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O ESPÍRITO DE NATAL MORREU?

24 de Dezembro, 2018
NATAL

Sempre fui miúda de incorporar o espírito natalício e de o vivenciar ao extremo. Assim que meio de Novembro me saudasse, lá sorria eu com a aproximação de Dezembro, com a exactidão do toque da atmosfera que tão bem caracteriza esta época…. Desde os odores às tonalidades, desde as músicas e à reavivação das memórias passadas, tudo isto me movia em direção ao Natal e às surpresas que ele guardava. Porém, de há uns três anos para cá, isso tem mudado. Não sei se pela idade, se pela minha visão de mundo, se pelas outras tarefas que também têm de ser feitas, ou mesmo se pelos acontecimentos recentes…. O Natal ainda não morreu para mim, porém, a sua chama nunca esteve tão baixa como agora. 
De todos os objetos que se encontram à minha volta, sejam eles físicos ou emocionais, nenhum se me parece a lenha perfeita para alimentar este fogo que, outrora, me queimava por dentro. Digamos que estou demasiado apática, daí não me ter dado ao trabalho planear as famosas publicações de Natal que vão desde as wishlists às retrospetivas. Estou sem fôlego para isso e, muito honestamente, nunca concordei tanto com a afirmação de que o Natal é todos os dias. De facto, o é: fui presenteada por todos os cantos pela vida, reaprendi a amar o próximo, aprendi a me amar, descobri que estar em silêncio é uma das atividades mais produtivas a longo-prazo, conheci sítios novos, organizei a minha cabeça e tenho vindo a tentar organizar o meu mundo exterior. O Natal, no meio de tudo isto, representa um micro-organismo, uma pequena célula que há muito perdeu o seu protagonismo, exatamente porque me dei conta de que Dezembro só era entusiasmante para mim porque o resto do ano era águas paradas. 
A partir do momento em que a minha vida passou a representar uma afluência de acontecimentos, toda esta minha perspectiva mudou. Todos os meus conceitos se alteraram, toda eu se transfigurou. Se me tornei numa Grinch? Nada disso, simplesmente já sei gerir o meu entusiasmo e distribuí-lo por todas as partes da minha vida. Ainda me deixo contagiar pelo entusiasmo dos que me rodeiam, ainda gosto de dar “as prendas e os postais de Natal”, ainda gosto de ler e ver conteúdo relacionado com esta época festiva… Nesse aspeto, nada mudou, o que parece ter se alterado foi apenas a minha pré-disposição para com tudo o que envolve o Natal. Não deixa de ser um dia como os outros, porém, também nunca perderá a sua essência. Tudo depende do que vem para trás e da nossa vontade de nos deixarmos, ou não, afetar por isso. De qualquer das maneiras, não poderia terminar este pequeno desabafo sem vos desejar um feliz Natal e que aproveitem, não apenas, os bens materiais. Valorizem as pessoas, aqueles que se lembraram de vos desejar um dia feliz, aqueles que estiveram convosco o ano inteiro, valorizem-se! Comam, bebam, dancem, celebrem tudo o que há para celebrar e não se deixem envergar de arrependimentos! Façam valer a pena, sempre! ♥

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