MACRO | DETALHES DO QUOTIDIANO

Recarregar aquela lapiseira que há muito possuo e que, apesar de ser uma favorita, disfarçadamente jazia no copo das canetas. Dar uma vista de olhos às suculentas e aperceber-me de que uma das folhas que destaquei da planta mãe está-se a auto-reproduzir. Acordar naturalmente entre as 8h e as 9h, preparar o meu chá e sentar-me na sala, a encarar o vazio. Nos dias em que faz sol, abro as cortinas e assim pendo. Nos de chuva, arrebito as orelhas e escuto o desempenho da gravidade. Acompanhar o sol pela casa, besuntar o rosto de protetor, apoiar os pés na mesa, bronzear as plantas das mesmas e nutrir a pele. Estar-me a aperceber do potencial de cada canto da casa, a câmara empunhada para todas as vezes em que passeio na mesma, qual turista numa cidade na qual nunca esteve antes. Os smoothies do final da tarde, a leitura que enriquece os momentos de silêncio e nas horas mais invulgares, as risadas comigo mesma e as danças que me pincelam de felicidade. 

Os minutos de meditação e que me fazem aperceber do quão à vontade estou com a minha presença num espaço silencioso. Estudar os assuntos que me chamam realmente a atenção. Encher a minha garrafa de água, vezes e vezes sem conta, descobrindo um outro inner animal: os camelos. Parar para simplesmente ouvir música, descobrir novos artistas e dar oportunidade aos downloads que há muito gritavam dos seus lugares. Os recortes mentais que faço de cada uma das janelas dos diversos compartimentos, admirada pelo seu potencial. Entrar na cozinha sem saber ao certo o que é que quero comer, mas sair de lá cinco horas depois, com uma refeição digna de reconhecimento mundial. Deixar a mente fluir e pescar as ideias mais mirabolantes, soprando-lhes vida pelo corpo adentro. Não ter receio de ser quem sou, dentro ou fora de mim. ♥