BOOK REVIEW \ “A NOITE DO ORÁCULO”, PAUL AUSTER

Admito em praça pública: há vezes em que quando pego um livro emprestado da casa de um familiar, raramente o devolvo. Quando fiz uma vistoria pela minha estante, encontrei uns achados e, de consciência pesada, coloquei-os de parte para devolver aos donos. No meio de tantos, ainda sobrou um, aquele que vos trago hoje. Levei uns bons meses para o explorar e ainda bem: no momento em que o decidi ler, soube-me por todo o stress da altura. Embora não tenha um aparato por aí além, “A Noite do Oráculo” é um livro que visa entreter e atiçar alguma curiosidade, pois, nada é mais intrigante quanto um livro que conta acerca de outro livro, sendo tudo produto de uma ficção. 

Diverti-me imenso com esta história e confesso que a terminei um tanto desapontada, porque esperava terminá-la com o coração nas mãos. Não foi desta vez! “A Noite do Oráculo” conta a história de Sidney Orr, um escritor que esteve hospitalizado por muitos meses, levando os próprios médicos a acreditar que ele jamais sobreviveria. Quando despertou do coma e regressou a casa, fazia parte da sua rotina dar umas voltas ao quarteirão e praticar a sua vida normal, até que, num dia, ele se depara com uma papelaria pequena e onde compra um caderno azul português, muito especial. 

Esse mesmo caderno é o que o leva a escrevinhar como há muito não fazia, transpondo para a vida real situações bastante estranhas e que levam a que a personagem principal se questione a respeito da sua sanidade. Comparando com outros dois livros que tratam de livros, tais como “A sombra do Vento“, de Carlos Ruiz Zafón, ou “Se numa noite de inverno um viajante”, de Italo Calvino – e sobre o qual nunca cheguei a falar no blogue -, em “A Noite do Oráculo”, Paul Auster soube bem como entrelaçar as nuances da vida fictícia e aquela que a personagem ia criando, levando-me a crer que fazia tudo parte do mesmo plano, de tão bem trabalhado que estava. 

Apesar de não me ter impressionado a cem porcento, não posso negar o talento deste escritor norte-americano, cuja escrita é simples e límpida, não deixando espaço para ambiguidades. Certa de que me calhou ler “A Noite do Oráculo” por alguma razão, terei o cuidado de reservar mais algumas horas para explorar as restantes obras de Paul Auster e construir outras opiniões. Não obstante, e tendo em conta de que cada pessoa é uma pessoa, não deixo de aconselhar a leitura desta obra, pois, poderá agradar mais pessoas do que possamos julgar!

Conheciam este livro, ou mesmo o autor? Se sim, que obras aconselham? ♥