Errar é o que nos oferece alguma soberania sobre os nossos piores pensamentos, aprendendo a governá-los com o tempo, amenizando a nossa postura rígida e adoptando uma mais empática, tolerante e, quem sabe, compreensiva a um ponto extremo. Errar é o que nos impulsiona a desejar mais de experiências novas, sentimentos frescos e muita à vontade para pedirmos perdão pelos nossos erros. Errar, para além de integrar na nossa composição genética, é o que nos ensina a viver melhor e com mais qualidade. Passamos a compreender que, por existir um ponto de saturação, as nossas atitudes se devem manifestar de outra maneira, pois, para além de nos prejudicarem a nós, são capazes de contaminar os corações dos demais, convertendo-os em partículas do passado e isso dói, dói tanto quanto um corte inesperado na pele, quanto um peso que se nos cai nos pés sem darmos por isso.
Errar é um processo de vivência que trás consigo um aglomerado de aprendizagens e lições e que, de uma maneira ou de outra, nos tornam a pessoa que somos. Saber errar e reconhecer tal ato como um caminho necessário é um jogo cujas regras desconhecemos, daí o seu fascinante itinerário, a sua beleza natural. Nós, inconscientemente, apreciamos o ato de errar, pois, nunca sabemos quando de facto o fazemos. É algo nosso, um objeto de estimação, ou, se preferirem, um impulso de estimação. Nós sucumbimos ao erro porque nos julgamos certos e donos daquela verdade, quando na realidade apenas somos estamos cegos pelo produto da razão que nos acompanha diariamente.
Errar é uma espécie de tabu e ao qual rotularam como algo de muito errado, apesar de certos erros serem, conforme os factos, gestos genuínos e que com o tempo se demonstram o contrário. Há quem erre propositadamente, há quem empregue esta voz com duras e obscenas intenções, contudo, nem sempre é assim. Errar é tão intrínseco quanto o ato de respirar e, cada vez mais, temos vindo a ter medo de o fazer porque poderemos ser julgados, ridicularizados, postos de parte como autênticas aberrações… E isso é triste e ainda mais desumano do que o ato de errar naturalmente.
Errar por errar é uma burrice, mas errar por nos julgarmos apaixonados, seja por alguém ou pela vida, não deveria carregar em si um significado tão promíscuo… Errar é o que nos abre a mente para a possibilidade de descartar todas as ferramentas que uma vida contemporânea nos pode oferecer, em prol de viagens que consequentemente nos limparão a alma. Errar faz com que saibamos olhar para os acontecimentos de uma outra perspetiva e, só quem sabe o que é errar, é que compreenderá o peso que tal ato pode ter na vida de cada um.
texto inspirado neste vídeo da JoutJout
2 Comments
Tulipa Negra
14 de Outubro, 2018 at 10:42Adorei o texto. Realmente, como diz um texto, "errar é uma espécie de tabu", especialmente numa sociedade que exige constantemente a perfeição alheia e pouco trabalho na melhoria própria. Cada vez tento ter um bocadinho menos medo de errar porque, sinceramente, esse medo já me afastou de muitas coisas.
Cherry
17 de Outubro, 2018 at 9:58Concordo contigo, errar é uma espécie de tabu para muitos, está associado a negatividade, fracasso e a burrice.
Eu considero que errar é sempre uma experiência positiva. A não ser que erremos de propósito, por tolice, errar é aquilo que nos permite crescer e aprender. É isto que eu tento sempre ter em mente quando a insegurança ataca. Sou uma pessoa muito perfeccionista e sofro muito quando cometo erros.
Beijinhos
Blog: Life of Cherry
PS: Estou viciada nos vídeos dessa youtuber graças a ti.