#PurposeTourLisbon – A experiência

Foi na sexta-feira. Se me tivessem perguntado há cinco anos atrás se a minha vida tomaria as proporções que tomou, muito provavelmente a minha expressão facial seria de medo, dúvida e incerteza. As pessoas tendem a desvalorizar o poder que um artista possa ter na nossa vida, tenha ele os seus momentos bons ou os seus momentos maus. A verdade é que o impacto que as pessoas exercem em nós pode ser bastante significativo, e quem sabe, auxiliar-nos nas horas mais complicadas. Não sei já partilhei por aqui, mas eu sou uma grande fã de Justin Bieber. Fui daquelas que ao início não comprava a ideia de gostar dele, mas que com o tempo e  com o incentivo correto, lá me fui deixando encantar pela sua voz, pelos seus feitos, pela sua beleza e personalidade. Sei que este amor que sinto por ele foi sendo construído de forma saudável, gradualmente e, por isso, dura até hoje. Há três anos atrás, admito que tenha sido uma fã louca, não tanto como as outras, aliás, eu sempre soube quais os limites que eu não deveria ultrapassar; porém, em comparação com a Carolayne dos dezoito, denoto um crescimento mental bastante significativo.
A 11 de Março de 2013, Justin Bieber pisou pela primeira vez o território português. Havia feito apenas um ano desde que me tornara Belieber de forma oficial, e como não poderia deixar de ser, poupei do meu dinheiro para que o pudesse ir ver. No dia, recordo-me de ter faltado às aulas, de ter ficado uma pilha de nervos e de ter conhecido ao vivo, muitas pessoas com as quais até ao momento, havia mantido um contacto virtual. Recordo-me de ter sido trespassada imensas vezes por um calafrio, por uma sensação transcendental e que muito provavelmente estaria a viver um sonho. Dentro daquele que na altura ainda era o Pavilhão Atlântico, sentia-se a euforia dos fãs, o entusiasmo, os gritos, o suor e as lágrimas. Aquele foi o primeiro concerto a que havia presenciado, e como fã, prometi que voltaria ali para vê-lo, para cantar com ele e para viver a emoção novamente.
3 anos se passaram, e com eles, experienciei toda uma vida que não estava à espera. Muitas pessoas chegaram, muitas outra se foram, e algumas ficaram. Muito cresci, muito aprendi e muito desenvolvi enquanto pessoa e fã. Se há quatro anos eu abraçava o estado de euforia ao máximo, de uns meses para cá, quer dizer, do 9º ano para cá, essas palpitações foram reconhecendo o seu lugar e baixando de intensidade. Por momentos receei que estivesse a deixar de gostar dele, mas pensando bem, e muito sinceramente, eu simplesmente estava a crescer. Ao lado do Justin, eu me desenvolvia, me conhecia e conhecia o mundo. Talvez um dia me prolongue acerca deste meu lado fã, mas por enquanto, deixarei registado o facto de que sim, ainda aqui estou. Quando recebi o convite para assistir ao seu concerto a 25/11/2016, tive de recusar, porém, com uma ponta de receio porque 1) todos os que me conhecem, seja a família ou os amigos, sabem bem o quanto o admiro ao lado da minha prima e 2) o processo de entrada para a universidade trazia ao de cima muitas incertezas e questões, pelo que decidi cortar pela raiz quaisquer tipo de problemas e desilusões que eu pudesse vir a colher mais tarde. Não deixei que o assunto me importunasse, mas quando pela segunda vez me convidaram, uma semana antes do concerto, não pude recusar. Conhecendo já as minhas rotinas académicas, foi-me possível conciliar o concerto com a faculdade. E sim, aconteceu, eu vi o Justin Bieber pela segunda vez, cumprindo a promessa da Carol dos 15. 
Não posso dizer que a sensação de sexta tenha sido a mesma de há três anos, porque para além do público já não ter sido o mesmo, confesso que fui para o recinto sem esperar nada. Aliás, eu ultimamente ando-me a sentir assim em relação a tudo na vida, não criar expectativas e viver as coisas como elas eventualmente pedirão para serem vividas. Confusões do exterior à parte, entrei no MEO Arena com a sensação de que algo pudesse acontecer, mas eu não sabia o quê. Deixei-me aquecer pelos artistas convidados e, chegada à hora, o sentimento de fã despoletou como algo inesperado, algo novo e mais maduro. Justin Bieber subiu ao palco como não poderia deixar de ser, e embora os meus olhos não se tenham enchido de lágrimas, a incredulidade não me abandonou até ao dia de hoje. As coisas lá dentro não foram as mesmas, as pessoas não eram as mesmas, aposto que a maior parte do público que lá estava só conhecia três ou quatro músicas dele, mas nada disso importou. O importante é que estávamos lá, nova ou velha guarda do batalhão de Beliebers existentes em Portugal. Quem lá esteve, representou quem lá não estava; e quem não teve a oportunidade de lá ir, com certeza poderá gozá-la no futuro. Chegou o desfecho do concerto, e olhando para a minha prima que com a idade com que eu fui pela primeira vez chorava, só consegui deitar lágrimas. Pelas recordações que me passaram pela mente, pelas coisas que vivi enquanto fã, pelas coisas que sozinha dentro do quarto conquistei enquanto fã, pelas loucuras que nunca cometi, pelo facto de ser crescido enquanto adolescente de forma saudável por tê-lo ao meu lado. Não condeno, nem nunca condenei, as pessoas que desgostam de Justin Bieber, mas quanto a mim, e pelas coisas que ele de certa forma me ajudou a conquistar, estar-lhe-ei sempre muito grata. Se fui feliz, se ultrapassei os meus medos, se acreditei de que hoje, enquanto escrevo isto, sou uma pessoa realizada com aquilo que deixei para trás, em parte devo-o à sua existência. Quando paro para refletir nestes quatro anos sem a sua presença, um vazio espalha-se em todo o meu corpo porque pura e simplesmente a minha vida está interligada com os meus feitos enquanto fã. Há quem tome isto por ridículo, mas cogitem apenas nas vossas vidas se tal artista nunca vos tivesse atravessado o olhar. Como se sentem? Bate uma certa confusão não é? Parece que dentro dessa grande teia que é o nosso pensamento, uma linha se quebra e nos deixa suspensos no vácuo, não é verdade? Pois bem, aí têm a minha vida sem a presença do Justin Bieber.
Hoje em dia, posso dizer que ele não é único que me faz sentir dessa forma. Se formos a delinear um triângulo, ele permanece lá no topo, talvez ao lado de mais uns quantos, mas Justin Bieber é e será eternamente o meu Justin Bieber. Nunca coloquei as mãos no fogo por ele, nunca defendi as suas atitudes idiotas, mas sempre o respeitei e compreendi como um ser humano, Tal como ele, eu cometo erros, e embora não tenha a vida tão exposta quanto a dele, sei que nada justifica certas e boas coisas que ele faz. Contudo, dentro daquele pavilhão, a 25/11/2016, por volta das 21h, a ponte que nos separa tornou-se ainda mais robusta e nos aproximou ainda mais. Sei que talvez nunca terei a oportunidade de o abraçar e agradecer pelas pessoas e momentos que ele me proporcionou, mas terei sempre a certeza de que me recordarei deste lado da minha vida como um dos melhores que poderia ter vivido. E a sexta-feira que passou apenas existiu para me relembrar disso.

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