A MÚSICA COMO TERAPIA

Desde miúda que utilizo fones para tudo quanto é lado. O que para muitos sempre foi interpretado como uma rudeza, para mim eram portas para um refúgio, mas longe das minhas vozes. Todos nós temos vozes e por muito insano que possa parecer, não podemos fugir desse facto. Quem é que nunca dialogou consigo mesmo, se questionou acerca do mundo, rejeitou a oferta da intuição e depois se arrependeu? Na fase que já lá foi, eu evitava escutar a minha cabeça e o meu coração. Era muito barulho, muita azáfama e, assim que me cruzei com a potencialidade da música, através de um objeto tão simples mas útil, a minha sensibilidade para com o mundo se alterou. Com a melodia aos altos berros, eu poderia ser qualquer pessoa. Eu posso ser qualquer pessoa…. Eu posso fazer o que eu quiser e conquistar o mundo.

Ainda faço uso dos fones que, com o passar dos anos, foram adquirindo traços da modernidade, sendo possível utilizá-los sem fios e, consequentemente, permitir umas poupanças. Fui reparando que aquilo que era uma terapia, foi-se transformando numa dependência tal, que eu mal conseguia estar num espaço público com as vozes interiores como companhia e o silêncio do exterior. Tive de me habituar à ideia de apreciar as conversas de fundo e, melhor do que isso, estou a aprender a não escutá-las de todo, recorrendo aos ensinamentos da meditação e cujos objetivos são o de direcionar o foco para o que realmente importa. Sou mais do ritmo do que das letras, embora existam umas quantas poesias que me preencham e enriqueçam como nenhuma outra. Digo-o, por exemplo, recordando-me do Slow J… Sou de deixar o corpo acompanhar aqueles outros pensamentos, reinterpretando-os.

Sou muito de adormecer com as fantasias provenientes de uma sessão de meditação ritmada, sou de criar as minhas próprias rimas e histórias. A música certa é capaz de nos guiar pela nossa imaginação, reforçando o modo criativo como pretendemos abordar assuntos que possam estar dentro ou fora do nosso foro de conhecimento. O que parece ter mais poder são as novidades que se nos surgem conforme o nosso gosto vai ficando mais apurado, mais exigente, no entanto, flexível. Escrevo enquanto exploro um artista que me é completamente novo e cujo trabalho me fascinou por compilar estilos que me conquistam o coração: o lo-fi e o rap. Sou mais do ritmo do que das letras, mas isso não implica que não as saiba interpretar e reinventar. Sonho em poder aprender a tocar piano e, em casa, conto com a companhia de uma guitarra de nome Lolla e que já conta com dez anos desde o dia da sua compra.

Apesar disso, ainda não a sei dominar e usar para realizar serenatas, no entanto, propus-me a aprendê-la o quanto antes. Sei que existe disponível muito conteúdo online com o intuito de ensinar a tocar este instrumento, mas sou apologista de que existem experiências que merecem ser partilhadas com outras pessoas, portanto sim, enquanto me vou habituando às cordas, aos seus sussurros, aguardo ansiosamente pela oportunidade de me juntar a alguém e absorver dela os seus conhecimentos acerca de guitarras e música no geral. Até lá, vou-me continuar a refugiar nos meus momentos internos e de introspeção, colorindo os detalhes e talhando o que tem potencial para mais. Vou dando uma vista ou outra por algumas aulas de guitarra, permitir-me-ei fingir saber dominar as cordas e farei barulho, cantarolarei as letras que sei de cor. Na falta de abraços e diálogos num seio mais íntimo, acompanharei o batimento do meu coração e farei dele o meu maestro.

2 thoughts on “A MÚSICA COMO TERAPIA”

  1. É incrível e transcendente o poder da música! Não há um dia em que não ouça algum tema, de artistas que já são parte da casa ou que são uma perfeita surpresa *-*
    Adorava saber tocar guitarra e piano

    1. É tão bom termos para onde nos refugiarmos! Ultimamente, mais do que nunca, gosto de tirar um momento do dia, somente, para ouvir música e ficar no meu cantinho! Sabe-me pela vida eheh Aiiii, siiiim!!! *–* A ver se depois da quarentena, junto-me a uma amiga minha que ensina piano e começo a colocar isso em prática! \Õ/

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