Admito: desapareci por completo e isso inclui diversas áreas da minha vida. Aproveitando a febre dos Avengers, no início de Maio comprometi-me a assistir “Black Panther”, de maneira a compreender certas referências que todo o planeta Terra teve e tem o gostinho de fazer, a par da minha apreciação para com o álbum do Kendrick Lamar para o filme. Portanto, e como já se devem ter percebido, em Maio vi apenas um filme.
Aposto que já meio mundo sabe do que se trata, mas farei um mini resumo: no planeta Africano, há imensos séculos, algo de muito especial caiu do espaço em Wakanda, fazendo com que essa cidade se tornasse numa das mais poderosas, ricas e tecnológicas do mundo. Neste filme, surge um conflito entre membros da família real, pois, existem segredos que nunca vieram ao baile e, como tal, a mentira nunca deixa de ter a sua perna curta. Após meses na expectativa de ver este filme, deixei-me enamorar.
É muito raro encontrar produções que tratem os negros como personagens principais sem que eles passem por bandidos, cheios de um calão horroroso, dispostos a matarem quem quer que lhes apareça à frente. Ou o negro é aquele que nunca estuda porque não tem oportunidades, ou então é bem-sucedido, porém, a viver na sombra de alguém da raça branca. Ora, “Black Panther” pode ser considerado como um hino representativo da cultura negra, não só por se destacar pela diferente abordagem, mas também por nos darem aquilo que, normalmente, não nos dão: a oportunidade de mostrar o nosso valor, apesar das dificuldade que todos sabemos que os negros passam, principalmente em África!
Há uns dias, enquanto debatia este filme com uma amiga, ela reconheceu que desta vez os produtores, cenógrafos e designers tiveram o cuidado de se deixar inspirar nas cores, nas melodias e na cultura africana, aplicando-as com um propósito e não só porque sim. E eu não poderia deixar de concordar. Pela primeira em muitas vezes, do meu conhecimento, toda a equipa Marvel soube como utilizar estes e muitos conceitos da melhor maneira possível, refletindo uma cultura bela e rica. A cada minuto, eu só pensava para mim “Quero um traje destes para quando fizer anos” ou “Que negra poderosa que temos aqui”, ou mesmo “Esta senhora faz-me recordar tias minhas”!
Pela primeira vez em dezanove anos, senti que me representaram num filme, sem me fazer passar por ignorante, pobre, dependente dos demais e sempre pronta para me vingar de terceiros. Vi em cada personagem alguém da minha família – o que não anula ou me faz olhar de lado para o facto de eu ter familiares brancos. Aliás, adoro toda esta diversidade de onde tenho origem! -, e não houve um segundo que fosse que me fizesse sentir abaixo ou acima de ninguém. Porque é exatamente assim que a vida funciona, embora a nossa espécie a tente contornar: ninguém é melhor/pior do que ninguém. O que nos consegue definir são as nossas ações e cabe-nos a nós optar pelo melhor para todos. Por vezes, temos de ser egoístas e decidir por nós mesmos, mas na maior parte das vezes, uma pequena ação pode influenciar a vida de muitos. E é importante que tenhamos isso presente de maneira frequente!
Já viram “Black Panther”? O que acharam?
Publicação inserida no projeto #MOVIE36. A criadora, Carolayne Ramos, do blogue “IMPERIUM“. A parceira oficial, Sofia Costa Lima, do blogue “A Sofia World“. As participantes: Joana Sousa, “Jiji” | Cherry, “Life of Cherry” | Sónia Pinto, “By The Library” | Abby, “Simplicity” | Sofia, “Ensaio Sobre o Desassossego“
Poderão ver a lista completa dos participantes nos posts anteriores!
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