Já não me serve de nada continuar a adiar esta inércia no que toca a desenvolver a minha opinião acerca do livro que li em Junho, para o The Bibliophile Club. O objetivo, naquele mês, foi o de ler obras de autores negros, coisa que eu, enquanto negra, faço pouco. Parecer-vos-á um detalhe mínimo, mas para mim faz toda a diferença sublinhar esse detalhe, mais como auto chamada de atenção, do que outra coisa qualquer. Adiante, no momento da escolha, não me dediquei a grandes reflexões, tendo em conta que Dorothy Koomson foi-me entregue pelo acaso do destino, sendo, inclusive, a autora negra mais referida pelo clube.
Começo por admitir que por muito que eu lesse e relesse a contra-capa do livro, jamais me passaria pela cabeça adivinhar todo o seu conteúdo interno. “Um novo amanhã” conta mais do que uma história de amizade entre duas pessoas de nomes iguais: Dorothy, com este seu livro, construiu uma narrativa rica em situações reais, sem filtros e de uma sensibilidade exemplar, retratando as dores e conflitos das personagens, sem que isso se tornasse penoso. Para além dos nomes, as duas personagens principais também partilham uma história de infância, uma culpa imensurável e inexplicável, uma tomada de rumos divergentes, mas que se assemelham pela mesma razão: fugir ao que lhes sucedeu e ao qual nunca conseguiram escapar, visto que nunca lhes deram a credibilidade de que elas necessitavam.
Penso que o que me tem sido mais difícil, acerca deste livro, é esta incessante busca por palavras que o justifiquem, porém, que não me obriguem a vos entregar detalhes que vos poderão estragar a experiência de leitura, tendo sabido de antemão o enigma central da obra. Juro-vos que estou desde meio de Julho sem saber bem como o descrever, como lhe fazer jus, sem tropeçar numa possível traição aos seus mistérios. A escrita de Dorothy Koomson é direta, sensível e calorosa. Facilmente, e sem se denotar um esforço herculiano, ela me conseguiu transportar para um cenário do qual desconheço, mas que ainda assim, me ajudou a situar e a compreender as mensagens subliminares desta história emotiva.
Consegui, como há imenso me faltava, nutrir empatia por ambas as protagonistas, não só pelas suas fatalidades, mas principalmente pelos seus esforços em ultrapassar as adversidades, sem que nunca lhes faltasse a garra. Tanto uma como a outra, cometeram erros humanos – um detalhe que me impressionou pela positiva, afinal, há maneira mais fácil de nos identificarmos com algo, se ele não tiver incrustado em si nuances de se ser humano? -, e, tal como seres desse tipo, foram tentando buscar modos de sobrevivência, até que a vida as voltou a juntar.
Não obstante as mágoas e as desilusões, foi bonito ter podido observar o quão importante é nos mantermos fiéis a uma promessa, o quão perigoso se poderá tornar o egoísmo proveniente do medo de admitirmos que uma atrocidade nos tenha acontecido… “Um novo amanhã” concentra em si exatamente aquilo que o título sugere: a cada página, há uma tentativa em se melhorar a pessoa que é, em buscar uma oportunidade de escape e superação, uma procura genuína pelo perdão, seja ele espiritual ou por parte de alguém. “Um novo amanhã” reflete, acima de tudo, o quão fácil se torna representar a vida de alguém, através de uma escrita memorável.
Já alguma vez ouviram falar desta autora/livro? ♥
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→ Publicação inserida para o projeto The Bibliophile Club, em parceria com a Sónia do By The Library e a Sofia do A Sofia World. Junta-te ao clube no Facebook, ou usa a hashtag #TheBibliophileClub.
1 Comment
Nêsa
14 de Setembro, 2019 at 21:18A-do-ro a dorothy!!! Leio todos os livros dela, já tendo por isso lido esse também! Adoro como aborda os assuntos de forma crua e o grau de detalhe das suas descrições, sinto que faço parte da história