THE BIBLIOPHILE CLUB + BOOK REVIEW: O QUE LI EM JANEIRO \ “ELOGIO DA SOMBRA”, JUNICHIRO TANIZAKI

Há uns tempos, escrevi acerca do quão amedrontada é que sou em relação ao escuro. De lá para cá, tenho vindo a melhorar imenso, tanto que até me estou a acostumar à ideia do breu, apreciando-o pela sua singularidade. No que toca às sombras, e falando por mim, sei que elas são confortáveis no verão, evitadas no inverno e um factor determinante nas fotografias. Relativamente aos desenhos, é a sombra que dá corpo e forma a qualquer objecto representado. No que toca ao rosto, ao corpo, ao volume em si, a conversa pouco se modifica. 
Em Dezembro do ano passado, participei de um Secret Santa literário, tendo recebido o “Elogio da Sombra” pelo correio. Assim que me apercebi de que um dos assuntos era a arquitetura, principalmente analisada por um japonês, não consegui evitar o entusiasmo. Há qualquer coisa de poética na sua desenvoltura que os distingue, aos escritores japoneses, dos restantes em redor do mundo. Descobri em Murakami uma delicadeza na abordagem dos conteúdos que, inconscientemente, me conquistou. Redescobri em Tanizaki essa mesma característica, talvez um pouco mais apaixonante. 
Já devem ter conhecimento de que eu, a Sofia e a Sónia criámos um clube literário, o The Bibliophile Club, e conforme registei nesta publicação, estava decidido que eu leria “O Poder do Hábito”. Por motivos pessoais, vi-me obrigada a alterar os planos e me inclinar para um livro mais pequeno e que, ainda assim, respondesse ao tema de Janeiro. O “Elogio da Sombra”, de Junichiro Tanizaki, serviu que nem uma luva, pois que, em dois dias, fui capaz de o começar e terminar, com imensos acrescentos na alma. Aqui, somos confrontados com um choque de realidade no quesito cultural, na medida em que Tanizaki expõe diversas analogias entre a cultura Ocidental e a Oriental e de que maneira é que certas criações, como o cinema, por exemplo, poderiam diferir se tivessem sido inventadas no Oriente. 
Ele explica que a simples fotografia e os aspetos que lhe são inerentes na hora do seu desenvolvimento, vão sempre ao encontro do seu criador, porque ele potencializa coisas tais como as cores naturais, o ambiente, as pessoas, os costumes, etc., e adaptar essa reprodução, de país em país, é o que torna o cinema, ou qualquer outra área, própria daquele lugar. Tanizaki costura as diversas temáticas que ele alude como se partilhassem de uma só linha, nos fornecendo uma sessão de leitura bastante fluída e cativante, dado que nos deixamos interagir e abrir, com a sede de informação a palpitar. 
É muito usual associarmos as “sombras” a algo muito negativo, reforçando essa conotação com exemplos que, muitas das vezes, não têm nada a ver, no entanto, com esta leitura, sentimo-nos aptos a encará-las num outro ponto de vista, passando até a questionar o porquê da “luz” ter tanto protagonismo no palco em que a colocamos. Por se tratar de um pequeno ensaio, o “Elogio da Sombra” é uma obra que aconselho sem sombra de dúvidas – e este trocadilho, hein?! -, conservando a crença de que será difícil desgostar das palavras deste autor japonês!
Conheciam este livro? Ficaram curios@s? ♥
Publicação inserida para o projeto The Bibliophile Club, em parceria com a Sónia do By The Library e a Sofia do A Sofia World. Junta-te ao clube no Facebook ou usa a hashtag #TheBibliophileClub.

2 thoughts on “THE BIBLIOPHILE CLUB + BOOK REVIEW: O QUE LI EM JANEIRO \ “ELOGIO DA SOMBRA”, JUNICHIRO TANIZAKI”

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