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HOUVE DIAS ASSIM…

9 de Março, 2018
Recordar ofereceu-me uma nova concepção de futuro. Não que já tenha listado tudo aquilo que quero ver cumprido para o resto dos meus dias, mas sim porque me sinto capaz de ter a vontade para enumerar alguma coisa. Confesso que estava com alguma dificuldade em perceber porque raio é que certas coisas me estavam a acontecer, quando na verdade lutei contra essas circunstâncias. Ter receio de recordar toldou-me a liberdade de me expressar, a liberdade de abrir as asas e esvoaçar por aí, apreciando a paisagem abaixo do olhar e ao nível do coração. Voltei a abrir a mente, convidando as fantasias para virem cá habitar, manejando os seus desejos conforme as regras que ditei, na segurança de que não voltarei a me fechar novamente. Elas aceitaram, ambas passámos a coexistir no espaço e desde então que a fogueira que se voltou a acender tem surtido o seu efeito.
Recordar sussurrou-me uma possibilidade de encontrar nos velhos planos uma oportunidade de os trazer novamente à vida, repensando no valor que eles me poderão dar, aos olhos de mim mesma. Umas simples horas a tentar adormecer e o que recebi assemelhou-se a uma visão profunda, um assombro positivo, qual manta que me acolheu antes de me embalar. Existem avanços e retrocessos por alguma razão e eu fui vítima das suas ações, tendo-me sido entregue o interesse pela descoberta do desconhecido. Houve dias em que me senti irremediavelmente perdida, sem qualquer vestígio de ansiar perder tempo com reflexões. Cega pelos impulsos que me afastavam da eventual compreensão de determinados factos, acabei por me encaminhar para o princípio de um abismo. Houve dias em que optei por desistir, bem antes de começar. Se eu desejasse fechar os olhos, sentia-me capaz de vislumbrar o reluzir do arame que me envolvia o coração, ameaçando-o sufocar, caso ele decidisse por si mesmo. 
Há quem diga que amar nos deixa inspirados, quando na maior parte das vezes, ele nos enfraquece, nos enlouquece, nos retira a esperança do que quer que seja. Todavia, não tem de ser assim. Foi por amor que me vi em baixo e é também por ele que ainda aqui estou. Os dias continuarão a ser envolvidos pelas incertezas, pelos bons e pelos maus momentos, mas nada como deixar andar e esperar para ver. Ando a recorrer a textos como estes, pois, são eles que me têm aquecido o psicológico, combatendo o frio que faz por todo o lado. A substituir as conversas de café, prefiro empunhar uma caneta e desenvolver as informações que quero partilhar e que raramente exponho. Escutei, por diversas vezes, de que tudo iria ficar bem. E, de facto, é o que está a acontecer.

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