia; sei como é revitalizante beber dois ou três goles de água, assim que saio da cama; reconheço o pânico dos meus músculos, de cada vez que os trabalho e os faço chorar. Posso não estar assim tão informada em relação a certos assuntos, no entanto, isso não é, nunca foi, e tão cedo nunca será, motivo para me impedir de ir atrás deles. Estou em constante mudança e o meu único medo é o de parar, de vez. Em 2017, não parei uma única vez, aliás, comecei devagar e, quando dei por mim, já ia a meio gás para tudo quanto era lugar.
Dei tanto de mim, o quanto pude, em todas as situações que se me apresentaram à frente; ergui a cabeça tantas vezes quanto o número de lutas que assim o exigiram; saí mais vezes de casa para conviver e ser feliz, do que alguma vez julguei possível. Sinto que perdi imensas pessoas, todavia, as que ficaram foram testemunhas da minha evolução, questionaram-me acerca das suas curiosidades, enxergaram na minha figura e nos meus braços um porto seguro, um coração de mãe e palavras sinceras. Escutei da boca de quem nunca esperei que, devido à minha presença, alguém melhorou o seu estado de espírito, e isso foi tão impactante quanto a força que exerço sobre este teclado, que vos transmite esta mensagem. 
Aprendi que expor sentimentos é importante, traz-nos uma certa paz e concede-a a quem está do outro lado, nos fortalece e nos ajuda a seguir em frente. Muitas foram as vezes em que tive de o fazer, mas agora, penso que não seja necessário ter pressa. O que passei a carregar no peito amoleceu-me, trouxe-me a serenidade de que precisava e está-me a servir de muleta para muitas recuperações. Quanto a isso, já só quero que, pela primeira vez, algo dê certo, nem que eu tenha de aguardar, com a paciência que vai aflorando em mim, pelo momento exato.
Mudar, quando já temos as rédeas do mundo bem seguras, é tão enriquecedor quanto permanecer na zona de conforto. Se me contassem de que preferiria abandonar e substituir certas coisas por outras, com certeza duvidaria da verosimilhança da questão, talvez tentada em experimentar para ver no que daria, por mera curiosidade. Com o passar do tempo, tenho deixado de lado o medo de ir atrás, de me esfolar para conquistar, de visualizar as mudanças, não só no pensamento, mas principalmente no mundo real. 
Decidi mudar por uma questão de saúde mental, física e espiritual, e aqui estou, orgulhosa e babada, das minhas grandes conquistas. Aos olhos de uns, podem ser meros detalhes do quotidiano, mas para mim, são a diferença entre acordar de sorriso no rosto e adormecer na possibilidade de nunca mais enxugar as lágrimas, de tão desesperada e ansiosa. Evoluí de um espaço abarrotado de más energias para um outro mais sereno, leve e propenso a momentos de flutuação.
Entrei em 2017 sem pedir absolutamente nada, e ele ofereceu-me tudo de bom que me poderia ter dado. Sentava-me quando me cansava, porém, nunca deixei de correr atrás do acontecimento. Caminharei com a mesma postura em direção a 2018, ansiosa para observar que surpresas terá ele para mim! Dizem que quando menos se espera, é que as coisas acontecem, e por muito que eu tenha duvidado dessa afirmação, estou-me a tornar cada vez menos cética para com ela. Foram doze meses que correram num ápice, arrastando-me consigo e aqui estou, aparvalhada com a passagem do tempo! Foram doze meses doces, quentes, apaixonantes e aqui me despeço, com uma enorme gratidão, pela sabedoria que plantaram em mim!
Se me arrependo? De algumas coisas. Se voltaria atrás? Jamais! Se vou continuar? Porque não o faria?
  • Reply
    Sofia Costa Lima
    31 de Dezembro, 2017 at 19:14

    Olha, estou ali!!!! ? Espero que 2018 seja incrível para ti, "Lyde"!

  • Reply
    Joaninha
    4 de Janeiro, 2018 at 13:14

    Os jesuítas, grupo com cristão com quem estou tão envolvida, como sabes, creio eu, têm um tipo de oração que é: ler o texto proposto e depois repetir a parte que os marcou mais, o bocado que lhes chegou mais intensamente ao coração, partilhar a parte que mexe mais com eles, deixando isso a boiar na mente dos outros. Se encarasse a leitura deste texto como uma espécie de reza, esta seria a frase que repetiria over and over again: «Aprendi que expor sentimentos é importante, traz-nos uma certa paz e concede-a a quem está do outro lado, nos fortalece e nos ajuda a seguir em frente.»Sabes bem que sou super defensora deste motto de vida.Prosseguindo, tens o dom da palavra, Lyne, tens mesmo. Que maneira bela de expor e repensar no teu ano, colocando todas as cartas em cima da mesa para ti e para nós. Gosto muito de acompanhar as tuas divagações ao longo do ano.Continuo atenta e deste lado. Beijinhos, querida!

  • Reply
    Marta Moura
    9 de Janeiro, 2018 at 14:42

    Bonitas memórias.

O que pensas sobre o assunto? Gostaria de ler a tua opinião! ♥