Sem qualquer sombra de dúvida, manter o meu cabelo natural e viver toda a experiência da transição capilar. Há coisa de cinco anos, desafiei-me a deixar de usar produtos alisantes de vez. Mas fracassei quando, no dia de um espetáculo de dança, não me vi com outra opção que não a de alisar o cabelo. Sempre que penso no assunto, chego à conclusão de que a idade com que decidi deixar os alisantes não foi a melhor. Eu mal tinha noção do potencial dos cuidados que eu haveria de ter com o meu cabelo natural.
Para dizer a verdade, eu nunca me deveria ter metido nessa vida, para começar.
Julgo que com os acontecimentos recentes, e tendo em conta que mais negras dão a cara pelo seu cabelo crespo natural, acredito que já muita gente esteja familiarizada com o porquê de nós fazermos tanta pressão para nos alisarem o cabelo, ainda tão jovens. A falta de representatividade, de mãos dadas com a falta de informação, foram dois dos muitos fatores que me convenceram a querer também despachar o afro que tanto custava a pentear.
Apesar de ter batido o pé em contradição, a minha mãe acabou por ceder não só à minha insistência de miúda quanto à pressão de outros familiares. Passados nove anos, contando até ao ano passado, percebo bem a sua relutância. Ao longo deste ano, tenho me informado bastante acerca de tratamentos naturais e quais os métodos a adotar, de forma a garantir um couro cabeludo saudável e, consequentemente, uma juba de eleição.
A minha mãe também anda numa de produzir máscaras naturais e que têm dado bastante resultado não só em termos de hidratação, como também para a força dos fios capilares.
Ao fim de um ano, posso afirmar que a idade também ajuda nesta coisa de ter maturidade para certas coisas…. Aos quinze, jamais me passaria pela cabeça ter a paciência que tenho hoje para pentear o cabelo, colocar-lhe o creme adequado – porque isto também influencia no resultado final! -, e aturá-lo nos seus dias não. Pode parecer trivial para grande parte das pessoas, mas manter o cabelo africano saudável não é propriamente fácil, nem tão pouco…. De outro mundo.
Exetuando os olhares curiosos e a textura diferente, tratá-lo requer os mesmos requisitos do que outros tipos de cabelo. Precisamos de o lavar, hidratar, pentear…. Talvez a única diferença esteja no facto de o podermos modificar conforme as nossas vontades, pois, a sua composição assim o permite. Desde tranças a extensões, tudo é possível por estas bandas! Daí ter decidido, pela segunda vez na vida, cortá-lo sem dó nem piedade. Após um ano, não me arrependo nada!
Publicação inserida no projeto da Carolina Nelas, “1+3”
1 Comment
A Importância de Ter Deixado de Utilizar Alisantes | imperium blog
3 de Abril, 2021 at 20:24[…] como agora. Até aos dez, essa função cabia à minha mãe. A partir daí, e como vos contei nesta publicação do 1+3, eu fui vivendo com base na utilização de produtos alisantes, de maneira a encontrar um conforto […]