Sinto-me em casa quando estou nos braços daqueles que amo. Desde os meus pais até aos meus amigos que, com o passar do tempo, se têm vindo a tornar em irmãos. Sinto-me em casa no lar que os meus pais tanto tiveram o cuidado de escolher na hora de a comprarem, e que me viu crescer, chorar, sorrir, dançar e gritar, em vinte anos de vida. Sinto-me em casa de todas as vezes em que me sento para ler um livro, me debruço no parapeito da janela para observar o pôr-do-sol, me deito para ouvir uma música ou me predisponho para fazer mais um chá do dia. Não há momento mais aprazível do que aquecer as mãos numa chávena fumegante, enquanto observo a paisagem, sinto os odores do anoitecer e fecho os olhos para recordar. Sinto-me em casa de todas as vezes em que me recordo do porquê de tanto querer o bem para o meu corpo, trabalhando-o através do exercício físico, da boa alimentação ou da meditação. Escrever e reler-me nos meus textos é também um ótimo conceito de “casa”.
É nas minhas palavras que também me vejo amadurecer e torna-se indescritível aperceber-me do quão à vontade é que me tenho vindo a sentir nesta prática. É engraçado estar a abordar este tema para o “1+3”, pois, estou no terceiro ano do curso de Arquitetura e o tema que estamos a trabalhar é o da “Habitação”. “Habitação” e “Casa” são dois conceitos distintos, mas com grandes potenciais para se completarem. Enquanto que um, do meu ponto de vista, converge para uma situação mais física e palpável, o outro são as emoções volúveis e que aplicamos através das nossas ações no espaço em que nos inserimos. Daí este tema me ter feito sorrir e cogitar, em simultâneo. Sinto-me em casa e acolhida em todas as minhas ações, em todos os meus desejos, em todas as minhas ansiedades. Não importa quantas vezes eu tenha de me mudar, porque enquanto eu carregar estas sensações no meu interior, “casa” é o que não me faltará para, também, oferecer àqueles que se disponibilizarem para a receber!
Publicação inserida no projeto da Carolina Nelas, “1+3”
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