Não houve um único dia em que não tenha pensado no blogue enquanto permaneceu fechado. Houve dias em que realmente não tive horas disponíveis para me sentar para cuidar dele. Tantos mais foram os que optei por usar para descansar. O que importa é que o essencial ficou feito, sendo que os detalhes serão alterados com o tempo. Antes feito do que perfeito. Esta não será a versão oficial da retrospetiva de fevereiro, mas encara-o como um prelúdio. Li dois livros, ouvi mais podcasts do que havia planeado, dormi num jardim depois de desenhar patos e voltei às aulas.
No início do mês, decidi que mudaria o aspeto do blogue.
Já faziam dois ou três anos que tinha a mesma cara, embora não tenha sido essa a razão que me motivou a fazer as alterações… O tema antigo não comportava o woocommerce, plugin que instalei para conseguir abrir uma mini loja para as minhas pinturas. Inclusive, a loja ainda não está disponível, todas as informações que quiseres saber de alguns dos meus trabalhos encontram-se na minha galeria online. Sinto que estou em constantes processos de mudança – quem é que não está? -, então tudo o que faz parte do meu universo apanha estas boleias.
Não tenho criado qualquer tipo de conteúdo nas últimas semanas, a síndrome do impostor junto de alguma ansiedade têm-me feito companhia, mas ao contrário de resistir, tenho-lhes dado a oportunidade de me mostrarem o que é que preciso de melhorar. Já tive alguns vislumbres, um deles relacionado com a necessidade de me dar ao luxo de parar mais, priorizar no que me quero focar daqui para a frente – pelo menos para daqui a 2 anos -, de forma a não entrar noutro curto circuito. Cheguei à conclusão de que, mais do que nunca…
…quero entregar-me à minha vida profissional, enquanto abraço esta minha “alma renascentista”.
Quando ouvi esta expressão, foi como se tudo em mim se tivesse colado por meio de um processo de magnetismo. É muito desafiante ser artista. Não tanto pelas questões monetárias, mas pelas infinitas possibilidades, caminhos, projetos que queremos desenvolver, dentro de um período de tempo limitado. Juntando-se-lhe a ansiedade de almejar tudo para ontem, as responsabilidades da vida adulta, as portas fechadas e os nãos garantidos, é como se vivêssemos num universo paralelo. É a puta de loucura, tenho a dizer.
Só que acalmou-me ouvir a expressão “alma renascentista” no sentido de me relembrar que está tudo bem em me desdobrar em vários projetos desde que saiba impor, respeitar e me adaptar aos meus limites. Penso que um criativo alimenta-se, sobretudo, do ato de criar, sendo que quando não o faz, é como se murchasse. Sinto saudades de pintar, não o tenho feito desde que saí da residência artística, como se de um processo de luto se tratasse. Contudo, já estipulei um dia para pintar algo que tenho desejado há muito.
Não darei detalhes de modo a não arruinar a surpresa, posso apenas orientar que faz parte de um novo projeto que tenho organizado. Mal posso esperar! Enfim… São quase 14h, quero fazer mais algumas coisas antes de ir às aulas. Creio que estas palavras sejam o bastante para vos agradecer pela presença e paciência.