ARCHtime \ O “Homem de Vitrúvio”

Sabem porque é que as igrejas têm cúpulas, que por si só, são meio circulares? 

Numa das aulas mais recentes de Cultura, o nosso professor fez questão de nos decifrar uns quantos significados em relação às formas geométricas que muitos de nós utilizam e até apreciam. Por detrás de um quadrado, esfera, ou triângulo, existem mil e uma simbologias que o Homem fez questão de marcar ao longo da sua existência. Em prol de uma beleza que os arquitetos procuram e tentam refletir nos seus edifícios, um meio que também podemos considerar importante para que possamos, de facto, valorizar aquilo que eles têm de melhor no interior, fez-se uma descoberta pitoresca: para os matemáticos da antiguidade – e para os dos tempos correntes – a forma geométrica mais perfeita de todas é a esfera. E tudo porque a distância de todos os pontos da sua superfície curva estão equidistantes do centro em comum. Fascinante, não é? Como tal, essa mesma esfera simboliza o cosmos, o poder transcendental, Deus, se assim o preferirem. E para a representação da Terra, temos o quadro que com os seus quatro vértices simboliza a terra, o fogo, a água e o ar. 
Ao longo de algum tempo, Vitrúvio, um conceituado arquiteto e que nos deixou “Os dez livros da arquitetura”, foi desenvolvendo estudos interessantes acerca da proporção humana, chegando a conclusões interessantes: de braços esticados e com a ponta de um compasso no umbigo de um indivíduo, é possível desenhar-se uma circunferência, cujos extremos tocam perfeitamente nas pontas dos dedos dos pés e das mãos desse mesmo indivíduo. Estas medições também foram elaboradas em relação a um quadrado, cujos cálculos indicam que se medirmos alguém da cabeça aos pés, e compararmos com as medidas dos braços abertos, a altura e comprimento desse indivíduo serão idênticos. Por conseguinte, ultimamos que dentro do cosmos (esfera) está inserida a terra (quadrado) e, dentro dessa terra, temos o Homem, que se incorpora perfeitamente nestas duas formas geométricas. Daí o “Homem de Vitrúvio”, o esboço de Leonardo da Vinci mais famoso, tendo em conta que ele era talentoso o suficiente para representar o produto destes raciocínios na perfeição.

Talvez neste ponto da conversa, vocês já me consigam responder à pergunta inicial que vos fiz. Se ainda estão hesitantes, passo a explicar: em proveito destas simbologias, decidiu-se que as igrejas, para além de serem os edifícios mais altos e volumétricos de uma sociedade (agora já não mais, mas isso não anula o facto de serem objetos de estudo interessantes), deveriam também de serem capazes de representar Deus na Terra, daí as cúpulas assumirem a forma de meia esfera, e assentarem num plano quadrangular, normalmente conhecidos como os “cruzeiros” (=interseção entre a nave e o transepto de uma igreja), com o auxílio de colunas ou outros elementos que permitam o equilíbrio de uma construção tão ousada quanto uma cúpula a metros de distância do solo. Em suma, para além de darem uma dor de cabeça a muitas pessoas, coisas simples quanto figuras geométricas são capazes de moverem mundos, conferindo a estes, uma desenvoltura apreciável. Digam-me lá se informações destas não são o suficiente para nos atraírem para as aulas da faculdade?

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