Na continuação deste artigo, trago uma leitura que sai do horror para o terror psicológico. Grande upgrade. Está mais para um policial. Começo por dizer que não é dos meus favoritos, apesar de não ter desgostado da experiência. O autor pecou imenso por não aproveitar o ambiente que conjurou ao longo das páginas, tombando numa pressa de resolução que me deu imensa agonia.
Detesto quando sinto que a história descamba no final, por muito que responda às dúvidas que se vão acumulando com o passar do tempo. Numa noite que deixou de ser como as outras, uma família é assassinada sem escrúpulos, deixando apenas uma sobrevivente que vamos acompanhar. Além das sequelas físicas, Victoria carrega uma bagagem de traumas que a impedem de estabelecer relações no dia a dia, sem que ela fique à beira de uma crise de pânico.
Não só é acompanhada, como tenta levar uma vida normal, trabalhando para se sustentar e ocupar a cabeça. Até que, de um momento para o outro, o autor da morte da sua família vandaliza a sua casa, desencadeando a abertura do caso na polícia e uma sucessão de investigações pessoais em que uma única pergunta impera:
Porque matou ele a sua família e a deixou sobreviver?
Achei curiosa às razões do assassino, mas devido à exposição corrida, não simpatizei com ele. Não gosto do efeito dominó de uma revelação, prefiro quando deixam rastos do que pode ser verdade, mesclando-a com certas armadilhas ao longo dos capítulos. E este final, particularmente, deu a impressão de uma deadline que o autor quisesse cumprir para entregar o manuscrito. Achei muito água com açúcar, por muito bem intencionado que ele fosse.
Foi como se entre aquelas personagens, nunca tivesse ocorrido um dos desentendimentos chave para a história, resolvendo-se num ápice. Sei que me estou a focar demasiado neste detalhe, contudo, só quero que fiquem avisados para a possibilidade de se frustrarem um pouco, por muito delicioso que seja mergulhar num livro carregado de mistérios, sustos e um ou outro momento doloroso. Não obstante, a curiosidade em explorar os restantes livros de Raphael Montes ainda habita em mim…afinal, nem tudo foi mau!
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