poesia: “(…) ela retrata algo em que tudo pode acontecer dependendo da imaginação do autor como a do leitor. (…) É a arte de poetizar que nos permite exprimir aquilo que está dentro de nós. Também pode ser encarado, como o modo de uma pessoa se expressar usando recursos linguísticos e estéticos.” (via wikipedia)
Não sou muito entendida em poesia, nem tão pouco a consumo, em comparação com as narrativas prosaicas. No entanto, é através dela que muitas vezes me comunico, crio e me transformo, afirmando, até, que longos textos são uma exeção no meu modo de executar ideias. Com a avalanche de informações proveniente do uso das redes sociais, fomentou-se aquela que agora se denomina de “Insta Poetry”, “an adaptation of traditional poetic ideals into a transformative Internet subgenre“, em tradução livre, uma adaptação da poesia tradicional num subgénero transformativo pela Internet. Assim de memória, vêm-me três autores à cabeça: João Doederlein (@akapoeta), Bianca Sparacino (@rainbowsalt) e, nada mais nada menos, do que Rupi Kaur (@rupikaur_).
Acompanho os dois primeiros pelo Instagram e jamais faria ideia de que as suas criações teriam uma denominação tão moderna e atual, correspondendo, então, a uma composição, leitura e compreensão mais acessível e intuitiva, para quem gosta de ler mas não se sente confortável no seio da poesia encorpada, com a qual tivemos de lidar na escola. Confesso que até ao secundário, a poesia tanto se me fazia como se me fez, no entanto, à medida em que a minha compreensão do mundo foi amadurecendo, passei a digerir melhor a importância deste tipo de manifestação, a beleza por detrás de cada verso e a tentar simplificar o modo como ela é lida em voz alta.
“Milk and Honey”, assim como “The sun and her flowers”, foram-me oferecidos por uma amiga muito fã de Rupi Kaur e, o que torna esta oferta tão especial, foi o facto de ela ter preferido dá-los a mim do que encomendar para ela. Apesar desse gesto, não posso dizer que tenha ficado mega fã do registo da Rupi, embora tenha retido toda a energia que ela depositou no seu trabalho. Para mim, este tipo de texto ainda não é poesia, embora estejam trabalhados de um modo poético, exatamente pelo objetivo da poesia ser permitir a libertação do escritor do modo que ele bem entender, com as regras que melhor lhe servirem… No entanto, até me ir aprofundando mais nesse tema, terei como modelo os tradicionais versos, métricas e estrofes.
Rupi Kaur adota toda essa essência para nos contar a sua história e registar a sua evolução. Enquanto que em “Milk and Honey” nos deparamos com um conjunto de dores, sofrimentos, relatos de abusos físicos e psicológicos, no seu segundo trabalho, “The Sun and Her Flowers”, denota-se que ela está mais tranquila, mais segura, disposta a abrir o seu coração e a permitir a entrada do amor na sua vida. Não deixa de ser um trabalho inspirador e emotivo, de uma natureza crua e indomável, capaz de estimular e inspirar aqueles que, com alguma relutância, não se sentem capazes de depositar os seus pensamentos e sentimentos numa folha em branco.
Identifiquei-me muito mais com o segundo, devido ao tom utilizado e que corresponde com a minha atual fase de vida, uma fase mais madura, serena e honesta, na qual evito utilizar meios de filtrar aquilo que me atravessa o espírito, mantendo-me fiel à minha essência e segura de que me é muito mais benéfico aceitar a pessoa que sou, do que negligenciá-la nos momentos mais desafiantes. De leitura rápida, ambos os livros preenchem alguma lacuna que possamos vir a conservar em nós, cosendo-as com o poder das palavras e da boa intenção. Não digo que vá agradar a todos – nada assim o é, na verdade! -, mas se nunca leram os seus textos na íntegra, não custa dar-lhe uma oportunidade!
Conheciam estes livros? Já os leram? O que têm a dizer? ♥
4 Comments
Inês Mota
7 de Janeiro, 2020 at 11:34Já li os dois e gostei muito da experiência, embora sinta que, se os seus poemas não tivessem sido tão explorados e banalizados no meio digital, talvez a dinâmica de leitura se tivesse revelado diferente, mais intimista e absorvente 🙂
Carolayne
7 de Janeiro, 2020 at 19:47Comigo não aconteceu isso, porque foi o meu primeiro contacto com o seu trabalho e, se li algo dela pela internet, foi sem saber quem era a autora!
Andreia Morais
7 de Janeiro, 2020 at 21:06Li “O Sol e as Suas Flores” e adorei! Embora continue a retratar situações dolorosas, sinto que também tem traços de esperança. E sinto que é daquelas leituras que nos inquietam por dentro. Por isso, quero muito ler “Leite e Mel”
Carolayne
8 de Janeiro, 2020 at 20:36O “Leite e Mel”, em comparação, é muito mais pesado, mas vale totalmente a pena, mais não seja para relativizarmos o que temos dentro de nós e valorizarmos o que há de melhor na vida!