MEDITAÇÃO 131 | FOLHAS SOLTAS DO MEU DIÁRIO

Há gestos que ficam assinalados pela casa, fazendo-me questionar em que momento exato é que aquilo aconteceu. Abstenho-me ali, queda, a encarar o isqueiro de estampas febris, quentes, alusivas às festividades mexicanas, e cuja função é a de alimentar a vela que me abre as portas do pensamento. Chacoalho-me mentalmente, dando continuidade ao percurso interrompido e sento-me na cama, preparada para fechar o dia. Inalo as preocupações, processo-as e exalo as soluções que trazem à tona uma tranquilidade desmedida.

Estou no presente, no único lugar onde faz sentido estar e deixo-me nutrir das ondas energéticas, das visitas ancestrais, dos efeitos cósmicos, digerindo um novo fluxo de ideias e renovações. Eu sou tudo em que acredito e eu acredito em mim. Ressoam em mim campos de floreados virgens e cuja distribuição pontilhada retoma ao entendimento dos impressionistas, esses que viam numa tela branca a oportunidade de capturar o momento corrente. Espasmos de tentação, irrequieto desejo de desbravar o desconhecido, perdido na sua ignorância.

Ao longo do vazio deste invólucro biológico, bandas tocam e as suas obras ecoam, preenchendo o silêncio e que se busca na meditação. A sonolência já cá espreita, mas finto-a, enganando-a; guardo nas mãos o poder de despertar destes diálogos com o inconsciente e encaro o que me rodeia: o quarto, como seria de esperar. Solto o corpo, alongo. Esboço um sorriso e não perco tempo em apontar o que aprendi com a sábia que conquisto em mim. Belíssima intermediária do universo, esta que expande a sua voz nos momentos cruciais. Bocejo, mas ainda com energia para folhear as páginas de um bom livro e adormecer. Ademais, a chama clama por misericórdia à cera que a cerca e sei que é altura de a resgatar.

Amanhã, há mais.

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